Capítulo 25 - Thomas

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Estou com as mãos apoiadas na pia da cozinha olhando para o chão me questionando se o que eu fiz foi certo. Eu à defendi, mas será que ela faria o mesmo por mim? O que deu em mim para agir dessa forma? Eu sempre consigo me controlar, mas dessa vez foi mais forte que eu.
Me afasto destes pensamento com o som da geladeira sendo aberta, o som dos passos dela vindo até mim, ela coloca um saco de gelo na pia e um caixa que não sei de onde veio, sua mão esquerda está em meu ombro direito.
- Me deixa ver sua boca... -Ela pede em um tom baixo, aparentemente calmo, mas posso sentir sua agitação.
Levanto meu corpo, ficando alguns centímetros mais alto que ela. Mantenho meu rosto sem expressão, seus olhos cruzam com os meus, mas logo se desviam para minha boca.
Ela suspira e se volta para caixa que percebo ser a de primeiros socorros.
- Senta na cadeira, vai ficar mais fácil pra mim. - Quando ia fazer o que ela pediu, ela pega a minha mão direita sem aviso, observo seu rosto atentamente.
Só então percebo que estou tremendo, minha palma está pra cima, porém, ela à vira olhando a parte de cima. Seu rosto se contorce no que acredito ser agonia.
- Não precisa fazer isso, sei me cuidar e não está doendo. - Falo tentando amenizar sua agonia. Ela olha nos meus olhos, seu rosto está sério.
- Sei que sabe se cuidar, eu vi. E eu não vou devolver você para a sua irmã machucado e sem cuidados. - Abro a boca para argumentar com ela, mas ela fala antes de mim. - E não tem nada que você possa falar que vá me fazer mudar de ideia.
Vendo que não vou poder fazer nada, balanço a cabeça e negação, repreendendo sua atitude.
Quando já estou sentado, ela pega a cadeira que está na minha frente e segura a minha mão olhando atentamente para ela enquanto passa uma pomada, que acredito ser pra dor mas não posso ter certeza porque estou observando seu rosto.
Ela aperta os lábios, um contra o outro, formando uma linha fina. Suas sobrancelhas estão levemente contraídas.
- Porque bateu em Jack daquela forma? Você estava esperando eu me distrair e ir pra cima dele ou.... - Nem deixo ela terminar de falar.
- Nenhum homem deve desrespeitar uma mulher, independentemente da situação ou dos sentimentos relacionados à ela. - Recito algo que minha mãe me disse 2 anos asntes de morrer. Ela me olha confusa.
- Ainda sim. Quando ele bateu em você, não vi um resquício de raiva em você, mas depois não era mais você. Na verdade eu entendo o seu princípio de "não ofender uma mulher", mas eu não entendo porque me defendeu? - Ela fala um pouco exaltada.
- Ele tinha o direito de falar aquilo, além de ser mentira. Mas confesso que sai um pouco do controle. Me descupa. - Falo olhando em seus olhos, que estão marejados.
Ela balança a cabeça como se afastasse um pensamento, e vai até a pia pegando alguma coisa.
Ela volta depois de alguns minutos com um vidro de um líquido branco e um algodão.
Dessa vez ela fica na minha frente, em pé. Ela não fica muito alta, minha cabeca fica na altura do seu abdômen.
Quando toca no canto da minha boca sinto uma pequena ardência, mas não demonstro, ela segura meu queixo gentilmente.
Você fica linda concentrada.
Ela fica vermelha e respira fundo.
- Obrigada.
- O quê? - Porque ela está agradecendo?
- Você.
- An?
- Você é muito gentil, Percy.
Eu ainda estou confuso, mas resolvo deixar pra lá.
- Pronto. - Ela olha nos meus olhos agora - Obrigada por hoje, sei que não precisava ter feito aquilo, mas obrigada.
Me levanto antes de responder, ficando mais alto que ela. Antes de pensar dou um abraço nela, primeiro ela fica tensa depois relaxa e envolve seus braço no meu pescoço escondendo seu rosto ali, me fazendo abaixa um pouco.
- Eu precisava sim, sou seu amigo e sempre vou estar do seu lado quando precisar. Tudo bem? - Ela balança a cabeça em afirmação, mas como não faz menção de me solta, também não me mexo.
- Às vezes parece que tudo isso não passa de uma mentira, que quando eu fechar os olhos hoje a noite, vou acordar e ver que tudo não passou de um sonho. Não quero que isso aconteça.
- Ei! - Faço ela olhar pra mim - Isso não vai acontecer, sabe porque? Porque eu sou real e não vou sair do seu lado, Okay?
Ela balança a cabeça confirmando, mas uma lágrima escorrega por seu rosto, eu limpo com o polegar.
Meus olhos se dirigem para sua boca inconscientemente. Ela tem lábios vermelhos, tenho vontade de saber seu gosto. Chego mais perto, olho em seu olhos que estão fixos na minha boca, umedeco meus labios e ela os dela, mas parece não perceber essa ação, pois ainda olha para a minha boca.
Porém quando chego mais perto ela se afasta e se vira para a mesa para pegar alguma coisa, mas posso ver que está um pouco ofegante.
- Tom, acho melhor você ir. - Ela não está me olhando, mas posso sentir sua súplica através do pedido.
Eu entendo seu pedido para eu ir, afinal de contas eu estava prestes a beija-la, quando na verdade eu sei que ela ainda gosta do Jack, este que não deu valor ao seu amor. Me arrependo imediatamente por ser tão insensível.
Para tentar fazê-la relaxar um pouco, toco seu ombro e falo calmamente.
- Depois você me fala se gostou da "melhor comida do mundo".
E saio, sem me virar pra ver sua reação, apesar de ser o que mais quero, ver seu rosto antes dela começar a me evitar.

Já faz dois dias.... Eu a vejo na escola, ela está sempre sozinha, às vezes com Alice. Ela conversa muito com Alice, mas nunca comigo, pelo menos não sobre o que aconteceu no domingo. Os ensaios? Agora acontecem 3 vezes por semana. O show de talentos vai ser daqui à três semanas. Ela fala comigo no studio, mas somente sobre as músicas que foram trocadas, sobre as músicas que não vamos mais tocar, mas nunca fala comigo diretamente.
Não achei que fosse falar isso novamente, mas todas as vezes que penso nela sinto meu estômago embrulhar, antes era só um leve nervosismo, mas agora vem acompanhado de uma tristeza, e tenho 100% de certeza que estou apaixonado por ela. Porém no exato momento estou com medo, decidi que seria uma boa falar com ela, pedir pra ela não me tratar com tanta frieza, pedir pra voltar a ser minha amiga e dizer que o que aconteceu não vai se repetir.
Mas quando penso na possibilidade de nunca mais tentar beija-la, me sinto mal, é como se estivesse mentindo pra mim mesmo. Só que a decisão ja está tomada e eu não vou voltar atrás, mesmo que doa.

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