Entre tortas e mais tortas

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E os preparativos para o Ano Novo começam.
Minha mãe e Tia Margareth estendem toalhas brancas por toda a casa. Meu pai pendura estrelas douradas de papel nas paredes. Eu fico com a tarefa de preparar o cardápio do ano novo, o que, por um acaso, é meio irônico, pois eu não sei cozinhar quase nada.
Pego meu celular em cima do balcão da cozinha.
- Pelo amor de Deus, me diga que sabe cozinhar ou eu vou para o forno no lugar do Peru. - Digo mordendo a caneta.
- Desde quando se come Peru no Ano Novo? - Diz Harry rindo.
- Desde quando a encarregada pelo cardápio não sabe cozinhar nada melhor que isso.
- Esteja pronta em 15 minutos, vou te dar uma ajuda.
- Ok, baby.
Harry desliga o telefone rindo.


***

Em 15 minutos cravados, Harry estaciona seu poçante em frente à minha casa (ou da tia Margareth).

- Pronta para ir? - Ele pergunta baixando o vidro.
- Onde vamos? - Digo colocando o cinto.
- À algum lugar que te impeça de arruinar o Ano Novo.
- Ei! Não despreze a minha comida até tê-la provado.
- Eu provarei com o maior prazer... - Harry diz se aproximando mais e mais da minha boca. - Mas não hoje.
Ele se afasta bruscamente.
- Droga. - Digo cruzando os braços.
Harry acelera o carro.
Paramos em uma loja de tortas de dar água na boca. Desço do carro e grudo as mãos na vitrine, encarando uma majestosa e cor de rosa torta de morango.
- Eu estou me sentindo a Maria na casa da bruxa má. - Digo com o rosto grudado na vitrine.
- Então é melhor a gente entrar antes que você derrube a vitrine e acabe numa jaula...da prisão.
Reviro os olhos para ele e ele passa a mão pela minha cintura.
- Bom dia. - Diz Harry para a loira bonita do balcão. - Viemos dar uma olhada em suas tortas.
A loira parece se animar (para não dizer outra coisa) ao ver Harry e melhora a postura, estufando os seios cobertos pelo avental cor de rosa e um blusão branco.
Filha da mãe!
- Que tipo de torta o senhor prefere? - Diz ela mordendo a caneta que está segurando. Parece que Harry é o único na loja.
- Na verdade, não é pra mim. O que o seus pais preferem, Katherine?
Desvio o olhar da loira peituda e encaro Harry.
- Eu não sei. Morango, baunilha, qualquer coisa desse tipo vai agradar.
- Você tem esses sabores aí?
- Claro!
- Então vamos levar duas! Uma de cada sabor.
- Sério? Não é demais não? - Pergunto preocupada.
- Se o sabor for tão bom quanto a aparência, eu sou capaz de comer uma torta inteira sozinho.
- Se ainda estiverem na dúvida, posso oferecer um degustação por conta da casa. - A loira peituda diz.
- Não! - Grito sem querer. - Nós já decidimos, não é mesmo, Harry?
Ele balança a cabeça rapidamente.
- Uma torta de morango e outra de baunilha. Pode embrulhar.

- É impressão minha ou você praticamente me enxotou da loja? - Diz Harry abrindo a porta do carro e pondo a segunda torta no meu colo.
- Claro que não. Que bobagem! Por que acha isso?
- Bom, quando você disse "Pode ficar com o troco" pareceu muito que você estava me arrastando para fora da loja.
- Eu só queria contribuir com a caixinha da loja.
- Com 100 dólares?
- É tempo de caridade.
Harry revira os olhos e acelera o carro.
- Admita, Katherine, você estava com ciúmes da vendedora gostosa.
- Não estava não. - Digo cruzando os braços. - Pera aí... Você disse "gostosa"?
- Disse. - Diz Harry com um sorriso malicioso.
- Ora, seu... - Dou diversos tapas em seu braço esquerdo.
- Ai, pare, Katherine, vai derrubar as tortas e eu estou dirigindo!
Paro me dando conta da besteira que estava fazendo.
- Harry Edward Styles, quando nós descermos desse carro e colocarmos essas tortas na mesa da cozinha, eu vou te bater tanto que você vai se arrepender de ter posto os pés naquele maldito avião que nos conhecemos.
- Eu duvido muito que algum dia me arrependa de ter entrado naquele avião.
Se não fosse pela raiva que estava sentindo, eu teria achado fofo.
Harry solta um risinho baixo.
- O quê?
- Você. - Ele diz. - Fica linda quando está com ciúme.
- Há. - Desdenho. - Eu não estou com ciúme.
- Ah, não? - Ele zomba. - Então o que é isso? DesPeito?
Ele ri da própria piada. Minha raiva começa a esfriar.
- Você é ridículo. - Rio.
- Mas você tem que admitir, aquela garota tinha uns seios incríveis.
Dou-lhe um único tapa no braço.
- Ainda dirigindo. - Ele diz sério.
- Ainda com raiva. - Digo sorrindo.
Harry sorri também.

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