Capítulo 20

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Eu estava muito feliz. Algumas semanas haviam se passado, as férias de final de ano estavam quase começando e eu e Luís já estávamos completando quatro meses de namoro. Minha amizade com Bia estava normal de novo e a barriga de Lídia não parava de crescer, enquanto que ela mesmo começou a tolerar a presença de Vítor e até aceitou um convite dele para sair em um encontro.

Eu estava relatando a minha semana para o Dr. Rafael na minha consulta semanal, enquanto ele fazia algumas anotações.

- Ana, eu quero te aconselhar a fazer um tratamento que eu acho que irá te ajudar bastante. – Ele disse no final da consulta. – Já tem alguns meses que nós estamos usando a terapia para que você conseguisse tentar melhorar os seus problemas emocionais, mas, depois de refletir sobre tudo o que você me disse, eu acho que a sua situação é um pouco mais profunda. Eu acredito que você deva fazer regressão, porque tenho quase certeza que a sua mente esconde de você algum tipo de trauma que leva a essa carência e a essa depressão que te afligem com tanta força. Se você quiser, semana que vem podemos começar esse outro tratamento que acredito que trará resultados em breve.

- Claro, Dr. Rafael. Mas... eu não acho que eu tenha tido nem um trauma, meus amigos e meus pais sempre foram maravilhosos. Eu não tenho nenhum motivo para ter escondido algum tipo de trauma. Quero dizer, teve aquela vez com o Pedro, mas eu me lembro claramente.

- Os traumas muitas vezes são assim. Sua mente deve ter escondido muito bem a verdade, se essa teoria estiver certa. Mas não poderemos ter certeza de nada se não testarmos, não é mesmo?

Como eu era a última paciente dele, logo que eu saí, o Dr. Rafael – ou simplesmente Rafael fora do consultório – me seguiu para me perguntar onde eu iria querer jantar, porque eu e o Luís havíamos combinado de ir para algum restaurante com ele hoje. Decidi que uma pizzaria seria ótima e em duas horas eu já estava no estacionamento do local, tentando encontrar a mesa em que os dois irmãos tinham escolhido.

- Oi, oi! – Disse aos dois que só perceberam a minha presença depois de uns dois segundos que eu os cumprimentei.

- Já estava achando que você não vinha – Luís me disse, depois de me dar um beijo.

- Eu disse que eu vinha, não disse? Além disso, eu amo pizza.

- Agora só está faltando uma pessoa – Disse Rafael, olhando as horas no seu relógio prateado, depois de também me cumprimentar.

- Quem? – Eu perguntei, curiosa.

Não sabia que outra pessoa iria vir.

- A namorada do Rafael. Ele disse que tem um anúncio para fazer hoje. Acho que vai rolar noivado, em? Tá na cara que a ruiva virou a sua cabeça, Rafael! – Luís disse em tom de brincadeira para o irmão.

Enquanto o Rafael ficava meio sem graça, eu me perguntava se eu conhecia a moça. A não ser que eu estivesse sofrendo algum colapso de memória, eu não me lembrava de que o irmão do Luís tinha uma namorada.

- Ah, tá. Acho que eu não conheço... Qual é o nome dela mesmo?

- Ah... verdade! Você nunca viu ela mesmo. É uma ruiva de olhos verdes, o nome dela é Gabriela. Mas pode chamar ela de Gabi.

Hum. Ruiva de olhos verdes? Por que o jeito que o Luís falou a descrição da garota me pareceu tão... íntima? Decidi não tocar no assunto para não parecer uma ciumenta psicótica.

Poucos minutos depois, uma mulher alta, vinte e poucos anos, entrou na pizzaria. Realmente, ela era ruiva. Seu cabelo volumoso era de um tom de vermelho que deixava qualquer mulher com ciúmes, sem contar nos olhos, grandes e tão verdes que demonstravam que ela conseguiria capturar qualquer homem só com um olhar. Ela era perfeita, dos pés à cabeça. Não consegui identificar nem um centímetro de defeito.

Corações AflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora