6. Despertando

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Assim que a cabeça de pasus foi soterrada, ele começou a sentir algo muito estranho envolvendo todo o seu corpo e então, depois de alguns segundos, percebeu que estava suspenso em algum tipo de material gelatinoso, que o impedia de realizar qualquer movimento.

O menino tentou se libertar do material gelatinoso, mas todo o seu esforço era inútil, até que de repente todo o ambiente começou a ficar agitado e então, depois de alguns segundos sendo empurrado, ele percebeu que estava novamente no chão da colina, com o homem misterioso na sua frente.

O garoto viu kedar lhe estender a mão, o convidando a sair do chão, pedido que aceitou, levantando a mão em seguida. Ele ficou esperando o homem pegar a sua mão, mas o sujeito continuou parado, o encarando, como se não estivesse vendo a mão erguida.

Kedar abaixou a mão e então aproximou o ouvido para o nariz de pasus, verificando a respiração dele. O garoto ficou confuso com o comportamento do homem, sem entender o que estava acontecendo e então viu o sujeito colocar as mãos no seu rosto, verificando seus olhos.

- Pode me ouvir? - perguntou Kedar, ainda verificando as pupilas de pasus.

- É claro que eu posso te ouvir, ao contrário de você - respondeu pasus, se irritando com o modo de falar de Kedar.

- Você tem que voltar ao seu corpo - disse Kedar, olhando diretamente nos olhos de pasus.

- Como assim? - perguntou pasus, irritado com a brincadeira e então revirou os olhos - Eu estou no meu corpo.

O garoto, assim que terminou de falar, decidiu que iria embora daquele lugar, para nunca mais se lembrar do rosto daquele homem, mas assim que tentou se levantar, percebeu que suas pernas não se moviam e então tentou mover os braços, confirmando que eles também estavam paralisados.

"Fiquei aleijado", pensou pasus, desesperado pela sua atual situação e então olhou para kedar, "Por que eu dei ouvidos para esse cara estranho".

Pasus começou a ficar agitado, pois não conseguia evitar os pensamentos de não controlar seu próprio corpo e então começou a imaginar que nunca mais a família iria o encontrar. Ele ficou totalmente aterrorizado, pensando que estava em um lugar que ninguém o encontraria.

O garoto estava entrando em um estado de desespero profundo, quando viu kedar tirar algo do bolso, algum tipo de pulseira e então colocar no seu pulso. Ele viu o homem se afastar e então tentou novamente se levantar do chão, mas o seu corpo não demostrou a menor reação.

O menino ficou encarando a pulseira, imaginando o proposito dela e então olhou para kedar, desejando que ele pudesse o ajudar de verdade. Ele se virou novamente para o pulseira, ainda sem acreditar que a única pessoa que poderia o ajudar não fazia nada, além de colocar aquela estupida jóia.

Pasus estava com os olhos fixos na pulseira, quando sentiu um aperto no peito e então experimentou uma enorme dificuldade para respirar, como se o ar não quisesse mais entrar nos seus pulmões. Ele começou sufocar e então fechou os olhos, imaginando que aquela seria a sua morte.

O garoto continuou sentindo a falta de ar nos pulmões, mas, depois de alguns segundos angustiantes, tudo ficou mais calmo. Ele não sabia se estava morto ou vivo, pois não sentia mais nada, somente um enorme cansaço, que o deixava sonolento.

Mesmo tendo a possibilidade de estar morto, pasus ficou curioso com o que aconteceria se tentasse abrir seus olhos, imaginando se eles estariam paralisados e então se obrigou a abrir os olhos, sentindo uma certa resistência no início, mas reuniu forças para uma nova tentativa.

O menino continuou tentando abrir os olhos, mantendo a força de vontade no máximo, esperando realmente conseguir e então, depois de muito esforço, sentiu que os olhos estavam começando a ceder, perdendo a resistência aos poucos.

O garoto abriu lentamente os olhos e então sentiu os pulmões se encherem de ar novamente, recuperando todo o seu folego. Ele não soube quanto tempo levou para conseguir abrir os olhos, mas imaginava que foi um longo período, pois se sentia extremamente cansado.

Pasus olhou para todo o ambiente, enquanto a sua visão recuperava a nitidez e então viu que kedar estava ao seu lado, com um olhar muito preocupado no rosto. O menino tentou se levantar, conseguindo depois de algum tempo, mas isso fez com que algumas lagrimas escorressem pelo seu rosto.

- Porque está chorando? - perguntou Kedar, parecendo realmente preocupado com o garoto.

Pasus abriu a boca, para responder a pergunta de kedar, mas logo percebeu que não conseguia falar, pois mesmo movimentando os lábios, mas era possível ouvir nenhum som sair da sua boca e então balançou a cabeça, esperando que fosse entendido.

- Não consegue falar? – perguntou Kedar, tendo como resposta um aceno afirmativo de pasus e então abriu um sorriso de alivio - Isso é normal, quando o despertar é realizado de forma tão agressiva.

Pasus não entendeu direito a explicação do homem e então tentou novamente falar, abrindo a boca e movimentando os lábios. Ele não tinha muita esperança de pronunciar alguma coisa, mas foi surpreendido com alguns pequenos fragmentos de palavras, que saíram da sua boca.

- O que... quilo...conteceu? - disse pasus, com a voz rouca, mas mantendo a esperança que homem iria entender.

- Era o ritual de iniciação mentti - respondeu Kedar, voltando ao seu tom natural, como se pasus devesse saber tudo.

Pasus ouviu a resposta de kedar, percebendo que não iria receber nenhuma explicação dele e então se virou, encarando o horizonte, imaginando o que poderia acontecer dali para a frente. Ele estava contemplando o horizonte, quando se lembrou do que as vozes tinham lhe mostrado.

- Sentimentos? - perguntou pasus, depois de muito esforço, tanto que voltou a ficar ofegante.

Kedar ouviu a pergunta de pasus, vendo o garoto encolhido e encharcado de suor, demostrando que ainda estava abalado com o que havia acontecido. Ele ficou com o rosto sério e então olhou diretamente para o garoto, como se estivesse analisando a alma dele.

- Depois conversamos, quando a sua voz voltar ao normal - disse Kedar, mantendo uma expressão séria e então desviou o olhar - Agora, você deve descansar.

O homem, assim que terminou a frase, se espreguiçou e deitou na grama, mantendo o olhar preso no céu, contemplando o vazio da noite. Ele tentou relaxar, mas percebeu que pasus continuava olhando fixamente e então concluiu que o garoto continuaria o encarando se não concordasse em responder a pergunta.

- Isso foi revelado durante o procedimento? -Perguntou Kedar, ainda deitado e então recebeu um aceno afirmativo como resposta - Então, essa é a sua habilidade.

Pasus viu kedar fechar os olhos, parecendo ter adormecido e então começou a ficar nervoso, imaginando que não conseguiria fechar os olhos. Ele, em uma tentativa de ficar acordado, começou a pensar em tudo que havia acontecido depois que se encontrou com aquele homem misterioso.

O garoto começou a pensar em como foi transportado para outro lugar, aonde seus reflexos podiam falar com ele e então se lembrou do momento da descoberta da sua "habilidade", assim como de quando foi sugado pelo chão, ficando paralisado no gramado.

O menino conseguiu ficar com a mente fervilhando, cheia de pensamentos diferentes, mas logo começou a sentir um cansaço forte, que dominou rapidamente todo o seu corpo. Ele tentou ficar acordado, mas o seu corpo não conseguiu mais se manter e então seus olhos, aos poucos, se fecharam.

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