13 ❃ NÃO DEVE SABER

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Sair com raiva pelas ruas era algo muito eletrizante. A adrenalina que corria nas minhas veias parecia que meu sangue corria mais rápido e suavemente quente e, de um jeito impressionantemente estranho, frio.

Quando cheguei no saguão da Indústrias Backer, sua atendente fiel, Kara, sorriu para mim.

— No que posso ajuda-la, senhora?

Eu odeio quando me chamam de senhora. Como se eu tivesse oitenta e cinco anos!

— Oi, Kara... já nos falamos por telefone. Hmm, o seu chefe está?

— Está em uma reunião, senhora, gostaria de deixar recado ou aguardar?

— Você tem como avisá-lo de que estou aqui? Agora?

Kara tentou manter o sorriso intacto quando fez a ligação. Ela falou brevemente e disse para esperar. Foram os cinco minutos mais lentos de toda a minha vida.

— Senhorita McAdams, que surpresa — disse Jack ao aparecer.

— Faz apenas algumas horas, Backer, mantenha as hospitalidades para si mesmo.

Um sorriso apareceu em seu rosto.

— Tapas e beijos, huh.

— Vamos ignorar a parte dos beijos e vamos aos tapas, preciso conversar com você.

Jack mostrou-se impaciente, mas ele me guiou até a sua sala. A sua sala era no último andar, décimo terceiro andar. A porta gigantesca abriu com um leve empurrão e mostrou uma vista espetacular. Sua sala tinha as decorações cinza, branco e preto. O chão era de um branco limpíssimo que até pensei se daria para ver o meu reflexo. A mesa em que ele ocupava era em formato de U e apenas um computador em cima dela. Alguns papéis no canto e duas coisas coloridas do outro lado. Mas ele havia outra beleza por trás: a janela que ia do chão ao teto do escritório.

Backer trabalhava no centro de Nova York, dava para ver Times Square completa. Era absurdamente chocante e maravilhoso. O fim de tarde estava chegando depressa e eu precisava tratar o assunto rapidamente.

— Então, o que devo fazer por você, McAdams? Além de ter feito interromper uma reunião onde eu tentava comprar um país.

— Comprar coisas é bem a sua cara.

— O que eu posso dizer? Sou muito consumidor.

— Não, você é um metido a besta que acha que controla todos ao seu redor — falei ao dar vários passos em sua direção. — Mas adivinha só?

— Eu estou louco pra ouvir de você, querida — ironizou.

— Eu não sou sua assistente ou dona de algum país com poucos recursos para você comprar. Muito menos um de seus empregados que faz o que você manda.

Ele encostou com o quadril na mesa, cruzou os braços e me observou.

— E o que está sugerindo?

— Eu quero uma explicação — cruzei os braços. — Por que você me ignora ou simplesmente pede pra me manter longe de você como se você tivesse sarna ou uma doença pior e contagiosa?

Jack tentou segurar o sorriso, mas lá estava o sorrisinho novamente.

— Eu só não quero te meter em problemas, Holly.

— Que diabos de problemas são esses?

— Tem coisas que você não entende, coisas que não deve saber — falou seriamente.

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