Uma hora depois

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Uma hora depois


Posso admitir não ter esperado que algo tão interessante pudesse se tornar tão entediante.

Como eu não via as respostas de meu irmão, as cartas misteriosas só possuíam um ponto de vista e um lado da conversa, então eu ficava me perguntando do que eles estavam realmente falando.

Algumas dúvidas percorriam minha mente como:

Por que estavam ameaçando meu irmão?

O que meu irmão estava fazendo para esconder as cartas até mesmo de nós? Eu era a pessoa que pegava diariamente as cartas e as separava para cada um!

Como ele conseguia ir aos encontros que eles marcavam se eu me lembrava da presença dele em casa?

Quando ele começou a mentir para mim?

Havia perdido a ordem cronológica das cartas e a última delas havia sido escrita duas semanas antes de meu irmão morrer.

O misterioso ser que se correspondia com meu irmão dizia que o prazo havia sido encerrado e que ele estava parcialmente satisfeito com o transcorrer dos acontecimentos, porém ainda não deixaria meu irmão em paz.

O que estava acontecendo ali?

Ele comentava sobre um último encontro, um encontro em que eles iriam discutir sobre as pendências e débitos, tudo estaria explícito no fax a ser mandado.

Li de novo aquela frase, com mais atenção e calma desta vez.

Eles estavam mandando fax um para o outro, por isso nunca vi as cartas chegando.

Revirei as cartas a procura de alguma que fosse datada há menos de duas semanas antes da morte de Will, porém não havia nenhuma, aquela era a última.

Eu sabia que meu irmão não era burro, ele deveria ter destruído a carta; agora eu só precisaria descobrir se era possível um fax ou um datilógrafo possuírem memória ou se era algo extremamente absurdo pela idade dos objetos.

Precisaria encontrar alguém melhor do que o meu pai.

Tinha uma ideia de onde ir, contudo a incerteza se eu seria expulsa do lugar antes mesmo de passar pela porta de entrada rondava a minha mente.

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