céu ou inferno

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O olhar fala tanta coisa. E tem momentos, que palavras são insignificantes. O olhar com alegria, o olhar com tristeza olhar que perdoa, e o que recrimina, o olhar que deseja, e o que despreza. Simplesmente o olhar.

O olhar deles não só falava, como berrava também.

— Não me olha agora com esse olhar. Não seja cruel a esse ponto comigo, Nero. Eu sei que você não tem nada de bom dentro de você, mas tenha pelo menos a mísera capacidade de ser transparente. – ela sentiu um alívio descomunal ao liberar as palavras de uma vez.

Ele engoliu seco, não esperava por essa. Umedeceu seus lábios e encarou o chão com desgosto, seu corpo travava uma batalha nada silenciosa.

— Olha pra nós. Olha o que nos tornamos.

— E de quem é a culpa? – ele a encarou friamente.

Giovanna não desviou o olhar, jamais abaixaria a cabeça pra ele. Já estava desconfiada que a única razão para ele estar daquela forma seria saber da verdade.

Não tinha medo da morte, já estava morta por dentro.

— Minha. É toda minha. – ela apontou para o próprio peito. — Quando você insiste em querer uma coisa que claramente não é pra você, a culpa se torna totalmente sua. Você se torna a única responsável. Você nunca foi meu.

Alexandre soltou uma risada forçadamente. Andou uns passos até ficar bem perto dela, perto o bastante para se inebriar no cheiro que exalava da pele dela.

— Para de abrir essa boca pra falar merda, Giovanna. Fui seu desde o primeiro dia. Assumidamente seu, fui feito de otario todo esse tempo e mesmo depois de ficar sabendo de tudo não consegui fazer nada com você.

Era a primeira vez que conversavam sobre a situação, e mesmo que sem dizer claramente com as palavras certas ambos sabiam que ali estava acontecendo a conversa.

A tão temida conversa.

— Defina não fazer nada. Acha mesmo que seu desprezo, sua falta de respeito e sua infidelidade não foram nada?

— Você vai mesmo querer falar sobre infidelidade, porra? Você é a merda de uma delegada de polícia. Seu trabalho foi subir aqui e me seduzir feito um babaca.

O tom de voz dele aumentou do mesmo jeito que suas pupilas pretas se dilataram. Ela enxergou a decepção, a incredulidade, a dor de ter sido feito de idiota.

— Me diz que é mentira. Olha aqui nos meus olhos e diz que tudo isso é um puta pesadelo e que você me ama.

Ele tocou o rosto dela trazendo a mulher para mais perto, seu coração automaticamente se acalmou quando sentiu as mãos dela em seu peitoral. Giovanna levantou a cabeça deixando ele enxergar as lágrimas que desciam livres por seu rosto angelical.

— Inferno, Giovanna. Consegue enxergar que acabou comigo? Nem me importo mais de ser preso por você, eu já to preso desde o dia que botei meus olhos em você.

Ela o puxou pela camisa tomando sua boca em um beijo, um beijo que eles não trocavam fazia tempo. Alexandre mais uma vez foi fraco e não conseguiu se afastar porque o beijo dela era como o ar que ele respirava.

criminal | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora