Capítulo 9

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A música. Ah! A música!

Os médicos ainda não sabem como e por que o poder da música é tão vasto. Podemos estar extremamente deprimidos, mas uma musiquinha sempre ajuda. Assim também ocorre com a dança; ela embala o corpo e a alma em um ritmo natural. Afinal, dançar e ouvir música fazem parte dos primórdios da humanidade e da natureza do ser humano.

Eu não sei se é apenas por isso que eu adoro cantar e dançar, mas fato é que eu adoro as duas coisas. Desde pequena sou acostumada a ouvir música quase que o dia inteiro e isso não mudou quando eu me mudei para Goiânia. Dançar para desestressar também é ótimo.

E era exatamente isso que eu estava fazendo.

Lídia, uma amiga minha, estava na sala do meu apartamento. Ela era namorada do Vítor, outro amigo meu, e, por isso, eu quase nunca conseguia conversar a sós com ela. Ela sempre estava com o namorado indo pra lá e pra cá, o que fez com que nossa amizade perdesse a força.

Porém, naquele dia, era o aniversário do Vítor e ela queria fazer uma surpresa. Decidimos que iríamos fazer uma festa na minha casa apenas com os amigos mais próximos, uma comemoração mais simples. Tinha três horas que havíamos começado a preparar os docinhos: brigadeiros, cajuzinhos e uma torta de doce de leite. Era onze horas da manhã e já estava quase na hora do almoço. Eu não sei o porquê, talvez tenha sido o cansaço ou a minha mente lotada de pensamentos aleatórios; fato é que depois que terminamos de fazer os docinhos, eu peguei o meu aparelho de som, coloquei em uma rádio famosa – Jovem Pan – e comecei a dançar loucamente.

Lídia era uma garota tímida, não era de falar muita coisa. Mas acho que o meu entusiasmo a contagiou, porque, depois de me encarar como se eu fosse louca, ela se juntou a mim na dança maluca.

Não sei exatamente o que estávamos dançando. Harlem Shake, na boquinha da garrafa ou um funk estilizado? Quem sabe? Ficamos vários minutos aproveitando o momento da dança maluca. Quando parei, estava super cansada e suada. Pelo menos tinha queimado algumas calorias.

- Acho que está na hora do almoço – Eu disse. –Já estamos em ritmo de festa, né? – Ela riu do meu comentário.

- Somos duas loucas. Mas você quer saber? Essa dança maluca me fez bem. Eu me sinto melhor agora.... Não sei.... Como se minhas energias tivessem sido renovadas.

- E como estão as coisas entre você e o Vítor? – Perguntei de repente

- Ah. Estão bem. Quero dizer, nos últimos dias nós estávamos brigando muito, mas agora estamos bem. – Ela fez uma pausa no discurso. – Eu não sei. Às vezes nós discordamos de várias coisas. Por exemplo, sábado passado eu queria ir em um restaurante e ele em outro. Eu sei que é uma coisa boba, mas isso acabou virando uma super discussão sobre como nós somos diferentes e blá blá blá.

- Mas agora vocês estão bem?

- Sim. Nós brigamos, nós discutimos. Mas eu sempre percebo que, apesar das nossas diferenças, ele me faz feliz. É isso o que importa. Sabe, se as pessoas ficarem vendo apenas o lado negativo das coisas, nada vai pra frente. Temos que tentar, temos que nos jogar de cara mesmo. Se nós não arriscamos, nós não descobrimos o novo. A felicidade é algo que é descoberta quando nos arriscamos. Temos que arriscar, mesmo quando achamos que estamos despreparados. Na maioria das vezes, apenas temos medo da vida e, por isso, não vivemos.

Eu não disse nada. Lídia, apesar de tímida, tinha aptidão para a filosofia e para belos discursos. E eu havia acabado de presenciar um.

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Corações AflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora