Capítulo 17

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Eu estava na minha cidade natal, deitada na minha antiga cama e não sabia exatamente o que fazer.

Beatriz não se considerava mais minha amiga e eu havia reatado minha amizade com Vítor – apesar de ainda ter um pouco de raiva dele – e Lídia basicamente fugia toda vez que o seu ex-namorado aparecia na sua frente. As únicas coisas estáveis no momento eram as minhas notas na faculdade que, ainda bem, estavam ótimas, e o Luís.

Eu admitia que tinha deixado de lado Beatriz nos últimos dias por causa da gravidez de Lídia, mas isso não queria dizer que eu não considerava ela mais como amiga. Eu até tentei convencer ela a vir para Jataí comigo, mas Bia nem sequer respondeu minha mensagem.

Deitada naquela cama com edredom de florzinhas vermelhas, tive uma ideia. Iria ligar para o Vinícius e pedir para que ele me chamasse para sair com os dois, porque, mesmo não gostando de segurar vela, eu queria muito recuperar a amizade de Beatriz. Mas a ligação acabou sendo uma perda de tempo, uma vez que Vinícius disse que ela estava muito magoada comigo e que ele não queria entrar no meio da briga.

Tinha outra opção que eu ainda não havia pensado: Lídia. Eu poderia ligar para ela e pedir que ela convidasse Beatriz para ir em algum lugar e – claro – Lídia teria que me chamar também, fato que Bia só iria descobrir depois que nós três estivéssemos "reunidas".

- Ana, não sei não... A Beatriz está com muita raiva de você e eu sei que tudo isso é culpa minha, mas eu não acho que isso ajudaria. – Lídia disse pelo telefone, enquanto eu tentava convencê-la do meu plano.

- Eu acho que é uma chance. Eu só tenho que convencer ela de que eu não a deixei de lado. Você sabe como a Bia é emotiva, ela deve ter visto eu dando cem por cento de atenção para você, deve ter ficado com ciúmes e criou toda uma história. Ela só tem que perceber que todas nós quatro, inclusive a Vanessa que eu nem converso muito, somos amigas. E que vocês todas são minha família, minha família de Goiânia.

Lídia acabou concordando com a ideia. Ela resolveu chamar a Vanessa também, porque as duas eram bem amigas. Bom, parecia que, se meu plano desse certo, tudo voltaria ao normal.

O resto do sábado eu passei junto com os meus pais assistindo pela milésima vez " O Poderoso Chefão", o filme preferido do meu pai. Eu já estava com muita saudade de Luís, mesmo já tendo ligado para ele algumas vezes.

Pouco antes de eu viajar pra Jataí ele me perguntou se eu não queria que ele fosse comigo e eu acabei dizendo a verdade para ele, que eu não queria apressar as coisas e que eu achava que ele ia se sentir meio sufocado se eu pedisse que ele viajasse horas comigo para conhecer meus pais. É claro que ele ficou falando que não se sentia assim e que ele não iria fazer aquilo por simples obrigação, mas mesmo assim, eu resolvi ir sozinha.

Às vezes eu acho que o Luís é bom demais para mim, sério. Quero dizer, é claro que ele tem os problemas do passado dele, mas ele é sempre tão carinhoso, atencioso e sempre está do meu lado quando eu preciso dele. Eu só queria que ele confiasse mais em mim e me contasse sobre as coisas – como o acidente da banda – que pareciam aflingir tanto ele. Mas eu não podia falar muito, já que eu também nunca havia mencionado o que aconteceu entre mim, o Pedro e a Luana.

No domingo, eu decidi sair um pouco e ir até a minha sorveteria preferida da cidade para dar uma refrescada na mente, clarear os pensamentos.

Era umas quatro da tarde quando eu cheguei no local. Parecia estar vazio, com exceção de algumas poucas pessoas que eu não dei muita atenção. Coloquei um pouco de sorvete de chiclete, que eu amava desde criança, sorvete de chocolate com avelã e muita, muita calda de caramelo. Sentei em uma mesa no fundo e comecei a me refrescar com o sabor doce.

Corações AflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora