Corações Aflitos

Capítulo 1

Não existe nada como a sensação de se sentar na grama, ouvindo uma boa música e ver o sol se por. E era exatamente isso que eu estava fazendo naquele momento.

Sentada na beira de um lago com águas cristalinas que ficava bem afastado da cidade, eu me deliciava com os últimos resquícios dos feixes solares daquele dia e o calor – não apenas físico, mas emocional também – que aquele momento me proporcionava.

Porém, aquela paz interna que banhava todo o meu corpo tinha um fim, sempre. Era quase doloroso sair daquele lugar e voltar ao carro, apenas para dirigir alguns quilômetros até o meu apartamento e jantar novamente sozinha. Mas essa era a minha vida, por mais inconformada que eu estivesse com ela.

 A verdade é que, quando saí do interior de Goiás para a capital do estado, Goiânia, não imaginava que tudo seria tão difícil. Não me adaptei fácil. Havia tomado a decisão de mudança para fazer o curso de jornalismo na UFG, mas até hoje sofria com a decisão.

Todo esse sofrimento teve como grande causador a minha carência extrema. Eu era uma pessoa que precisava de atenção constantemente e não gostava – de jeito nenhum – de ficar sozinha. Por isso, decidi dividir um apartamento com uma colega de curso, o que se mostrou uma péssima ideia. Júlia, a tal garota, achava que eu tinha que cozinhar, limpar a casa, arrumar a cama, lavar as louças, lavar as roupas, pagar as contas e tudo o mais. Sem nenhum pingo de colaboração! Um mês depois, eu já estava me mudando para outro apartamento. Era um pouco mais longe da universidade, mas com certeza valia a pena.

Contudo, os meses foram se passando e eu estava cada vez mais solitária. Eu tinha vários amigos na universidade, mas eles não moravam comigo e, quando eu voltava para casa, me sentia extremamente sozinha. Não me importava de fazer as atividades domésticas, porque elas me acalmavam e não deixavam que as minhas lágrimas de amargura rolassem pelo meu rosto. Eu adentrava cada vez mais em um mundo triste, monótono e depressivo.

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