Corações Aflitos

Capítulo 10

Eu era uma idiota! Por que eu havia aceitado sair com ele?! Agora eu estava igual a uma louca procurando a roupa perfeita.

Saia rodada e uma blusinha sem estampa? Ou seria melhor o vestido floral rosa? Ou talvez a melhor opção mesmo seria ir de calça jeans rasgada, um visual mais despojado. Não, não. Com certeza o vestido seria melhor. Ai, meu Deus! Quem se importa? Eu iria com o vestido mesmo! Se ele não gostasse era problema dele!

Coloquei uma sapatilha preta – eu não colocaria saltos-altos naquele momento nem que me implorassem. Pensei em fazer um coque, mas coques não combinavam com o formato mais alongado do meu rosto. Por fim, peguei meus cabelos dourados e simplesmente os alisei. Fiz uma maquiagem mais simples, mas que destacava a cor azulada dos meus olhos. Eu havia gostado do resultado final.

Espero que ele goste, pensei. Me reprendi logo depois. Seria apenas um encontro com um cara qualquer, não é?

- Não minta para si mesma, Analu – Disse em voz alta.

Eu sabia que eu gostava dele. Eu sabia que ele mexia com os meus pensamentos, me deixava nervosa. Mas todas aquelas sensações me davam medo. Eu não queria confiar em outro homem de novo. Eu não podia, certo? Ou eu apenas estava com medo de me magoar?

Quando a campainha tocou eu estava perdida em meus pensamentos.

- Você está linda – Foi a primeira coisa que Luís disse. – Espero que você goste muito de comida italiana.

- Você vai acabar descobrindo que eu como quase qualquer coisa. Eu sou uma comilona por natureza.

Ele riu e, quando já estávamos perto do seu carro estilizado, ele abriu a porta do passageiro para mim.

- Obrigada – Eu entrei dentro do carro. – Por que você estilizou seu carro assim? Quero dizer, quando você quiser vendê-lo vai ser bem mais difícil, não é?

- Sim, provavelmente. Mas esse carro é único. Toda vez que eu passo em algum lugar, as pessoas que me conhecem sabem que sou eu. Depois que ele foi estilizado, ele deixou de ser um carro qualquer.

- Teoria interessante.

- É a verdade. A mesma coisa acontece com as pessoas. A maioria dos homens e mulheres simplesmente passam pela vida. Eles seguem os parâmetros estipulados pelos pais. Então eles crescem, estudam para trabalhar, se casam, têm dois filhos e envelhecem. É a ideia de uma vida perfeita, mas uma vida qualquer. Existem outros que preferem não seguir o padrão. Eles se arriscam e mostram à sociedade quem eles são de verdade. Essas pessoas são únicas, são estilizadas, como esse carro.

- Mas você não parece o tipo de pessoa "estilizada". Quero dizer, não me leve a mal, mas você parece pertencer ao padrão. Você estudou, está cursando engenharia civil, provavelmente vai se casar e ter dois filhos. Você está dentro dos parâmetros, assim como eu.

- Sim, eu agora pertenço ao padrão. Mas eu não fui sempre assim, antes eu era o estilizado, o fora dos parâmetros, sabe?

Eu não concordei. Fiquei apenas o encarando enquanto pensava em um Luís diferente e, é claro, no que teria acontecido para que ele mudasse tão radicalmente.

- O que aconteceu? – Tomei coragem para perguntar – Não é a primeira vez que você me fala isso. Você me disse que havia deixado de ser todo rockeiro porque algumas coisas na sua vida tinham mudado. O que aconteceu? Você pode me contar se quiser... – Eu não podia evitar, minha curiosidade era extremamente aguçada e, naquele momento, ela estava sendo atiçada.