Acordei na manhã de quarta-feira com os gritos da minha meia irmã, que se encontrava parada na porta do meu quarto.
- Acorda Fê! Temos que decorar a casa para a nossa festa.
Eu sento na cama, olho no relógio, é cedo demais para levantar.
Pego uma almofada e jogo nela.
- Some daqui!
Cobri meu rosto com a coberta e fechei meus olhos para tentar dormir novamente, é claro que eu não iria conseguir, mas fingiria. Tudo para que a Fabiana sumisse da minha frente.
Engano meu. A chata da minha irmã puxou o edredom que me cobria aos berros.
- Acorda Fernanda, precisamos arrumar tudo agora de manhã, porque de tarde eu tenho cabeleireiro e sei que você tem que ir pro hospital fazer seu trabalho.
- Chama-se estágio querida e eu disse que não iria ajudar em nada nessa sua ideia maluca de festa. Então não conte comigo.
Levantei da cama e fui para o banheiro me lavar, a Fabiana ficou sentada na minha cama me olhando com aquela cara de pidona, droga, odeio quando ela faz isso. Eu sinto pena e sempre acabo cedendo as chantagens dela. Que ódio.
- Por favor maninha, eu preciso da sua ajuda. Eu quero me declarar pro Ryan e quero tudo perfeito para isso.
Revirei os olhos, ser cunhada daquele idiota é tudo que eu menos quero no mundo, mas talvez se ele namorar a Fabi, não irá mais aparecer nos meus sonhos, digo, pesadelos.
- Ok, Ok. Eu te ajudo, agora some do meu quarto que eu quero trocar de roupa.
-AAAh, eu amo você manina, você é a melhor irmã do mundo.
Me dá um abraço e um beijo super animado e sai saltitando do meu quarto.
Fico olhando a cena rindo, essa menina é maluca, sério, isso é além da normalidade.
Termino de me arrumar e desço para a cozinha, morrendo de fome, meu apetite pela manhã é assustador.
Após tomar meu café,a Fabiana que havia saído, eu deveria ter suspeitado, a casa estava realmente muito quieta, volta com um monte de sacolas com garrafas de cerveja e energético.
- A nossa festa vai ser bombástica maninha, encomendei um monte de comida boa lá na padaria da esquina e comprei essas bebidas aqui, vou colocar para gelar. Vamos arrumar a sala, quero fazer uma pista de dança lá.
Está mais que óbvio que a minha animação para essa festa é zero comparada a da Fabiana, mas mesmo sem o mínimo interesse resolvo ajudá-la, quanto mais rápido eu fizer, mais rápido termina.
Já era meio dia quando terminamos, talvez uma festa seja interessante para me animar um pouquinho, afinal. A sala estava bem diferente, abrimos espaço no meio para improvisar uma pista de dança, em seguida colocamos os sofás ao redor e alguns mais espalhados nos cantos com cadeiras, para que se alguém quisesse ficar mais a vontade, teria liberdade para isso, palavras da Fabiana, eu já espero que ninguém faça sexo nesses sofás, seria nojento, mas lembrei que eu não limparia nada disso depois, então dane-se, a festa é dela e ela faz o que quiser, já que será ela que irá limpar tudo no final.
Compramos almoço pelo telefone e após alguns minutos de espera o carro chega com a nossa comida, como rapidamente, preciso ir para o hospital, como estou quase me formando, minha residência já começou. Geralmente trabalho na parte da tarde, das 14h às 16h, o horário é pouco, mas é bom para ter experiências. Quando eu realmente começar tenho certeza que não sobrará tempo para nada.
Chego no hospital e minha função é ser assistente do clínico geral, o médico que é meu supervisor tem aparentemente 50 e poucos anos, o nome dele é John Schmidt, apesar de ser simpático ele é bem exigente e gosta de me colocar para trabalhar, muitas vezes pede que eu atenda aos pacientes ou ajude alguma enfermeira nos curativos, além de sempre me perguntar qual a doença que o paciente tem e que remédios poderíamos receitar. Eu gosto dele, pois apesar de às vezes me colocar em situações embaraçosas com os pacientes, têm me ensinado muito em como fazer um bom trabalho, sempre pensando no melhor para as pessoas.
Hoje o dia está tranquilo, a sala de espera do doutor está praticamente vazia, aproveito o tempo para ler meus livros enquanto o doutor faz o mesmo com os seus. Perto das 15h30min a ambulância chega apitando, sinal de que alguém está ferido, o doutor John levanta rapidamente e corre para a sala de emergência para ver o que está acontecendo, corro atrás dele, é raro quando a ambulância chega nessa velocidade, então é sinal de que alguém precisa de atendimento.
Um homem aparentemente queimado chega na maca, carregado pelos enfermeiros, o doutor pede para as enfermeiras prepararem a sala de cirurgia, onde ele irá atender o rapaz, eu fico um pouco perdida, mas não deixo de ir onde o doutor vai, de dentro da ambulância eu vejo quando o Ryan sai, segurando seu braço que está sangrando, o doutor também percebe o bombeiro se aproximando.
Ryan está com a roupa toda preta pela fumaça, na verdade ele todo está preto de fumaça, seu braço está sangrando a sua roupa está rasgada, provavelmente ele se machucou ao salvar aquele homem que entrou na maca, o doutor John olha pra mim e fala:
- Preciso que você cuide do bombeiro enquanto eu vou atender o rapaz que chegou na maca, provavelmente ele está com queimaduras e arranhões, nada que você precisa se assustar, tenho certeza que dará conta disso Fernanda, você é boa com as pessoas e sabe acalmar um paciente, além de saber muito sobre remédios e curativos, ajude o rapaz, depois que eu terminar eu avalio o seu trabalho.
Eu olho um pouco assustada para ele, mas não posso negar o pedido. Apesar de ser o Ryan, não deixa de ser um humano, um paciente e eu preciso ajudá-lo.
- Ryan, venha comigo.
Ela me olha, parece um pouco espantado, mas em seguida dá um leve sorriso e me segue.
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Paixão em Chamas
RomansaFernanda, uma jovem estudante de medicina, que adora uma festa e não mede esforços para se divertir. Ryan, um bombeiro dedicado, um homem forte, capaz de dar a sua própria vida para salvar alguém. Duas pessoas diferentes, unidas por uma rua e por um...