Capítulo 21

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- Me desculpa pela Gabi, ela fica meio... falante quando bebe demais.

- Você quer dizer que ela diz coisas que eu não deveria descobrir?! – Eu disse, com um certo tom de raiva na voz.

- Hum... Você está com ciúmes! – Ele disse sorrindo.

- Não! Eu só... Ah! Não sei! Eu só não quero ficar ouvindo as suas ex-namoradas falando sobre você do jeito que ela falou. Além disso, não que eu me importe, mas você me disse que iria contar sobre tudo da sua vida e eu quero saber sobre ela. Quanto tempo você ficou com essa vagabun... quero dizer, com essa garota?

- Você não tem com o que se preocupar – Ele disse, depois de rir do meu mini ataque de ciúmes. – Ela é só uma amiga para mim. Nós tivemos algo, sim, mas não foi nada sério. Mesmo quando eu a conheci ela era mais uma amiga do que uma namorada. Ela era... como é que dizem hoje em dia? Ah! Lembrei! Ela era a minha amiga colorida. Eu conheci a Gabi há uns três anos, quando eu ainda fazia parte da banda. Mas alguns meses depois que eu conheci ela, a Gabi conheceu o Rafael e foi como ela disse. Ela não gostou muito dele no começo, mas um dia ela foi lá para a nossa casa antiga, que a gente vendeu quando os nossos pais... faleceram, e o Rafael tentou ensinar sinuca para ela. Tenho que ressaltar a palavra "tentou", porque a Gabi é uma das piores jogadoras de sinuca que eu já vi. – Nós dois rimos muito do seu comentário.

Luís estava dentro do meu carro estacionado na pizzaria e, como o Rafael e a Gabriela ainda estavam bêbados e sentados dentro do recinto, eu disse a Luís para chamar um táxi e acompanhá-los para que os dois não fizessem nenhuma besteira. Assim, fui para casa sozinha e pensativa sobre tudo o que havia acontecido.

***

- ... e aí ela começou a falar o quanto o Luís era bom de cama! – Eu disse a Beatriz, que ficou chocada com tudo o que eu falei que a Gabriela havia dito do meu namorado na frente do próprio noivo.

- Que vagabunda! – Bia disse, enquanto almoçávamos em um dos restaurantes do Goiânia Shopping, à espera do começo do filme que íamos assistir no cinema na primeira sessão. – Como que ela fala tudo isso na frente do Rafael?! Ela não tem vergonha na cara, né?

- Só te digo uma coisa: ela é legal e tudo, mas quando bebe, ela conta o possível e o impossível da vida dela. É até engraçado. – Não, eu não achei engraçado quando a Gabriela falou tudo aquilo do Luís, mas não queria que a Bia me achasse uma ciumenta de carteirinha.

Depois do nosso encontro na sorveteria, algumas semanas atrás, eu e a Bia voltamos a nossa amizade ao que era. Mesmo de férias, nos encontrávamos quase todos os dias e visitávamos Lídia que, apesar de ainda não ter contado aos pais que estava grávida – pais esses que já deviam estar estranhando a filha não ir visitá-los há mais de três meses, já tinha comprado um monte de roupinhas e acessórios para o seu bebê.

- E você, Ana? Vai quando levar o seu namorado para Jataí? Já tem quatro meses de namoro, né?

- Sim, quatro meses. Bom... eu estava pensando em levar ele na próxima vez que eu fosse lá. Meus pais não param de perguntar quando eu vou apresentá-lo à família. Eu só fico com medo de... você sabe...

- Sei... O Pedro, né? Você fica com medo de sair para ir em algum lugar em Jataí com o Luís e encontrar o Pedro, né?

- É.

- Eu não acho que iria acontecer nada, Ana. O Pedro sabe que o que ele fez é algo praticamente imperdoável. Na verdade, acho que essa perseguição dele com você vai acabar quando ele te ver com outro homem.

- Não sei, não. Talvez aconteça isso, não sei. Mas a verdade é que da última vez que eu fui para Jataí, minha mãe me disse que o Pedro havia ido três vezes lá em casa nos finais de semana para ver se eu estava em casa.

Na última vez que eu tinha ido para a minha terra natal tinha acontecido exatamente isso: minha mãe me falou que Pedro havia me procurado e ela ainda insistiu para que eu ligasse para ele e pelo menos tentasse conversar com ele e ouvir o que tinha a dizer.

Claro que eu falei que era uma péssima ideia.

- Ah. Mas alguma hora você vai ter que resolver isso, além do que o Luís pode até se sentir meio magoado se você ficar negando que ele conheça os seus pais. Eu acho que você tem mesmo que levar ele na sua próxima viagem. Quando que vai ser?

- Final de semana que vem. É... você está certa mesmo, amanhã eu vou conversar com ele sobre isso.

- Bom mesmo – Bia disse brincando. – Mas, mudando de assunto, a Lídia agora está junta de novo com o Vítor, sabia? – Fiz um sinal negativo de cabeça.

- Que ótima notícia! Agora ele também vai ter que comprar roupinhas de bebê – Nós duas rimos. – Eu pagaria para ver essa cena.

- Verdade, eu também. Ela também disse que vai contar aos pais que está grávida. Ela já está com cinco meses de gestação, já precisa começar a se preocupar em arrumar algum lugar para o bebê ficar quando nascer...

- É, ela precisa comprar berço, carrinho, essas coisas que não dá para esconder nas compras de cartão – Eu disse, pensando no quanto seria difícil para Lídia contar toda a verdade aos pais. – Opa! Recebi uma mensagem. – Falei, já pegando o meu celular que estava vibrando. – Ah. É o Luís, deixa eu ver o que ele escreveu.

Luís – Analu, estou indo para o Hugo (hospital de urgências de Goiás), porque o Rafael e a Gabi sofreram um acidente de carro e estão internados.

Analu – Meu Deus! Foi muito grave?

Luís – Eu não sei, não me disseram nada. Só quando chegar que vão me dizer o que aconteceu.

Analu – Nossa, tomara que não seja nada. Estou indo também, a gente se encontra lá.

Luís – Ok.

- Bia, o Rafael e a noiva dele acabaram de sofrer um acidente de carro! Eles estão internados no HUGO e o Luís já está indo para lá. Eu vou ter que ir. Você quer que eu te dê uma carona para a sua casa antes? – Eu disse a ela, meio anestesiada com a notícia repentina e preocupada com a gravidade da situação.

- Não, não precisa! Vai logo que parece que a situação está crítica. Eu chamo um táxi, pode deixar.

Eu me despedi de Bia e fui logo para o hospital.


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