Capítulo 41 - Bianca

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A primeira coisa que noto ao acordar é o frio. Estou coberta, porém falta a alta temperatura de seu corpo, que me aqueceu e me acolheu ontem a noite, quando tudo o que eu mais queria era chorar, ele me abraçou e disse que tudo ficaria bem. Aquilo foi o bastante pra me fazer parar de chorar um pouco e cair em um sono, sem sonhos ou pesadelos.
Passo a mão no lugar onde eu deveria achar meu namorado, porém encontro somente os cobertores bagunçados e frios, no entatanto percebo o aroma de café no ar.
"Ele deve estar fazendo o café"
Minhas suspeitas estavam certas, ele estava de frente para o fogão, não pude ver o que ele fazia pra ter certeza do que era, mas podia sentir o cheiro de ovos e bacon. O abraço por trás, parando minhas mãos em seu abdômen muito bem definido.
Ele está com uma calça de moletom preta e sem camisa, ele sempre teve essa mania de dormir sem camisa mesmo no frio.
- Bom dia - Posso sentir o sorriso em sua voz, ouvi o bater forte e ritmado do seu coração e isso de certa forma mantém meus medos e inseguranças sob controle.
- Bom dia.... - Minha voz sai um pouco estranha pelo sono recente e abafada por eu estar com o rosto enterrado em suas costas.
"Ele sempre foi quentinho assim?"
Estou quase cochilando quando ele desliga o fogo e se vira, ficando de frente pra mim. Me abraçando de forma protetora.
P

osso sentir sua pergunta muda, mas não respondo, só o abraço mais forte, acho que ele entende pois permanece em silêncio.
Após algum tempo ele se afasta e olha em meus olhos.
- Vai ficar tudo bem, tem que acreditar nisso, ok?
- Não sei o que devo fazer... - Minha voz sai em um sussurro.
Ele me arrasta até os bancos do balcão e me faz sentar ali, ficando da mesma altura que ele.
- Não se trata do que você deve ou não fazer, mas do que precisa fazer. E independente do que for, seja fugir ou enfrentar os seus pais eu ainda vou estar aqui quando tudo acabar, tudo bem? - Me emociono com suas palavras, ter a certeza que não importa o que eu faça ele ainda vai estar aqui, me faz ter uma segurança que eu nunca tive, a segurança de que mesmo se tudo desmoronar eu ainda vou ter um lugar seguro, um lugar onde posso me refugiar de tudo e de todos.
Me desfaço em lágrimas, pensando na dor que guardei todo esse tempo em relação a minha mãe, aos maus tratos que recebi durante toda a minha vida. A dor da incerteza sobre ser deixada pela minha mãe....

OoO

Já faz dois dias que estou morando com Tom e Alice. É bom ficar aqui, sinto que sou alguém importante. Tom é bom pra mim, me faz ver que sempre posso me apoiar nele. É bom saber disso.
Porém tenho pensado na situação da minha mãe, ou melhor Atena, e decidi que não vou continuar me escondendo.
- Ei! Cheguei! - Tom anuncia sua chegada, ele tem sacolas nas mãos - Acho que consegui comprar tudo o que pediu, mas pra que precisa de tudo isso? - Ele me olha em dúvida ainda parado no corredor em frente a porta.
- Porque você e Alice comem demais e Lucas vem pra cá mais tarde, assistir um filme com Alice - Falo enquanto ando até ele, deixando um selinho em seus lábios e pegando suas sacolas, vendo o que tem dentro.
- O quê? Ela não pode trazer ele aqui, ela é nova demais pra isso. - Ele tem uma expressão indignada, típica de irmão ciumento.
Tenho uma expressão levemente surpresa, não pelo ataque de ciúmes claro como água a minha frente, mas por ele acha-lá nova pra assistir um filme com alguém.
Após um segundo minha surpresa passa e eu volto minha atenção para as sacolas que ele colocou no balcão.
- Você não vai falar nada? Vai deixar ela assistir filmes, a noite, com um garoto e sabe-se lá mais o que ele pretende fazer com ela!!! - Ele realmente parece indignado agora, eu acabo não controlando e solto uma gargalhada.
- Você é muito dramático! É só o Lucas, não um tarado que você não conhece. - Falo revirando os olhos - Além do mais, está mais do que na hora dela ter suas experiências e ela parece realmente gostar dele, acho que pode dar certo.
- Como pode estar tão tranquila?! Ele é um garoto com os hormônios a flor da pele que vai estar sentado ao lado da Ali, que é inocente e não vai perceber as intenções dele!! - Ele é realmente ciumento, me viro olhando em seus olhos e falando calmamente.
- Ele não é nenhum animal que vai atacar a Alice assim que você virar as costas, sem contar que Ali não é um bebê, sabe muito bem o que está fazendo. - Ele faz menção de falar, mas apenas chego mais perto e olho em seus olhos, acariciando seu rosto - Confie nela. Eu já conversei com ela sobre as intenções dele, as dela e as suas caso algo que ela não queira aconteça. Vai dar tudo certo mas precisa confiar nela.
Por fim ele afirma com um aceno. Assim que esvaziu as sacolas, me viro pra ele e falo de uma vez.
- Eu decidi o que quero fazer em relação a minha família, - Ele me olha atentamente. - Eu vou tirar essa história a limpo, quero falar com os dois saber as duas versões, quero saber o que realmente aconteceu. Um dos dois está mentindo pra mim e eu quero saber porque, mas não quero fazer nada disso sozinha, pode ir comigo a casa do meu pai amanhã a tarde?
- Claro, fico feliz que tenha decidido falar com Atena, tem muita coisa nessa história que não se encaixa. - Ele fala pensativo.
- Sim, mas eu vou descobrir....ahh, tem uma carta pra você, não parece ser alguma conta . Está na mesa de centro. - Ele vai até lá, enquanto começo a preparar o jantar.
Nestes dias em que estive aqui, percebi que Tom cozinha muito bem, mas não gosta de comer a própria comida. Tem algo haver sobre a minha ser mais gostosa. Então,
resolvemos dividir essa tarefa, eu faço o jantar dia sim, dia não. Assim não fica pesado pra nenhum dos dois.
Quando ele volta está com a "tal carta" em mãos e um semblante, talvez pasmo seja a palavra certa.
- O quê foi?
- Recebi uma oferta de emprego.....

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