Eu estava muito feliz. Algumas semanas haviam se passado, as férias de final de ano estavam quase começando e eu e Luís já estávamos completando quatro meses de namoro. Minha amizade com Bia estava normal de novo e a barriga de Lídia não parava de crescer, enquanto que ela mesmo começou a tolerar a presença de Vítor e até aceitou um convite dele para sair em um encontro.
Eu estava relatando a minha semana para o Dr. Rafael na minha consulta semanal, enquanto ele fazia algumas anotações.
- Ana, eu quero te aconselhar a fazer um tratamento que eu acho que irá te ajudar bastante. – Ele disse no final da consulta. – Já tem alguns meses que nós estamos usando a terapia para que você conseguisse tentar melhorar os seus problemas emocionais, mas, depois de refletir sobre tudo o que você me disse, eu acho que a sua situação é um pouco mais profunda. Eu acredito que você deva fazer regressão, porque tenho quase certeza que a sua mente esconde de você algum tipo de trauma que leva a essa carência e a essa depressão que te afligem com tanta força. Se você quiser, semana que vem podemos começar esse outro tratamento que acredito que trará resultados em breve.
- Claro, Dr. Rafael. Mas... eu não acho que eu tenha tido nem um trauma, meus amigos e meus pais sempre foram maravilhosos. Eu não tenho nenhum motivo para ter escondido algum tipo de trauma. Quero dizer, teve aquela vez com o Pedro, mas eu me lembro claramente.
- Os traumas muitas vezes são assim. Sua mente deve ter escondido muito bem a verdade, se essa teoria estiver certa. Mas não poderemos ter certeza de nada se não testarmos, não é mesmo?
Como eu era a última paciente dele, logo que eu saí, o Dr. Rafael – ou simplesmente Rafael fora do consultório – me seguiu para me perguntar onde eu iria querer jantar, porque eu e o Luís havíamos combinado de ir para algum restaurante com ele hoje. Decidi que uma pizzaria seria ótima e em duas horas eu já estava no estacionamento do local, tentando encontrar a mesa em que os dois irmãos tinham escolhido.
- Oi, oi! – Disse aos dois que só perceberam a minha presença depois de uns dois segundos que eu os cumprimentei.
- Já estava achando que você não vinha – Luís me disse, depois de me dar um beijo.
- Eu disse que eu vinha, não disse? Além disso, eu amo pizza.
- Agora só está faltando uma pessoa – Disse Rafael, olhando as horas no seu relógio prateado, depois de também me cumprimentar.
- Quem? – Eu perguntei, curiosa.
Não sabia que outra pessoa iria vir.
- A namorada do Rafael. Ele disse que tem um anúncio para fazer hoje. Acho que vai rolar noivado, em? Tá na cara que a ruiva virou a sua cabeça, Rafael! – Luís disse em tom de brincadeira para o irmão.
Enquanto o Rafael ficava meio sem graça, eu me perguntava se eu conhecia a moça. A não ser que eu estivesse sofrendo algum colapso de memória, eu não me lembrava de que o irmão do Luís tinha uma namorada.
- Ah, tá. Acho que eu não conheço... Qual é o nome dela mesmo?
- Ah... verdade! Você nunca viu ela mesmo. É uma ruiva de olhos verdes, o nome dela é Gabriela. Mas pode chamar ela de Gabi.
Hum. Ruiva de olhos verdes? Por que o jeito que o Luís falou a descrição da garota me pareceu tão... íntima? Decidi não tocar no assunto para não parecer uma ciumenta psicótica.
Poucos minutos depois, uma mulher alta, vinte e poucos anos, entrou na pizzaria. Realmente, ela era ruiva. Seu cabelo volumoso era de um tom de vermelho que deixava qualquer mulher com ciúmes, sem contar nos olhos, grandes e tão verdes que demonstravam que ela conseguiria capturar qualquer homem só com um olhar. Ela era perfeita, dos pés à cabeça. Não consegui identificar nem um centímetro de defeito.
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Corações Aflitos
RomanceAnalu é uma garota extremamente carente. Por já ter sido traída de diversas formas, ela não consegue se imaginar de novo em um romance, mesmo que seja com Luís, um homem extremamente carinhoso e atencioso. Em meio à mágoas do passado e à reaparição...