Capítulo 38

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Eu estava arrumando minha malas enquanto pensava no que exatamente faria quando chegasse em Jataí. Quero dizer, ontem havia sido meu último dia de aula no ano, Luís não havia ligado nem uma vez para mim - e eu estava super mal por causa disso - e eu ainda não havia conversado com Pedro sobre o que ele havia encontrado na minha antiga casa.

Na verdade, depois da minha conversa com Pedro no restaurante, há quase uma semana atrás, eu havia ido para a casa de Vítor, pois Lídia tinha acabado de chegar de viagem da casa de seus pais e estava destruída, tadinha. Seus pais não aceitaram nem um pouco o fato dela estar grávida e disseram a ela que parariam de pagar suas contas. Então, Vítor, como um bom namorado - graças a Deus!, disse que arranjaria um trabalho para que ele pudesse alugar uma casa para os dois que, em pouco tempo, viriam a ser três, considerando que Lídia iria dar a luz dentro de poucos meses.

Ela ficou um pouco mais calma quando viu que Vítor falava sério e que a mãe dele também propôs ajudar os dois, mas, mesmo assim, Lídia estava muito chateada. Por isso, eu passei o resto do dia em lojas de bebê com ela, comprando roupinhas e brinquedinhos para sua futura filha (ela havia descoberto que era uma menina!).

Eu fingi estar feliz por ela, mas, toda vez que olhava para ela e Vítor juntos, sentia um pouco de inveja. Eu sei, eu sei. Eu não deveria, mas não conseguia controlar. Sentia muitas saudades de Luís e sempre que olhava minhas mensagens no What'sApp tinha que me conter para não conversar com ele. Afinal, por mais idiota que parecesse, eu não havia excluído o seu número do meu celular, na esperança infeliz de que ele me ligasse e pedisse desculpas por tudo o que havia dito.

Bom, mas de qualquer modo, aqui estava eu, em um pleno sábado, arrumando minhas coisas para passar minhas férias de verão na minha cidade natal junto com meus pais. Meus pais. Aqueles que vinham mentindo para mim, pelo que parece, há muito tempo. Sem contar que eu teria que aturar o Pedro, o traidor que estava me ajudando. Não parecia que eu teria dias promissores pela frente, não mesmo.

Coloquei as malas no porta-malas do meu carro e segui viagem rumo à Jataí.

Cheguei na casa dos meus pais por volta das onze da manhã. Eles, como sempre, ficaram super felizes de me ver. Me abraçaram, me encheram de beijos e até me deram um presente, uma pulseira folheada a ouro que tinha escrito o meu nome. Mas eu não consegui ficar alegre, a única coisa que conseguia pensar era que eles me enganaram e ainda estavam me enganando. Nada era mais como antes.

Coloquei minhas roupas e outras coisas que eu havia trazido no armário do meu quarto e mandei uma mensagem para Pedro dizendo que eu estava em Jataí e que precisávamos conversar. Eu sabia que ele tinha vindo aqui procurar pistas porque ele havia me mandado uma mensagem na quarta à noite. "Fui na sua casa hj, precisamos conversar", dizia o texto. Eu respondi: "Ok, qnd chegar em Jataí no final de semana nós nos encontramos".

Menos de dois minutos depois de eu ter mandado a mensagem Pedro me respondeu.

Pedro - Oi! Td bem? Então, onde e quando vc quiser marcar, ok? Minhas aulas tb já acabaram, então estou livre 24h! ;)

Analu - Blz. Vamos nos encontrar naquela sorveteria de sempre, ok? Quatro e meia da tarde hj.

Pedro - Combinado. Até!

Minha mãe serviu o almoço, eu e meus pais conversamos como se nada tivesse acontecido e, quando era 15:45h, eu comecei a me arrumar. Coloquei um vestidinho floral qualquer e fui me encontrar com Pedro. Já estava até um pouco mais acostumada com a ideia de conversar com ele. Não gostava muito, mas me convencia de que era necessário para atingir meus objetivos.

Ele já estava lá quando cheguei - dez minutos adiantada, por sinal.

- Chegou cedo - Comentei. Ele apenas deu um sorriso. Pedro era extremamente pontual e nós dois sabíamos disso.

- Eu trouxe alguns papeis que eu achei na sua casa, mais especificamente em uma gaveta no quarto dos seus pais. - Ele disse, enquanto me entregava um envelope amarelo.

Dentro do envelope tinha algumas receitas médicas. Peguei uma aleatória e vi meu nome escrito. Em uma letra praticamente incompreensível consegui ler algo como "Clomipramina". Não tinha noção do que aquilo significava. Mais algumas indicações de quantas vezes por dia deveria ser tomado estavam em baixo do nome.

- O que é isso? - Perguntei, já com medo da resposta que estava por vir.

- É um antidepressivo. Foi por isso que eu peguei essas receitas, na verdade. Achei que não era nada de mais, até que eu li os medicamentos prescritos. Reconheci os nomes de alguns e decidi pegar todos, para verificar se não estava enganado ou coisa assim. - O pai de Pedro teve depressão alguns anos atrás, então era compreensível que ele conhecesse o nome de alguns desses remédios.

Fiquei assustada. Eu tomava antidepressivos? E, se eu tomei, por que diabos eu não me lembrava de nada??

- Eu... eu não me lembro de nada disso... - Respirei fundo. - Você conseguiu mais alguma coisa?

- Não. Só achei essas receitas mesmo. Tinha algumas fotos nas gavetas e algumas cartas, mas nada que eu tenha achado muito importante .

- De qualquer modo, obrigada, Pedro. Você é um babaca, mas é o único que está me ajudando no momento. - Ele deu um sorriso amarelo. - Não sei o que significam nada dessas coisas, parece que as minhas dúvidas só aumentam.

- Bom, agora que você está aqui em Jataí, você pode tentar descobrir alguma coisa por si mesma. Talvez você tenha mais sucesso do que eu.

Já havíamos terminado de tomarmos nossos sorvetes e, como eu já havia conversado o suficiente com ele por um dia, estava mais do que na hora de eu ir embora.

- É... talvez. Eu acho melhor eu já ir ... - Ele se levantou da cadeira na mesma hora que eu.

- Ok. Qualquer coisa é so me mandar uma mensagem ou me ligar, sério.

- Tudo bem. Tchau.

- Tchau! - Ele disse, chegando mais perto para poder dar um beijo na minha bochecha.

"Opa, muito perto!", foi o que eu pensei quando os seus lábios encontraram minha bochecha. Não quis dar um chilique pelo ato, então simplesmente fui embora.

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Podem me matar! Eu sei que faz uns dias que eu não posto e que vcs n querem ouvir mais uma vez que é por conta da faculdade, mas infelizmente é. Meu curso é muito puxado e no final de semestre o trem fica mais feio ainda kkkk Mas, por favor, por favorzinho, não desistam da história!!! As férias chegam semana que vem e muitas postagens virão!!

Corações AflitosOnde histórias criam vida. Descubra agora