Spaces Between Us

A fuga

- Você tem certeza disso, Kath? - Pergunta Tia Margareth mais uma vez.
- Sim tia, eu tenho. - Digo arrastando a mala enorme para a porta.
- Tá aqui o seu passaporte. - Ela me estende.
Olho para o livrinho azul em sua mão e as lágrimas voltam. Pego-a em um abraço.
- Eu vou sentir tanto a sua falta, tia. - Digo com a voz abafada em sua camisa.
- Eu também vou sentir sua falta, Kath.
Marceline desce com a mochila nas costas do segundo andar. Ela respira fundo.
- Pronta? - Ela pergunta.
Digo que sim com a cabeça.
- E Harry, Katherine? Não vai se despedir dele?
- Nunca mais repita esse nome. - Digo entre os dentes. - Não existe mais Harry na minha vida. Acabou.
Tia Margareth e Marceline me olham com pena.
Ouvimos uma buzina lá fora.
- Niall chegou! - Diz Marceline entusiasmada nos atropelando para chegar na porta.
- Marcy, eu disse que íamos pegar um táxi! - Digo me sentindo traída.
- Você pode até querer não se despedir do seu namorado, mas eu quero me despedir do meu.
Dou um último abraço em Tia Margareth e Niall me ajuda com a bagagem.
Olho para o lugar que foi a minha casa nos últimos meses e para o lugar onde eu estraguei tudo.
Jason está bisbilhotando por trás da cortina no segundo andar com um olhar raivoso e Tia Margareth está do lado de fora com o olhar mais doce que eu já vi.
Como eu pude ser tão estúpida?
Niall dá a partida e eu não podia estar mais triste.

***

- Então, você não vai contar ao Harry? - Pergunta Niall.

- Contar o quê?
- Que está partindo sem se despedir dele.
- Marceline!
- Desculpe amiga, mas eu tinha que explicar a situação a ele.
Bufo.
- Não Niall, ele não merece isso.
- Kath, você pode estar cometendo uma grande erro.
- Eu já cometi esse erro e não pretendo cometer outro ficando aqui em Londres. Vai ser melhor assim.
- Então eu suponho que não devo contar a ele que você está indo embora.
- Ah você pode sim. Mas só quando eu já estiver dentro daquele avião e ele não puder fazer mais nada para me impedir.
- Tudo bem. - Ele suspira. - Como você quiser.
Chegamos até o aeroporto e Niall mais uma vez ajuda com as malas. Ficamos presos no trânsito e a primeira chamada para o meu vôo já está sendo feita. Despacho minha mala e fico com uma bolsinha menor.
- Eu mal posso acreditar que você não vai voltar comigo. - Digo a Marceline.
Ela conseguiu um estágio numa revista de moda e vai fazer faculdade aqui em Londres. E adivinha onde ela vai morar? Isso mesmo, com o Niall. Isso não vai prestar...
- Acredite se quiser. - Ela ri e me abraça.
- Vou sentir sua falta. - Sussurro.
- Eu também vou sentir a sua, Katherine.
Nos separo e tento controlar as lágrimas que insistem em cair.
- Eu também vou sentir sua falta, Niall.
Ele sorri e me abraça, me tirando do chão. Solto um gritinho agudo quando ele faz isso.
- Vou sentir falta de você também, Katherine. - Ele beija meu rosto.
Ficamos os três nos encarando.
- Ah, venham cá. - Digo abrindo os braços.
Damos um abraço triplo e a última chamada para o meu voo é feita.
- Adeus, amigos.
Faço o check in e entro pelo corredor, não sem antes dar uma última olha em Marceline e Niall abraçadinhos em prantos.
Droga, eu detesto despedidas.

Harry P.O.V.

Estou deitado em minha cama quando alguém invade o meu quarto.
- Harry! - Pela voz, eu já sei que é Niall.
- O que é? - Digo através do travesseiro que usei para tapar o meu rosto.
- Precisamos conversar. - Ele me chacoalha.
- Me deixa em paz Niall.
- Você vai querer escutar isso. - Escuto-o sentar na poltrona perto da cama. - A Katherine foi embora. Pro Brasil.
- O quê?? - Sento-me, chocado. - Como você sabe disso?
- Porque eu a levei até o aeroporto.
- Você fez o quê? - O sangue sobe pelo o meu rosto.
- Ela pediu para eu só contar para você quando ela já tivesse ido embora, então...

- Não, não pode ser. Ela não pode ir. - Entro em desespero. - Eu não posso perder ela.

- Você já a perdeu Harry.
-Não!
Derrubo tudo que está em cima do criado mudo sem pestanejar, em um louco ataque de fúria.
- NÃO! - Urro.
Agarro minha camisa com força e desabo no chão, chorando.
- Katherine, não.
Niall se agacha no chão e tenta me consolar, colocando a mão em meu ombro.
- Talvez seja melhor assim, vocês precisam de um tempo separados para pensar melhor.
Viro-me para ele fungando.
- Eu não preciso de tempo nenhum. - Digo decidido. - Eu amo, Katherine.
- Mas será que ela também te ama?