Capítulo 32

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- Oi - Analu me disse, meio cabisbaixa.

Eu havia combinado de levá-la para almoçar em um restaurante, enquanto sua mãe estava dormindo.

- Como está sua mãe? - Perguntei.

- Não sei... ela está dormindo, eu te disse, né? Eu liguei para o meu pai para saber se tinha acontecido alguma coisa e ele meio que hesitou quando disse "não". Eu estou preocupada, acho que meu pai traiu minha mãe e, por isso, ela tava daquele jeito.

Eu não comentei nada. Não sabia qual era a razão de Irlene ter fumado maconha, mas tinha quase certeza que eu a havia influenciado naquele dia, há três anos.

Decidi que era melhor acabar com aquilo tudo logo, porque eu já estava repensando se o melhor a fazer era terminar tudo mesmo. Mas eu sabia que aquele pensamento era só uma tentativa estúpida do meu lado irracional tentar uma saída mais fácil para que eu não sofresse.

- Eu... eu preciso te falar uma coisa - Eu disse.

- O quê? - Ela perguntou, não dando muita importância.

- Eu... eu... quero. - Respirei fundo. - Eu estou com fome. Vamos pedir a comida?

- Tá. Eu quero o de sempre.

Não consegui. Simplesmente não consegui. Você não vai sair daqui enquanto não falar o que veio aqui dizer para ela, prometi a mim mesmo.

O nosso prato - filé a parmegiana - chegou e parecia delicioso. Mas eu estava meio sem fome e acabei não comendo quase nada.

- O que está aconteceu com você? Você está estranho desde ontem à noite, depois que eu te chamei lá em casa. - Analu disse, entre uma garfada e outra.

- Ah... é que... ver sua mãe daquele jeito me lembrou de algumas coisas do passado.

- Que tipo de coisas?

Fechei os olhos. "Não me pergunte isso, por favor!", pedi mentalmente, mesmo sabendo que era inútil e que ela já havia feito a pergunta.

- Ah, você sabe... Na época da banda tinha uns amigos que usavam drogas e quando eu vi sua mãe, me lembrei deles.

- Hum.

Um silêncio estranho se instalou entre nós e, acho que em uma maneira de quebrar o gelo, Analu anunciou que iria ao banheiro retocar a maquiagem - mesmo estando claro que ela não estava usando nenhum tipo de pó, sombra, ou qualquer uma dessas coisas.

- Não! - Gritei, praticamente desesperado. Ela olhou para mim surpresa. - Eu... preciso conversar uma coisa com você. Agora é sério.

Ela se sentou, acho que percebendo que eu estava meio nervoso, quase cuspindo meu estômago. Tomei coragem, inspirei todo o ar que consegui de uma vez e disse:

- Eu quero terminar.

- Terminar? Terminar o namoro, você quer dizer?! - Eu assenti positivamente. - Mas... por quê?? - Ela estava chocada e pálida, demonstrando uma confusão que tenho certeza que eu também sentiria se estivesse no seu lugar.

Agora era a pior parte. Eu teria que culpar ela, dizer que não confiava em sua palavra, sabendo no meu interior que a verdade era totalmente oposta.

- Eu não acho que você falou toda a verdade sobre o Pedro.

Mentira. Eu sabia que ela estava falando a verdade quando me contou que não queria nada com ele. Mas, mesmo assim, eu fiquei meio abalado com a possibilidade de perdê-la. Afinal, fala sério! Eu era um cara com o passado todo fodido! Eu não a merecia e sabia disso. E agora, com a descoberta de que tinha dormido com Irlene, eu tinha a completa certeza de que Analu ficaria muito melhor sem mim.

- Você está brincando, né? - Ela estava furiosa, exatamente como eu queria que ela ficasse. - Você sabe que eu te amo, Luís e que eu odeio o Pedro com todas as minhas forças! Como você pode... como você tem a audácia? Você não confia em mim??

- Não.

- Inacreditável - Ela gritou e todos ao nosso redor olharam na nossa direção. Analu apontou o dedo na minha cara e começou a gritar. - Eu te apoiei quando você falou aquilo tudo sobre o seu passado! Eu não liguei para o fato de você ter sido praticamente um alcoólatra ou ter ido para a cadeia! Como você pode insinuar uma coisa dessas?? Você sabe que eu não queria que o Pedro tivesse mandado aquela mensagem para mim! E você sabe muito bem que eu não te traí com ele!!

Ela se levantou da cadeira, estava vermelha de raiva. Então pegou a sua bolsa, deu um passo em direção à saída, voltou, olhou dentro dos meus olhos e me disse em um tom de voz incrivelmente baixo:

- Quando perceber que você cometeu o maior erro da sua vida, nem tente mais me ligar ou qualquer coisa assim. Eu não quero nunca mais ver a sua cara, ouviu?

Com fúria até no seu andar, Analu saiu do restaurante e da minha vida. 


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Oi, oi, galera! Como andam o dia de vocês? Espero que bem. Só queria dizer MUITO OBRIGADA PELA LEITURA e pedir que não se esqueçam de votar/comentar/compartilhar a história!! 

Corações AflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora