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Enzo Martins

Dormi ontem na casa da Cecília e fomos juntos pra faculdade.

Não quero nem pensar em encontrar minha mãe de novo quando eu voltar pra casa.

E sinceramente... espero que o meu pai me explique direitinho essa história.

Tá tudo muito confuso, não sei nem o que pensar. Mas alguma coisa aconteceu... e das grandes.

    Meu pai nunca tocou no nome da minha mãe durante esses cinco anos que ela foi embora.

    O que me deixa mais puto é ela sumir sem dar explicação e logo depois enviar o divórcio.

Eu merecia mais do que isso, merecia uma mãe que tivesse o mínimo de consideração pelo filho.

Mas enfim... O que tá feito, tá feito. Ficar se lamentando não vai mudar o que aconteceu.

Estacionei o carro e descemos. Como ainda estávamos no horário, fomos pra lanchonete.

— Lembra de quando você bateu no meu carro quando nos conhecemos? - Perguntei pra Cecília, entrelaçando nossas mãos.

— Como esquecer o inesquecível? - Devolveu a pergunta e rimos — Fiquei muito brava quando você me chamou de loira burra.

— Caralho, eu tinha esquecido disso. - Falei gargalhando.

— Que ódio. - Ela soltou minha mão e bateu no meu braço.

— Foi muito sem querer, amor. - Falei abraçando ela por trás — Quando eu fui me dar conta, já tinha saído.

— Palhaço. - Ela falou tentando meter pose de brava e eu beijei o pescoço dela — Olha ali, Guilherme e Jade sentados com o Felipe e a Amanda.

— Acho que to vendo errado, não é possível. - Falei sem acreditar — É agora que o Guilherme taca a mesa no Felipe?

— Amor. - A Cecília gritou rindo do que eu falei, me empurrando — Para de ficar incentivando briga.

— Não to incentivando, só acho que o Guilherme vai dar uma surra no Felipe. - Fui sincero — E pra ser mais sincero ainda, Felipe não é de apanhar viu.

— Vai me falar que o engraçadinho do Felipe, que não sabe matar uma mosca, sabe bater em alguém? - Cecília perguntou irônica.

— Sim. - Respondi — Ele desce o murro, já vi ele brigar uma vez.

— Por que o Felipe desceu o murro em alguém? - A Cecília perguntou com os olhos arregalados.

— Isso é história pra outra hora, gatinha. - Respondi beijando a cabeça dela — Felipe me mataria se eu te contasse.

— Agora você vai contar. - Ela falou parando na minha frente, me impedindo de andar.

— Não vou não. - Respondi e ela ficou um tempo esperando eu contar.

Quando ela viu que eu realmente não ia falar nada, desistiu e foi até a mesa deles.

— Tratado de paz? - Cecília perguntou pros quatro, sentando com eles.

— Bandeira branca? - Perguntei em seguida, sentando também.

— É... - Guilherme respondeu meio contrariado.

— Digamos que a sua namorada soube convencer o Guilherme. - A Jade disse um pouco debochada, me fazendo estranhar a maneira que ela falou — A Cecília sabe lidar com o Guilherme melhor do que ninguém.

Subiu uma pequena onda de raiva do que a Jade tava falando e da forma que ela tava falando, mas me controlei pra não demonstrar.

— Eu sei lidar com todo mundo, faço Psicologia. - Cecília respondeu a Jade, cortando o assunto.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora