Capítulo 2 - Thomas

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Assim que chegamos no aeroporto recebo uma mensagem do meu padrasto, me perguntando onde estávamos, nem me dei ao trabalho de responder.
- Ali nos chegamos, pega a mochila. - digo a Alice que estava tirando um cochilo em meu ombro.
Ela pega a mochila e sai do carro. Eu pego a minha, agradeço a Michel e vou em direção à Alice que está na porta do aeroporto me esperando, juntos vamos em direção ao embarque pessoal.

Chegando lá avisto um homem alto,de terno, cabelos e olhos negros, forte e o reconheço como sendo o cara com quem minha mãe se casou 4 anos antes de morrer.
Assim que Alice o avistou foi em sua direção, um ponto entre correr e andar. Deu um abraço apertado, que durou 2 segundos a menos do que devia. Ele termina o abraço e me fulmina com o olhar, eu vou em sua direção mais devagar e tomo o cuidado de não olhar em seus olhos, porém não pode parecer que estou desrespeitando ele ou que estou com medo, então mantenho o meu corpo ereto, o olhar na direção das janelas que estão a minha esquerda.
- Porque não respondeu a minha mensagem? - ele diz com um tom quase imperceptível de raiva na voz.
Olho para ele, escolhendo com cuidado as palavras, pois não quero lhe dar motivos para começar uma briga, principalmente na frente de Alice.
- Já estávamos na entrada do estacionamento, não achei que fosse necessário.
- Da próxima vez é bom responder a mensagem.- diz ele me provocando, mas eu sei me controlar afinal, aprendi com o melhor. Solto um 'claro' sem muita convicção, voltando à olhar para as janelas.
Ele volta seu olhar para Alice e pergunta:
- Preparada para morar em Manhattan?
- Sim - diz ela sem nenhuma convicção.

Entramos no Jatinho, Valter e Alice sempre mais à frente, ele faz preguntas ocasionais a ela como se estivesse tentando colocar o assunto em dia. Eles se sentam na frente conversando algo que não consigo ouvir. Tiro o fone da mochila, coloco no ouvido e me posiciono na cadeira pra ficar mais confortável e coloco a primeira playlist que vejo, prefiro músicas eletrônicas. Sempre gostei de tocar guitarra, mas depois que minha mãe morreu e eu me mudei pra Nova York parei de tocar. Olho pra janela e deixo a mente vazia, só volto à realidade quando alguém cutuca meu braço de leve, me viro e me deparo com Ali sentada ao meu lado triste.
- A gente pode conversar agora ou tá ocupado? - diz ela de uma forma triste, os olhos estão iguais à sua voz.
- Não estou ocupado, pode falar. -digo pronto pra ouvir tudo ao que ela tem a dizer.
Ela olha pra janela por alguns segundos e sei que está pensando em como me contar algo importante, então continuo esperando até que ela abre a boca para falar.
- Eu estou com medo Tom, por que tínhamos que nos mudar? Porque deixar tudo o que conhecemos, todos os que conhecemos? - diz ela começando à aumentar o tom da voz - E se acontecer de novo? Eu não quero mais ser excluída de tudo, quero ter amigos e os únicos que arrumei vão estar em New York enquanto eu vou estar em Manhattan sozinha no ensino médio.
- Ei calma! Não precisa ter medo eu vou estar lá com você... - digo mas ela me interrompe.
- Você sabe que não é verdade, você sempre fica rodeado de amigos e eu fico de lado quando você conhece alguma garota ou quando resolve ir à alguma festa.
- Ali é diferente, os tempos agora são diferentes. Escuta, eu nunca gostei de ser popular sabe disso e se você quer saber aquelas pessoas não são amigos de verdade são colegas, sabe a diferença. E eu só namorei duas vezes, e nem foi tanto tempo assim. Somos uma família, você e eu, juntos pra sempre, está bem?
- Promete? - ela pergunta em busca de uma afirmação sincera.
- Prometo - digo afirmando nosso mais novo lema. - E nesta escola você vai ter bastante amigos, não precisa se preocupar. Esta bem?
- E se não acontecer? Sabe que não sou boa de me enturmar.
- Você vai se enturmar só precisa de uma chance. Alice você é linda, é inteligente, engraçada. Eles só precisam ver quem você é, o resto já tá garantido.
- Acha mesmo isso? Ou tá falando só porque é meu irmão e quer levantar meu ânimo?
- Eu estou falando a mais pura verdade e você sabe quando eu estou mentindo. Agora vem cá! - digo puxando ela pra um abraço apertado.
- Você é o melhor irmão que eu poderia ter, obrigado Tom.
- Não precisa agradecer, baixinha. - Eu falei tentando não parecer tão emotivo. Sempre tento manter minhas emoções só pra mim, mas Alice às vezes me tira do controle e acabo me emocionando.
- Tom, quanto tempo falta pra gente pousar? - ela pergunta depois de um tempo desfazendo o abraço. Alice nunca gostou de aviões. Olho no relógio e ainda falta 30 minutos.
- Você consegue aguentar mais alguns minutos, não consegue? - falei sem dizer exatamente quanto tempo faltava, sempre recorria à isso quando não queria contar a verdade.
Ela disse que sim, se levantou e foi ao banheiro um pouco mais feliz do que estava essa manhã.

De todas as casas que já tivemos essa é relativamente pequena uma sala separada da cozinha apenas por um balcão. A escada que dá acesso aos quartos fica na parede à direita da sala e à esquerda fica o escritório do meu padrasto. Eu e Alice subimos logo depois do tour que fizemos no andar de baixo, olhamos os quartos e ficou decidido que o primeiro que era o maior seria de Valter, o segundo era um pouco menor, porém com um closet, ficou com Alice, e eu fiquei com o terceiro, todos eles tinham um banheiro, mas tinha outro banheiros pela casa um ao lado da escada e outro em frente aos quartos.
Logo que entrei já fui colocando tudo no seu devido lugar no meu mais novo quarto, ele era maior do que o meu antigo quarto em Nova York, uma cama de casal, à esquerda dela uma escrivaninha onde eu já coloquei o meu notebook e uma foto da minha mãe ao lado, em frente à escrivaninha tinha um guarda-roupa espaçoso o bastante pra caber todas as minhas roupas. Arrumar tudo foi fácil, nunca tive muita roupa, apesar de Alice sempre querer comprar roupas novas pra mim, nunca vi pessoa mais viciada em compras do que ela.
Desci para o andar de baixo e percebi que meu padrasto não estava nem na sala, nem na cozinha, fiquei feliz por um instante, mas não por muito tempo.
- Onde está a sua irmã? - perguntou ele atrás de mim, pois vinha do escritório.
- Tá no quarto, arrumando as coisas dela. - respondi, sem me virar de imediato
- Precisamos conversar, - ele está com uma cara de tédio quando me viro - relaxa é sobre ela, tá bom? -
Ele fez um sinal com a cabeça pra mim continuar à falar.
- Preciso que marque um médico pra ela. - Ele fez uma cara de quem não estava entendendo nada - Lembra das crises de ansiedade?
- Tudo bem, coloca tudo o que vou precisar num pedaço de papel e pede pra minha secretaria ligar.
- Não, tem que ser o responsável por ela e você também tem que explicar que sou eu que vou de acompanhante, afinal ainda sou menor de idade.
- Tá bem, escreve no papel o que vou precisar do mesmo jeito. - ele respondeu impaciente.
E assim ficou durante todo o final de semana, ele marcou o médico para a próxima quinta-feira e nos informou que iria viajar na segunda pela manhã, Alice ficou triste mas não demonstrou.
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