33. Mutilados

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- Os diretores decidiram revelar a nossa operação, mas somente neste pátio - disse epif, com o máximo de seriedade possível e então se virou, assobiando alguma coisa, que fez todos parassem trabalhando - As atividades serão encerradas, para evitar acidentes.

- Ficando clara a situação, espero poder responder todas as suas perguntas - continuou epif, com certo alívio, abrindo um sorriso sincero e então apontou para o pátio - Bem vindos visitantes, todo o décimo quinto pátio está a sua disposição.

O homem guiou os visitantes até um grupo de artesões, revelando que assim como ele, varias das outras pessoas também tinham membros mecânicos. A situação era tão exótica que o trio de aprendizes não conseguiu deixar de olhar para cada braço e perna mecânico, percebendo que cada um tinha uma característica pessoal, tanto na cor, como no formato.

- Vocês parecem interessados em nossas próteses - disse epif, percebendo a atenção do trio nos braços e pernas mecânicos.

- Porque quase todo mundo tem esses braços... e essas pernas? - perguntou pasus, olhando para as pessoas mais próximas e então olhou nos olhos do guia - Porque vocês trocariam os membros normais, por esses mecânicos?

- Você é muito curioso... e sincero - disse epif, assim que recebeu a pergunta de pasus, fazendo o garoto ficar vermelho de vergonha, e então abriu um sorriso acolhedor - Não precisa ficar envergonhado, não temos problema nenhum com as pessoas olharem nossas próteses... Até as pessoas que nos questionam sobre isso não nos incomodam.

- Mas respondendo a sua pergunta, esse braço é resultado de um acidente - continuou epif, sério, assustando o garoto, e então olhou para próprio braço mecânico - Nós colocamos as próteses porque os membros originais acabaram sendo destruídos.. O processo de fabricação das naves é muito perigoso.

- Mas como você perdeu o braço? - perguntou gubba, avançando na direção de epif.

- Conseguem ver que todos aqui possuem estas pulseiras de metal? - perguntou epif, apontando para um tira de metal presa no braço normal e então recebeu acenos positivos do trio - Bom, nós as usamos para controlar a fabricação das peças das naves.

- Você poderia fazer um demostração do processo de fabricação? - perguntou pasus, curioso com o que epif estava falando.

- Claro, mas para isso vocês precisam se afastar um pouco - disse epif aos visitantes e depois de confirmar que o grupo se encontrava a uma distância segura, fez uma leve assobio - O processo geralmente não afeta terceiros, mas é melhor prevenir.

- Porque você assobiou? - perguntou pasus, ficando cada vez mais curioso com aquela operação. e então olhou para epif - O outro guia também fez algo parecido.

- É porque fica difícil ouvir outras pessoas durante o processo de fabricação, por isso nos comunicamos com sons mais simples, quando alguém está realizando essa tarefa - respondeu epif, sendo estranhamente didático e assim que terminou de falar, uma pressão enorme invadiu a cabeça dos visitantes, dificultando eles de ouvirem qualquer som.

O grupo continuou com a pressão na cabeça por alguns segundos, enquanto olhavam a boca de epif se mover, mas era realmente impossível de entender qualquer palavra que o guia estivesse falando. Os quatro ouviram um distante assobio e a pressão sumiu.

- Perceberam como é útil se comunicar com assobios? - disse epif, rindo das feições do trio, enquanto se recuperavam e então apontou para uma peça de metal, que surgiu durante o processo de fabricação - Vocês conseguiram ver como funciona o processo?

- Não, a pressão na minha cabeça me distraiu - respondeu gubba, tentando se lembrar como a peça tinha sido formada

- Desculpa, foi minha culpa... não avisei sobre o que aconteceria - disse epif, com um sorriso sarcástico e então assobiou novamente - Por favor, prestem atenção dessa vez.

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