Capítulo 4 - Bianca

67 4 2
                                    

Quando cheguei na sala, Jack estava sentado em roda com Brian e Max.Quando me viram saíram de perto do Jack, achei aquilo estranho, mas não falei nada, só me dirigi ao meu lugar que era ao lado de Jack.
- Bianca porque demorou tanto? - Ele perguntou de uma forma estranha.
- Nada demais, Jack.
- Me falaram que você estava dando moral pro novato. É verdade?
- Não, eu não estava dando moral pra ninguém, eu estava conversando com o Thomas. - falei tentando colocar um ponto final nessa história.
- Então é verdade você falou com ele é pelo visto já são amigos!!!! - falou ele aumentando o tom de voz.
- Alunos todos em seus lugares!!! A aula já começou, silêncio!! - falou o professor interrompendo nossa conversa.
Me sentei e assisti a aula consciente de que na hora do almoço eu e Jack teríamos uma conversa muito séria. Ele sempre foi muito ciumento, mas hoje ele passou dos limites.
Até o intervalo, Jack e eu não trocamos nenhuma palavra. Eu fui para a cantina comprar algo pra comer, acabo passando por um corredor vazio, pois o corredor principal estava muito cheio, quando vejo a garota que chegou com Thomas, que reconheço como sendo sua irmã. Percebo que ela está respirando muito rapido, como se tivesse corrido uma maratona, conforme vou chegando mais perto, vejo que está pálida, ando mais rápido até ela e vejo que parece estar passando mal, ela está encostada na parede de armários, quando estou de frente para ela pergunto:
- Oi, você esta bem?- perguntei já arrependida de ter feito a pergunta - O que está sentindo? Quer que eu chame alguem?
- Tom... - ela falou em um sussurro.
- O seu irmão? Tá bom, fica aqui eu vou encontra-lo.
Sai correndo em direção ao pátio, estava muito cheio procurei por alguns minutos, até que o encontrei encostado em uma parede mexendo no celular, corri em sua direção e já fui pegando sua mão e o levando até o corredor, ele pedia explicações mas eu não tinha tempo, ela não tinha tempo.
Quando chegamos ao corredor eu fiquei mais preocupada, a garota não estava lá.
- Ei! Pode me explicar o por que de me arrastar até aqui? - ele perguntou com uma pontinha de humor na voz, mas eu não ri dessa vez.
- A sua irmã... ela estava aqui... estava passando mal.... pediu pra mim chamar você... vem comigo acho que ela tá na enfermaria - falei ofegante.
Conforme fui falando ele foi ficado pálido de preocupação.
Eu o levei até a enfermaria, chegando lá perguntei se alguém teria ido até lá com falta de ar, com Thomas sempre atrás de mim, a moça me respondeu que sim e que a enfermeira já estava cuidando dela.
- Eu preciso vê-la, ela não vai melhorar enquanto não me ver.
- Tudo bem, venha comigo! - ela falou saindo de trás do balcão.
Thomas foi na frente e eu fui logo atrás.
Assim que a enfermeira abriu a porta Thomas entrou, sem dar atenção à enfermeira que dizia à ele para sair da sala. Ele só entrou e fez sua irmã olhar pra ele, ela estava sentada em uma maca e estava pior do que quando à encontrei, respirava com dificuldade e muito rápido.
- Alice, olha pra mim, preciso que fique calma, está bem? Preciso que diga o que estava fazendo quando a crise começou. Me fala, não posso ajudar sem isso.
Ela balbuciou algo que não consegui escutar e ele só à abraçou e falou que estava tudo bem, que ela não precisava pensar em mais nada e pediu pra ela respirar fundo, colocou a cabeça dela em seu peito e ele começou à respirar fundo tentando fazer com que ela o seguisse. E ficou mais alguns minutos assim, quando de repente um garoto fala ao meu lado:
- Será que ela vai ficar bem?
- Ai, que susto!!!! - ele se desculpou e se apresentou:
- Sou Lucas. - ele estendeu a mão.
-Sou Bianca - falei apertando sua mão - E à propósito, eu acho que ela vai ficar bem sim. Mas foi você que trouxe ela pra enfermaria?
- Foi sim, por que?
- É que eu tinha encontrado ela lá no corredor e ela me falou pra ir atrás dele. - falei apontando para Thomas.
- Ei vocês, venham até aqui, queremos algumas explicações. - falou a enfermeira ao lado da diretora da escola, Sr. Clarisse.
Eu e Lucas fomos até a sala dela e ela nos perguntou o que tinha acontecido, quando terminei de contar Lucas começou a contar sua versão:
- Eu estava indo até o meu armário que fica do lado do armário dela, ela estava sentada no chão e não parecia nada bem, eu perguntei o que ela tinha ou se queria que eu chamasse alguém, mas ela não conseguia responder, então ajudei ela à levantar e à trouxe para enfermaria.
- Foi só isso mesmo? Vocês não viram mais ninguém por perto? - ela pergunta.
- Não. - eu e Lucas falamos ao mesmo tempo.
- Mas a senhora acha que alguém fez ela ficar daquele jeito? - perguntei pensando em Max, Brian e Jack que pregam muitas peças nos alunos do primeiro ano.
Antes que a diretora pudesse responder alguém bate na porta.
- Pode entrar, - a diretora fala e Thomas entra e fica atrás de mim e de Lucas. - Olá Thomas, como a Alice está?
- Fiz ela se acalmar, ela está descansando agora. E obrigado aos dois, - ela fala se referindo à mim e à Lucas - vocês fizeram um grande favor à Alice e à mim também.
- Não foi nada. - eu e Lucas falamos em coro.
- Agora que tudo já se acalmou, Thomas você pode explicar o que aconteceu? - a diretora perguntou de forma gentil.
- Tudo bem. Alice não gosta que as pessoas saibam, então, não contém à ninguém. - ele fala parecendo culpado, todos acenamos com a cabeça. - Ela nunca foi de se enturmar com facilidade. No nono ano ela começou a ser vítima de bullying, e começou a ter falta de ar sem explicação, tonturas, pesadelos quase todas as noites. Eu à levei no médico, ele fez todos os exames possíveis e não encontrou nada, ela estava com a saúde perfeita, então depois de alguns dias eu descobri sobre o bullying, levei ela no médico e ele disse que ela tinha crises nervosas.
Todos nós ficamos em silêncio até Lucas perguntar o que exatamente eram as crises.
- Acontece quando ela fica muito pensativa, ela costuma ficar no seu próprio mundo quando acontece.
- Mas ela falou pra mim te chamar!? - eu falei curiosa e espantada ao.mesmo tempo.
- Ela fica presa no próprio mundo, não quer dizer que não fale e não escute. Mas ela demorou um pouco pra responder, não foi? - eu acenti com a cabeça me lembrando da dificuldade e da demora pra falar - Quando ela está no meio de uma crise... tudo acontece em câmera lenta, acho que podem ver dessa forma.
- Ela não falou comigo, nem tentou responder. - fala Lucas pensativo.
- Isso é porque a crise já estava durando muito tempo e quando isso acontece, ela costuma ficar desesperada pra que acabe logo, mas isso só piora as coisas. Ela provavelmente ouviu o que disse mas não assimilou uma resposta coerente. Mais perguntas? - ele perguntou disposto a responder mais perguntas.
Eu e Lucas falamos que não, porém a diretora faz mais uma pergunta.
- Mas como não descobriu que ela estava sendo vítima de bullying antes?
- Eu sou um ano mais velho que ela, então quando ela estava no nono ano e estava no primeiro, em outra escola. Mas eu sempre conversei com ela, depois que eu descobri, ela me falou que não contou por que estava com vergonha.
- Bom agora que já está tudo explicado. Thomas às aulas já estão acabando e eu não posso deixar uma aluna sem o seu responsável, pode levá-la para casa. - a diretora falou se direcionando à Thomas - E Bianca e Lucas vocês estão dispensados, podem ir pra casa.
Eu e Lucas saímos da diretoria, porém Thomas ficou mais alguns minutos. Eu me dirigi à enfermaria e perguntei à enfermeira como Alice estava, e ela me falou que estava descansando e que iria ficar bem. Depois fui embora à pé, quando cheguei em casa me lembrei de Jack e achei melhor deixar pra lá.

Você Mudou A Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora