Capítulo 33

178 30 8
                                    


ANALU


Eu estava acabada.

Minha maquiagem estava totalmente borrada. Meu rosto estava inchado e marcado pelas lágrimas que vinham em toneladas. Meu cabelo estava todo embolado. E a minha cabeça doía tanto que eu mal conseguia respirar.

Como que Luís podia ter feito uma coisa dessas? Desconfiar de mim? Que motivo ele tinha para fazer isso? Eu nunca tinha feito nada que pudesse fazer ele desconfiar da minha palavra e, mesmo assim, bastou que ele vesse uma mensagem do Pedro no meu facebook para que ele jogasse todos os nossos meses de namoro para o ar!

E eu? Como eu me sentia com tudo isso? Uma idiota. Uma idiota por amar tanto uma pessoa que não tinha a mínima confiança em mim e, provavelmente, não me amava. Uma idiota por gastar tantos meses da minha vida em algo inútil. Uma idiota por estar chorando por tudo isso. Simplesmente a maior idiota do mundo!

Mas aquilo provavelmente havia sido para o melhor. Quero dizer, se Luís não me amava e nem ao menos confiava em mim, terminar era mesmo a solução mais racional. Meu coração estava despedaçado, meu corpo já sentia a abstinência dele, mas eu tinha que ser forte, não sofreria por um amor não correspondido.

Contudo, existia uma parte da minha mente - bem grande, por sinal - que não gostava muito da racionalidade. Toda vez que eu pensava nele, por mais rápido que fosse, uma sensação horrível percorria todo o meu corpo. Meu estômago parecia que iria sair pela boca e, não obstante com o sentimento de um coração totalmente partido, eu já começava a me sentir sozinha e totalmente carente.

Eu realmente era patética.

O pior na verdade não era nem esse misto de emoções que me abalava e me enfraquecia, mas o fato de que minha mãe estava deitada no sofá da sala dormindo por horas e eu já começava a ficar mais preocupada do que estava.

Meu pai chegaria daqui uma hora, mais ou menos, já que eu havia ligado para ele pouco antes de ir almoçar com... Luís. Mais lágrimas desceram quando eu pensei nele.

Não!

Eu tinha que ser forte. Pela minha mãe. E por mim. Eu não podia desabar, eu tinha que lavar o rosto e sair daquele banheiro como se nada tivesse acontecido.

Mas é claro que eu não dei conta. Assim que eu vi minha mãe ainda dormindo naquele sofá, eu encostei na parede da sala e fui me encolhendo em posição fetal, até que eu estivesse totalmente imersa em soluços cada vez mais fortes.

- Analu, pare de chorar, pelo amor de Deus - Minha mãe disse, enquanto abria os olhos inchados. - Nossa, eu estou com uma dor de cabeça...

- Mãe? - Eu não sabia se eu corria para chorar no seu ombro ou seu eu começava uma briga com ela por tudo o que havia acontecido ontem à noite.

- O que aconteceu, Analu? Por que tantas lágrimas no seu rosto? Ai, meu Deus! - Percebi o exato momento em que ela se lembrou de ontem. - Eu... eu, Analu, você não pode falar para o seu pai, ele vai ficar tão preocupado! Ah, não. Por que eu fui comprar aquelas maldições? Me desculpe, filha, eu não... eu perdi o controle. Mas não conte para o seu pai, tudo bem? Me promete, por favor?

- Eu já contei.

- Não - Ela disse tentando cobrir seu rosto com as mãos. - Ele não merece. Não de novo!

- De novo? - Eu perguntei, perplexa.

- Eu... quero dizer, teve outras... talvez uma vez que eu...

- Outras? Quem é você?? Porque com certeza você não é a minha mãe! - Eu gritei, rapidamente me levantando do lugar no chão onde eu estava encolhida há meio minuto atrás. - Eu quero entender o que está acontecendo aqui, porque a mãe que eu conheço é tão super protetora que me fez perder diversas festas porque existia a possibilidade de ter droga nesses lugares! Minha mãe nunca, nunquinha usaria droga! E muito menos chegaria na minha casa totalmente drogada!

- Filha, por favor, você precisa entender. Eu não estava muito bem ontem, aconteceu uma coisa e... Você não entenderia.

- Pode ir me contando.

- Você não entenderia, Analu. - Ela me implorava com os olhos para que eu entendesse e não perguntasse mais. Mas eu não iria simplesmente aceitar aquilo tudo.

- Me explique! Eu exijo saber o motivo tão importante que fez da minha mãe uma viciada em drogas.

- Eu não sou uma viciada... e, sinto muito, mas eu não posso...

- Eu não posso o quê?! Eu só quero te ajudar, mãe! Se meu pai te machucou ou te...

- Traiu? - Ela completou, com pesar nos olhos, desviando o olhar. - Ele nunca faria uma coisa dessas comigo. Mas eu não posso te contar, Analu. Eu só... não posso.

Eu olhei para o seu rosto amargurado, com muitas lágrimas e com uma expressão de arrependimento estampada. Então, eu entendi.

Não era o meu pai que havia traído minha mãe. Era o contrário! Minha mãe estava tendo um caso, então ela decidiu se drogar para esquecer como ela estava acabando com a família e não queria que eu chamasse meu pai para que ele não descobrisse tudo também.

- Você o traiu, não foi? - Minha voz estava carregada de uma raiva tão grande e poderosa que meu rosto começou a ficar vermelho.

- Eu... - Ela fechou os olhos. - Eu não vou mentir para você. Eu já traí o seu pai em um momento de desespero, sim. Mas foi um erro e foi há muito tempo.

Eu ri ironicamente do que ela havia falado.

- O que você quer dizer é que você traiu meu pai e que agora decidiu traí-lo novamente.

- Não, eu não...

- Me poupe das suas desculpas, mãe! Eu não quero ouvir nada disso! E meu pai vai chegar daqui a pouco e você vai contar a ele tudo o que você fez e está fazendo!

Saí do meu apartamento para dar uma volta nas redondezas. Dar uma aliviada em toda a raiva que meu corpo emanava.

Raiva por minha mãe se drogar, por ela trair meu pai, por Luís não me amar e pelo nosso término.

Sentei em um banco que tinha em uma praça perto ao meu apartamento e me perguntei mentalmente: " O que diabos está acontecendo com a minha vida?".  


~~~~~~

Boa noite de sábado para todos vocês! Mais um capítulo no ar rsrs

Não se esqueçam de comentar e votar... Quero saber a opinião de vocês sobre a história e o rumo que está tomando!

Corações AflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora