Fernanda

711 55 10
                                    

Cheguei na faculdade e percebi que hoje era dia de palestra no salão de atos, não gosto quando tem esses eventos, para mim na maioria é total perca de tempo, mas como não tenho escolha, dirijo-me para o salão juntamente com algumas colegas.

- Uau! Bombeiros! Adoro!

A Jaíne falou e deu uns pulinhos, fazendo com que eu e a Bruna risse da cena.Olhei para o palco e para minha completa falta de sorte, vejo o Ryan e o Marcelo devidamente fardados conversando com o diretor da universidade, um banner grande na parede dizia: Semana Nacional de Prevenção contra Incêndios.

- Aff! Ninguém merece.

- Do que você está reclamando Fernanda? A aula de hoje é a mais chata, mil vezes ver esses bombeiros gostosos.

A Bruna fala e a Jaíne concorda.

- Tomara que no fim da palestra eu consiga o telefone de um deles, estou precisando de um bombeiro desses pra apagar meu fogo no chuveiro.

A Bruna riu e concordou com o que a Jaíne falou, eu só consegui revirar os olhos.

- Vamos sentar aqui no fundo?

Sugeri, mas é claro que elas não me deram atenção, já estavam andando pelo corredor e parando na primeira fileira.

- Aqui na segunda fileira então?! E parem de ser tão atiradas.

Elas sorriram culpadas e nos sentamos na segunda fileira, conforme os estudantes vinham chegando e tomando seus respectivos assentos, foi impossível não ouvir os suspiros e comentários das mulheres ao verem os bombeiros, principalmente o idiota do Ryan.Sinceramente não entendo esse fetiche todo por bombeiros, mas decido não julgar, já que eu mesma já me peguei pensando nesse idiota do Ryan.

O diretor da universidade abriu a palestra normalmente, com o falatório de sempre e agradeceu a presença dos bombeiros da cidade para essa importante palestra, relatou que o capitão do corpo de bombeiros estava ausente da cidade e os responsáveis vieram no lugar dele. Em seguida passou o microfone para o Ryan.

- Boa noite acadêmicos! Estamos aqui para um bate-papo sobre Prevenção de Incêndios. Como vocês podem ver no banner, estamos na semana nacional de prevenção. Vocês já pararam para pensar no quanto todos nós perderíamos no caso de um incêndio grave? Se nossas instalações fossem danificadas o prejuízo seria muito grande! Isso sem contar com possíveis acidentes graves. Dependendo do incêndio as perdas são irreparáveis. Então temos que ter consciência do que isto significa e procurar ter alguns cuidados. Porque o incêndio também pode ocorrer em nossas casas e, uma vez iniciado, o prejuízo certamente será grande.Assim, o que pode ser feito em relação a incêndios? Primeiro temos de compreender que o controle de incêndio depende de nosso conhecimento sobre algumas coisas básicas. Para existir fogo, é necessário ter combustível, calor e oxigênio (presente no ar que respiramos). PENSE COMIGO: Para acender uma churrasqueira, é comum vermos pessoas usando ventilador ou "abanando" o carvão. Isso serve para jogar mais oxigênio e acelerar a combustão. Para extinguir um incêndio, é necessário apenas remover um dos itens essenciais para sua manutenção, o que pode ser feito por: Arrefecimento - redução da temperatura e calor;
Isolamento - redução ou eliminação do combustível;
Sufocação - redução ou eliminação de oxigênio.
Os incêndios são classificados de acordo com o que estão queimando. Os incêndios de classe A envolvem combustíveis em geral, como a madeira, tecidos, papel ou entulhos. Para este tipo de incêndio usa-se a água para resfriar o material. Os incêndios de classe B envolvem fluidos inflamáveis como a gasolina o óleo diesel, a graxa, a tinta e etc. Para combater este tipo de incêndio, usa-se o dióxido de carbono ou pó químico seco que serão responsáveis em sufocar o oxigênio da reação. Os incêndios de classe C envolvem equipamentos elétricos e geralmente são controlados pelo dióxido de carbono (CO2) e pó químico seco da mesma maneira que o anterior. E como podemos evitar incêndios? Vamos ver alguns exemplos: Manter uma área de trabalho limpa evitando o acúmulo de entulhos; Colocar trapos sujos de óleo e tinta em recipientes metálicos tampados; Observar os avisos de não fumar; Manter todos os materiais combustíveis afastados de fornalhas ou outras fontes de ignição; Relatar qualquer risco de incêndio que esteja além do nosso controle, especialmente os elétricos. Finalmente alguns pontos a serem lembrados:Cuidado na arrumação, limpeza e ordenação de produtos inflamáveis; Saiba onde estão os extintores de incêndio e o tipo de cada um onde podem ser aplicados e como operá-los; Em caso de princípio de incêndio, aja imediatamente, pois debelar o fogo no seu início é mais fácil, ou procure auxílio imediatamente;
Use o equipamento de combate portátil para controlar o fogo até que chegue ajuda. Deu para entenderem?

Todos em uníssono disseram "sim" e aplaudiram. As horas passaram rápido e até que o Ryan falou muito bem, pois todos estavam atentos em suas palavras. Ele continuou:

- Agora gostaria de dois voluntários para aprender a usar o extintor. Levante a mão quem deseja.

Ele terminou de falar e desceu do palco e ficou caminhando no salão no espaço vazio entre o palco e a primeira fileira, enquanto o Marcelo organizava os extintores e onde fariam o fogo a ser apagado. Nas fileiras, os estudantes super barulhentos erguiam as mãos afoitos para serem escolhidos como voluntários. Do meu lado as meninas levantavam os braços e gritavam como loucas para serem escolhidas. O Ryan parou bem na frente do lado onde eu me encontrava. Ele olhou para as meninas e sorriu, safado, então seus olhos encontraram os meus.
Ele deu uma piscada para mim e começou a andar pelo meio do corredor até a fileira que eu estava.

- Vem Fernanda!

Ele falou no microfone e estendeu a mão para mim. Seria extremamente desconfortável se eu recusasse, já que a atenção de todos estava em mim. Levantei e caminhei até o corredor e em seguida parei ao lado do Marcelo, que me olhou e sorriu gentilmente para mim, eu retribui. Não peguei na mão do Ryan, que agora estava escolhendo um rapaz lá do fundo para ser o segundo voluntário.

- Então voluntários, sabem como usar um extintor?

Eu já sabia usar um. É claro que meu pai já ocupou alguma parte do meu tempo para me ensinar noções básicas de segurança e prevenção de incêndios. Porém o rapaz ao meu lado, não tinha ideia de como usar nem como tirar o lacre.

Primeiro o Ryan se ocupou de ensinar o garoto, o Marcelo acendeu o fogo e o voluntário com medo e sem jeito tentou apagar. Eu estava mais para trás assistindo e esperando a minha vez. O cara não conseguiu apagar, então o Ryan tomou da mão dele o extintor e habilidosamente apagou o fogo. Recebendo gritos e aplausos da plateia encantada com o carisma dele.

Após, se voltou para mim e me alcançou um extintor.

- Sabe como usar né Fê?

Eu fiz uma careta por ele ter me chamado de Fê, mas estendi minha mão e peguei o extintor. O Marcelo estava acendendo o fogo. Eu me aproximei e o Ryan ficou um pouco mais para trás. Quando posicionei o extintor para apagar o começo de chamas que avistei dentro de um recipiente, ouvi a voz do Ryan:

- Aposto que muitos de vocês vão se lembrar mais tarde da Fernanda segurando esse extintor com tanta força, não é mesmo?

Ouvi risos e assovios, mas foi interrompido pelo barulho do extintor. Apaguei o fogo e entreguei o extintor ao Marcelo. O Ryan se aproximou e falou alto:

- Vamos aplaudir a essa incrível demonstração de como apagar um foco de incêndio que os nossos voluntários fizeram.

Todos aplaudiram alto, em seguida meus ouvidos não puderam acreditar no que ouviram:

- De noite passa lá em casa que te devolvo a sua calcinha.

Paixão em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora