Fernanda

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A tarde passou rápido e graças aos céus não ocorreu nada grave no pronto atendimento. Estava sentada conversando com o doutor sobre um trabalho da faculdade quando percebi que já estava na hora de ir para casa.

Chego em casa correndo pois já estou praticamente atrasada para a faculdade. Entro correndo pela porta e dou de cara com o meu pai saindo do banho.

- Calma doutora, onde é o incêndio?

Meu pai faz graça, mas estou tão atrasada que ignoro as suas brincadeiras. Passo por ele e corro pro meu quarto.

Abro a porta e não acredito no que vejo, minhas roupas todas pelo chão, minha cama bagunçada, meus livros rasgados e meus acessórios, perfumes e retratos, todos quebrados.

A palavra Vadia estava escrito no espelho com meu batom vermelho. Estou atônita. Quem faria uma barbaridade dessas?

A Fabiana? Não seria capaz, né? Ou seria?

Aí céus! Um aperto no peito e uma vontade de chorar me invade, respiro fundo e conto até dez. A raiva me invade e tudo o que consigo fazer é gritar:

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH.

A Darlene surge atrás de mim, com a cara toda verde, parecendo a Fiona, ela sempre exagera nos tratamentos, como se uma pele lisa fosse diminuir a feiúra de um mau humor diário.

- Que berro foi esse garota? Quer me matar é?

- Eu não teria tanta sorte!

- Mas o que aconteceu aqui? - Ela ignora o meu comentário maldoso, me empurra pro lado e passa na minha frente entrando no meu quarto, com uma mão na cintura e a outra em seu rosto com a expressão abismada, ela continua: - Não basta estragar a minha vida, você ainda vai destruir o quarto? Você não tem jeito mesmo garota!

-Ah, claro!! Eu destruí meu próprio quarto, faz muito sentido isso.

Se tem algo que aprendi com essa madrasta é usar da ironia quase sempre. Ela sempre faz questão de me culpar por coisas que nunca fiz, mas aprendi a revidar com a ironia, e isso, deixa ela doida.

- Então quem faria uma coisa dessas? Eu passei o dia em casa e não vi ninguém entrar.

- É claro que foi a sua filha que fez isso, aquele corna mal amada quer acabar com a minha paz. Como se eu tivesse culpa pelo péssimo gosto dela.

- O que aconteceu? Por que estão gritando?

Meu pai aparece como um cego perdido no meio de um tiroteio. Ele passa por mim e entra no quarto.

- Mas, o quê? Como aconteceu isso?

Cruzo os braços e falo:

- É claro que foi a Fabiana. Não acredito que ela foi tão baixa. É sério pai, não aguento mais isso!

- Você não pode acreditar que a minha filha fez isso amor, ela jamais faria algo tão grotesco. Não é o estilo dela. E por mais que a Fernanda estivesse cobiçando o namorado dela, a Fabiana não é vingativa.

- Eu não cobicei namorado de ninguém. Cala a boca Darlene. É claro que foi a Fabiana que fez isso, ela é maluca. Igual a você.

- Calma Fê, não podemos acusar sem provas. Se a Fabiana fez isso ela deve ter tido um motivo, mas também não acredito que ela faria algo assim. Não há razão para tanto.

- Eu tô te falando pai, ela é maluca.

- Veja bem como fala da minha filha mocinha, quem me garante que não foi você mesma que quebrou tudo aqui só pra chamar atenção e colocar a culpa na Fabi.

- Ah, faça-me o favor, cansei. Tchau pra vocês.

Viro as costas para os dois e até ouço o meu pai me chamar, mas ignoro. Sinto uma dor de cabeça iniciar, mas saio pela porta em direção incerta.

Minha cabeça está cheia e preciso relaxar um pouco. Ainda não sei para onde vou, mas caminho sem parar. Quanto mais longe, mais rápido esqueço.

Paixão em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora