Capítulo 12

643 44 3
                                    

Passei pela rocha, e um casal estavam quase se comendo contra ela, me afastei um pouco para não chegar perto demais deles. Mas o espaço era pequeno, e meu braço tocou nas costas do cara que pressionava a menina com toda a força na rocha. Ele virou-se para trás. Apertou os olhos para ver quem era e sorriu.

- Oi Jess! - ele disse

Ah! Era o carinha de mais cedo no estacionamento. Eu dei um sorriso sem jeito.

- Oi. Bem... Tchau! - eu disse e apressei meus passos para a escada

A noite estava um pouco fria, eu acendi um cigarro e apertei os braços a minha volta e quando eu estava subindo as escadas havia um grupo de garotas descendo e se abraçando. E logo atrás dois caras rindo das palhaçadas delas. Eu subi as escadas e olhei em volta do estacionamento, vazio. Fui andando devagar, e soltando fumaças do cigarro para cima. O que será que aconteceu com a Bárbara? Os pais do Scott estão viajando a uns dias, e iram voltar daqui a umas semanas. E o ele estava cuidado da Bárbara, ele tinha me dito que ela andava estranha, não estavam mais conversando como antes, ele estava preocupado. Quando já estava perto da pista, senti um arrepio na espinha novamente, e olhei para trás. A uns dez carros de distância havia um cara andando devagar. Eu me alertei e apressei um pouco meus passos. Eu não queria ser roubada, a uma hora dessa da noite, muito menos sozinha. Olhei para ele de novo, e ele estava olhando para mim. Diminui os passos e olhei direito para ver quem era. E então meu coração disparou, quando encarei aquele homem de casaco preto. Era o cara da árvore e do jardim dos Foxes. Eu não conseguia me mover, ele continuou me encarando. Eu fiquei paralisada, pensando se deveria gritar, correr, ou ficar parada. Mas então ele sorriu, um sorriso sombrio, mesmo de longe conseguia ver o quão assustador era, ele virou-se para mim, andando em minha direção. Eu não pensei duas vezes e corri, passei por mais uma fileira de carro e olhei para trás, sua cabeça ia sumindo por trás dos carros. Ainda bem que eu tinha vindo de sapato, assim dava para correr. Continuei correndo, até atravessar a rua. Estava tudo deserto sem ninguém. E sem nenhum carro. Quando cheguei no outro estacionamento eu virei-me para trás, não havia ninguém, estava tudo em pleno silêncio a não ser pela música do lago, que ainda era ouvida abafada daqui. Queria voltar para lá, mas eu poderia me bater com aquele cara de novo. Então fui andando em direção ao carro e alternando minhas olhadas para o carro, e para trás. Coloquei a mão no bolso para pegar o celular, mas ele caiu no chão, eu me abaixei e o peguei. Quando eu estava a duas fileiras de carros do meu. Eu olhei para trás, e vi uma garota andando do outro lado do estacionamento, parei para lhe gritar, mas quando olhei para frente novamente. Tomei uma pancada no rosto que me fez cair. Cai de costas no chão, um pouco zonza, minha boca foi tampada com uma mão para que eu não pudesse gritar, mas eu gritei mesmo assim. Me balancei tentando tira-lo de cima de mim e então um par de mãos foi a gola do meu casaco, e me levantou, tirando meus pés do chão. Quando eu estava de pé, senti gosto de sangue em minha boca e tentei correr mas suas mãos foram ao meu pescoço e me e trouxe novamente, me prensando no carro. Meus olhos se fixaram com os seus, seus cabelos pretos, seus olhos escuros, sua boca com um piercing, seu olhar era assustador, quase mortal. Eu não fazia a menor idéia de quem ele fosse. Não sei se eu estava sem ar por conta do medo ou porque ele estava me enforcando, eu coloquei minhas mãos em volta do seu pulso e empurrei para trás, mas eu não tinha forças. Então ele inclinou a cabeça para o lado me olhando entretido e me largou. Eu me curvei e agarrei meus joelhos tentando respirar. Ele deu uma risada abafada.

- O que você quer comigo? Quem é você? Porque esta me seguindo? - eu disse entre minhas respirações dificultadas

- Você não sabe quem eu sou? - ele perguntou calmamente cínico

Sua voz era sombria, me causavam arrepios, assim como a sua presença. Levantei a cabeça e lhe olhei mais uma vez, a baixa luz não ajudou minha vista, mas eu não o conhecia. Eu balancei a cabeça, e dei um passo para trás.

Condenada à AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora