39 ❃ ESSE TEMPO TODO

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Enquanto me convencia de que Jack iria reagir de forma tranquila, eu não conseguia evitar o sentimento que vinha com a dúvida. Ele poderia ficar muito bravo. Tão bravo que é capaz de... Respirei fundo.

Você consegue.

Você consegue.

Ao espera-lo em casa na tarde de domingo, eu fiquei andando pela casa para tentar me manter ativa. Treinei muitas vezes o que eu ia dizer, os melhores pedidos de desculpas e todo o resto que viesse na minha mente.

Eu estava em plenos nervos e não saberia como bastar. Corri para buscar o restante do vinho tinto que Ruby trouxe nos dias anteriores, e bebi a primeira e segunda taça.

A campainha tocou e senti meu corpo tremer de antecipação.

— Ok, você consegue — repeti para mim mesma.

Aproveitei para deixar Bee com Tibby durante algumas horas e depois passaria em sua casa pra busca-lo e contar como havia sido a conversa. Por hora, eu estava rezando pra ter calma e lhe contar tudo.

Ao abrir a porta, Jack sorriu e rapidamente me beijou na bochecha.

— Oi — disse ao entrar. — Olha, eu sei que estamos nos vendo bem pouco, mas é que está tendo várias propostas e reuniões.

— Não tem problema, eu andei um pouco ocupada também, com as meninas e etc — falei.

Ele balançou a cabeça e aproximou.

— Jack... — olhei nos seus olhos — precisamos conversar.

Ele franziu um pouco dos olhos e afastou um pouco para me olhar.

— Ok... — disse devagar. — Sobre o que quer conversar?

Deixei-o sentar na banqueta do balcão enquanto eu me movia de um lado pelo outro. Vamos, Holly... vamos.

— Quando... quando meu pai morreu, ele havia deixado um testamento. Vinte e cinco por cento da herança dele para cada filho. Isso foi ótimo, não brigamos nem nada. Foi algo bem repartido e eu guardei por anos.

— Porém — continuei —, de um ano pra cá... o dinheiro veio saindo e eu precisava de um emprego. Me formei em fotografia e amo fotografia. Eu queria trabalhar com isso, mas não queria tirar fotos de casamentos, de chá de bebê, festas de crianças ou bodas de ouro. Eu queria mais do que isso.

Observei seu olhar, como se tentasse me entender, mas eu tomei coragem em continuar.

— Então a Tibby estava afim do cara que te falei, ela pediu pra mim vigiá-lo e tirar fotos deles para ela saber o que ele fazia. Foi quando tive a ideia de criar um site anônimo para vigiar as pessoas...

— E onde você quer chegar? — ele perguntou após um tempo.

— Aquele dia, no Rainbow Club não foi a primeira vez que nos encontramos — despejei. — Eu recebi um e-mail pedindo para vigiá-lo e saber mais sobre você.

Ele franziu o rosto e se levantou devagar.

— O que?

— Eu... eu só queria fazer o meu trabalho, mas a pessoa pediu mais e... eu só estava fazendo o meu trabalho. Mas aí, nós dois nos envolvemos tão rápido que eu já nem me importava com o pedido.

— O que essa pessoa queria de mim? — ele parecia mais sério.

— Informações, eu acho. Coisas que a mídia não tem... eu apenas enviei fotos, eu não dei informações para a pessoa, eu juro — falei, sentindo um desespero.

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