Dez minutos depois

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Dez minutos depois

Para a minha não surpresa ela estava dormindo em meu ombro, quase roncando, com pouco tempo que eu a estava carregando e Scott estava andando ao meu lado na rua como se estivéssemos juntos, como se fossemos amigos.

— Quer ajuda? — ele se ofereceu.

Eu poderia ser estúpida e pensar que ele queria realmente ser um cavalheiro e me ajudar, mas eu o conhecia de outras épocas e sabia que de nobre nele, apenas o seu sobrenome.

— O que você quer pelo gato de Jenny? — perguntei andando pela rua a caminho de minha casa, a praça não ficava longe; antigamente eu andava de bicicleta, porém eu tive que aposentá-la depois que ela quebrou.

— Ainda não sei — ele respondeu sucintamente com um sorriso fraco e indeciso.

— Vamos, deve haver alguma coisa que você quer e ainda não tem — arrumei-a em meus braços quando senti que ela estava deslizando deles. Virei na esquina, ele me seguiu.

— Bem, existe, sim, uma coisa que eu quero e ainda não tenho — ele colocou os braços para trás, confiante, queixo levantado, arrogante.

— Nojento — eu revirei revirando meus olhos.

Ele realmente pensava que eu faria sexo com ele por um gato?

— Calma! Não é sexo — ele deve ter percebido o desgosto em minha expressão e foi logo se explicando — eu só não confio em você o suficiente.

— O sentimento é mútuo — sorri para ele da maneira que eu sabia que transparecia inocência.

— Isso é uma pena, ela não terá o gato de volta — ele deu de ombros.

Grunhi baixo, eu odiava jogar um jogo que a outra pessoa tinha mais chances de vencer do que eu.

Eu não gostava tanto assim do gato dela, ele tentou me arranhar um dia que eu o confundi com uma almofada e quase sentei nele.

No entanto Jenny gostava dele, gostava tanto a ponto de querer afogar suas mágoas em bebida durante uma tarde, a ponto de se embebedar.

Eu sabia que aceitar fazer este favor para Scott era algo ruim, meu estômago estava me dizendo isso com suas reviravoltas e contrações, porém eu não sabia outra maneira de conseguir o gato dela.

E depois de tudo isso se ele tentasse me arranhar de novo, eu iria picotá-lo.

— O que você quer? — perguntei, enfim, decidida a engolir meu orgulho.

— Eu ainda não confio em você — ele estava sorrindo, estava aproveitando o momento.

— Eu sou uma pessoa confiável, tudo bem?

— O problema é que você não gosta de mim, então eu não sei o que você faria com o favor que eu fosse pedir.

— Como assim?

— Vanessa ficou com o meu celular, eu o quero de volta — ele deu de ombros.

Só isso?

— Por que você não o pede de volta? — atravessei a rua e ele ainda estava do meu lado.

A sua casa ficada do outro lado da ilha, me deixe em paz!

— Ela não está falando comigo — sua voz não era intimidadora, mas eu não estava muito animada para perguntar o motivo da briga deles sendo que eu sabia que Vanessa não estava se relacionando muito bem com seus antigos amigos.

— Tudo bem, por que precisa de confiança para pegar um celular? Eu não estou interessada na sua vida.

Ele franziu as sobrancelhas para mim, uma expressão com uma mensagem implícita que não entendi qual era, porém eu sabia que ela estava ali: algo entre a dúvida e o receio.

Eu deveria ser um pouco burra, certamente havia algo de errado com o meu cérebro.

— Eu sou uma pessoa muito requisitada e tenho assuntos que não são do seu interesse como os meus próximos encontros. Não quero você invadindo minha privacidade — ele começou a se afastar quando eu senti meu rosto queimando de raiva dele.

— Como se eu me importasse! — berrei para que ele ouvisse, porém não planejava que as pessoas dentro das casas ao meu redor espiassem pela janela e me vissem.

E foi isso o que aconteceu.

— Você me ama, só não quer admitir. Não se esqueça do meu celular — ele piscou para mim e virou a outra esquina.

Isso não poderia dar tão errado, afinal era só um celular, não é?

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