Ryan

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- Eu só acho que você não precisava ter falado aquelas coisas lá na Universidade.

Olho para o Marcelo ao meu lado incrédulo. Eu sinceramente não acho que tenha exagerado, afinal aquela dona encrenca lá merece. Ninguém mandou ficar de agarra agarra com o guto na minha frente.

E não, não estou com ciúmes, só não acho certo uma menina direita ficar de sem-vergonhisse com um pau no cú como o Augusto. E sim, ele é meu amigo, mas nem por isso deixa de ser um filho da puta que só quer se aproveitar da doutora. E isso eu não vou deixar, não vou mesmo.

- Não acho que tenha exagerado.

- Não acha? Tu é maluco mesmo né Ryan, agora se prepara que a doutora saiu cuspindo fogo, tenho certeza que ela não vai aliviar pro teu lado. Te prepara.

Eu começo a rir. Se tem uma coisa que é verdade nessa história , é exatamente isso que o Marcelo acabou de dizer. A doutora ficou pirada. Só com o olhar que ela me lançou tenho certeza que ela era capaz de cortar minhas bolas e fazer picadinho de Ryan no jantar.

Mas não tenho medo dela. Na verdade, adorei vê-la toda brabinha. Isso me dá um tesão dos infernos.

Estou contando os minutos para a doidinha chegar lá em casa para tirar satisfação. Eu vou aproveitar e tirar a roupa dela.

Porra! Ryan! Tu tinha prometido que não iria mais dar trela pra essa garota. Ela não é pro meu bico, eu tenho certeza disso. Mas adoro me divertir com as erradas.

Tá, eu sou um filho da puta safado, reconheço. Até estou começando a ficar com peninha da loirinha. Geral ficou gritando no momento que ela saiu correndo do salão de atos. Mas o que está feito, está feito. Não há mais nada que eu possa fazer.

Chegamos no quartel, terei que ficar a noite toda aqui. Amanhã o Capitão já retorna da viagem, e se ele ficar sabendo, eu sou um homem morto. Preocupo-me em executar o meu serviço direitinho. Confesso estar borrando as calças com medo do Neves, mas só corro o risco de perder a cabeça se a doutora encrenca falar do ocorrido para ele, embora eu tenha certeza de que ela não faria isso, não custa nada começar a rezar em prol da minha saúde. Sem contar no fato de eu estar praticamente quase namorando a outra filha maluca dele!

Puta que pariu. Eu sou um filho da puta fodido mesmo, como que fui me enrrabar naquelas duas doidinhas. Suspiro indignado. Só eu mesmo e a mania idiota de não conseguir manter o pau dentro das cuecas.

Deito na cama para tentar relaxar, o sono logo vem, mas dura pouco. A sirene toca alto, me assustando e fazendo-me pular da cama rapidamente. Alguém precisa de mim, do meu trabalho.

Corro para fazer aquilo que faz o meu sangue circular pelas minhas veias. Tenho certeza de que se eu não fosse bombeiro, não há mais nada que eu poderia fazer.

Entramos no caminhão e não demora muito até chegarmos no local do incêndio. Um pequeno prédio de três andares encontra-se em chamas. Enquanto os meus companheiros se ocupam em fechar o cerco para ninguém se aproximar e começar a apagar o fogo, eu percebo que um senhor está gritando do segundo andar pedindo socorro. Eu me preparo para entrar e mais rápido do que sou capaz de raciocinar, invado o local incendiado para salvar uma vida inocente.

As chamas cegam a minha visão, mas isso não é um empecilho capaz de me fazer parar, continuo andando pelo prédio até chegar no apartamento onde está a pessoa a ser socorrida. Chego nas escadas e ao colocar o pé direito, para começar a subir, o chão desaba e preciso pular rapidamente para não cair num buraco ou ir parar no porão. Acabo me escorando na parede, que cai com o meu peso e por estar completamente destruída pelo fogo, a queda é inevitável, uma parte do forro cai em cima de mim, me causando dor, muita, muita dor.

Respiro fundo, ou tento. A fumaça acaba comigo, com todas essas quedas perco a segurança e estou completamente vulnerável no meio de todo esse fogo, mas não tenho medo de me queimar. Levanto-me e salto pelo que restou da escada, preciso salvar o homem, mesmo que nesse procedimento, perca a minha própria vida.

Eu abro a porta e o homem que estava na janela desesperado, encontra-se desmaiado no chão, mas ele não está morto. Então num impulso, antes que tudo desabe sobre a minha cabeça, pulo do prédio, pela janela, com o homem salvo em meus braços. Caimos no colchão estrategicamente colocado ali para isso.

A multidão de curiosos grita e aplaude. Eu sou um herói para eles, e essa sensação de dever cumprido é ótima.

Paixão em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora