Prólogo

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- Ryan! Você entra.

Olhei para o Capitão Neves e arregalei os olhos. Entrar? Não sei se ele percebeu, mas tá pegando fogo nessa porra.

Não que isso seja um problema para mim, sou um bombeiro. Não tenho medo do fogo, tá, eu tenho, mas geralmente não. Hoje eu estou com medo porque sei que a coisa tá feia, é tipo uma missão Kamikaze, sem volta.

Mas então eu faço que sim com a cabeça, engulo em seco e respiro fundo várias vezes antes de me preparar para entrar no prédio em chamas, bem na minha frente.

- Nos passaram a informação que há possibilidade da existência de uma pessoa lá dentro. Você é a pessoa que mais confio para entrar lá, eu sei que você é bom. Por isso eu sei que você vai voltar.

Assenti, concordando com as palavras do meu capitão. Estou me cagando em pensar em entrar. Mas tem um ser humano lá dentro que precisa de mim. Então irei salvá-lo, mesmo que eu morra.

A visão no meio do fogo não é muito agradável, mas, enfim, com alguns arranhões, queimaduras leves e depois de muito, muito esforço, consegui salvar a jovem estagiária que estava dentro do banheiro, apavorada, tentando sair.

Melhor que a sensação de salvar alguém é sair vivo do meio da fornalha. A gente passa a dar mais valor para as coisas diante da "morte".

O sucesso e a fama de super heroi, fazem parte da minha profissão. Na rua onde eu moro, que é onde fica o pelotão, todo mundo me conhece como Fornalha. Pois dizem que eu passo pelo fogo sem me queimar. Eu acho bacana o reconhecimento do pessoal, mas isso não move o meu mundo.

Na verdade, eu gosto mais quando a mulherada vem me elogiar, ai eu dou valor. As menininhas lá da rua adoram um bombeiro. E eu, tiro proveito disso é claro.

Há uma menina lá, a mais metida da banda, tive uma única noite com ela, a melhor da minha vida, pena ela estar bêbada e quase ter me matado no dia seguinte. Para resumir, a garota disse que foi um erro e que não quer me ver nunca mais, nem pintado de ouro.

Eu levei numa boa, não gostava nem um pouco de mulher metida. E aquela lá, é o sinônimo perfeito de encrenca. Já não bastasse a chatice da dona, a maluca ainda é a filha mais nova do capitão, tipo, o bebê da família. No fundo eu estava muito grato por ela ter me ignorado, afinal, o capitão cuida dela como se fosse uma criança, provavelmente me mataria se soubesse o que fizemos, no mínimo.

O ruim nisso tudo é que a marvada passa indo lá no pelotão, ajudar o pai dela com a papelada. Ela é muito linda, os barbado que ficam de plantão quando ela vai, ficam babando pela filhinha do capitão. E eu, bom, eu aprecio a vista. Mas fico calado, se abro a boca, a doutora vem me destratar. Dai a gente já briga e eu sinto vontade de pegar a garota pelos cabelos e dar uma surra para ela aprender a ser educada.

Paixão em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora