15 ❃ ADRENALINA

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— Tem certeza que está bem?

Jack perguntou pela décima vez durante a noite. Eu sempre dizia que era cansaço ou que eu tinha ficado abalada por falar do meu pai. Mas o real motivo foi que no fundo algo me incomodava e tinha haver com o passado de Backer. Agora não era o profissional que estava clamando e sim o meu lado pessoal. Deixei-o entrar na minha vida muito facilmente e por insistência minha por conta do meu atual emprego. Mas sabendo um pouco do passado de Backer, me fazia perguntar a mim mesma novamente: quem é Jack Backer de verdade?

— Estou — falei para tranquiliza-lo. — A janta estava maravilhosa. Yakisoba é uma das minhas comidas favoritas!

Ele não pareceu tão surpreso, apenas deu um leve sorriso.

— Fico feliz que tenha gostado.

— Eu não sabia que você cozinhava — falei.

Ele desviou o olhar por alguns segundos e depois suspirou.

— Eu aprendi algumas coisas durante o passar dos anos.

— Quem ensinou?

Jack inclinou a cabeça, quase como uma naja. Eu forcei a barra forte demais.

— Desculpe — soltei uma risada nervosa. — É que você cozinha perfeitamente.

— Obrigada — por mais que ele tentasse ser simpático, havia frieza em sua voz.

Jack saiu de trás do balcão e veio para perto de mim com leveza. O clima pareceu esquentar enquanto aqueles olhos azuis me fitavam. Perguntas pipocavam na minha cabeça como fogos de artifícios. Por que ele te feria, Jack? O que você aprontou ao longo dos anos sem dar as caras? Você sente raiva? Ódio? Deixa eu te proteger?

Quando me dei conta, Jack estava de frente para mim, acariciando meu rosto e quando segurou meu rosto, quase inclinando-se, eu cocei a garganta e desviei o rosto. Jack abaixou as mãos e franziu o rosto, sem graça.

— Acho que é melhor eu ir. Tenho reunião às nove horas amanhã e já está tarde.

— Claro, eu não quero atrapalhar seus planos — sorri. — Obrigada por hoje.

— Então estou perdoado?

Rindo da sua cara de pidão, eu concordei com a cabeça.

— Está.

Ele ergueu o braço em forma de vitória e rimos juntos.

— É só fazer comida pra você e simples assim — ele estalou os dedos.

— Se conquista a barriga, conquista a pessoa.

— Vou me lembrar disso nas próximas vezes que discutirmos.

— Então irá haver... como você disse? — Eu fingi inocência enquanto ele segurava o riso. — Próximas vezes. Hmmm, e eu achando que eu devia "desviar de todas as maneiras" de você.

Ele acabou sorrindo largo quando respondeu:

— Não tenho culpa se você não resiste a mim — ele caminhou até a porta e eu o acompanhei. — Não se preocupe, eu volto em breve. Não precisa sentir saudades.

— Pode deixar, eu não irei.

Ele sorriu e abriu a porta.

— Tenha uma boa noite, Holly, eu me diverti hoje.

— Eu digo o mesmo. Boa noite, Jack — respondi.

Ele deu um passo em minha direção apenas para me dar um beijo na testa, me dar um sorriso de lado e simplesmente ir embora. No que eu fui me meter?

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