Capítulo 12 - Bianca

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Está bem acho que não sou a única que ficou surpresa. Assim que Thomas me viu, várias emoções passaram por seu rosto, mas as únicas que ficaram claras foram o choque, a surpresa e acho que vi algo parecido com... dor. Mas deve ter sido só imaginação, pois ele se recompôs em um segundo e se dirigiu à uma cadeira de distância de mim.
- Olá Thomas, está é Bianca. Acredito que já tenham se visto durante as aulas. - Ela faz uma pausa como se esperasse algo, mas não tivemos reação, pelo menos eu não tive (deve ser pelo choque) - Thomas eu não sei se você já sabe, mas aqui nós temos alguns eventos durante o ano, como o show de talentos, - até esse momento ela olhava diretamente para Thomas, porém logo olhou pra mim com um pouco de receio nos olhos - mas esse ano vai haver mudanças.
Mais uma dose de choque, será que ela vai tirar o show de talentos dos programas da escola?  
- O quê!? - acho que nessa hora minha voz já tinha subido algumas oitavas. O desespero já estava se instalando, eu sempre gostei de organizar os eventos da escola, dês da oitava série, se ela tirasse esse evento do calendário da escola sobraria poucos ou pior nenhum.
- Bianca, nós do corpo docente da escola resolvemos dividir o show de talentos. - Ela fez outra pausa, meu pânico diminui, mas eu devia estar com a confusão estampada na cara, porque ela começou a explicar - Nós recebemos a oferta de um patrocinador, porém teríamos que investir esse dinheiro principalmente no show de talentos. Fazendo as contas percebemos que seria muito dinheiro pra ser gasto em um só evento, então conversamos com o nosso patrocinador e dividimos o show de talentos em dois, um só para cantores e outro somente para bandas, com prêmios dignos de primeiro lugar.
Depois que ela explicou, meu pânico deu lugar à empolgação. Quer dizer... dividir o show de talentos foi uma ótima idéia, eu teria mais trabalho (não me entendam mal, mas organizar eventos me dá algumas desculpas pra ficar mais tempo fora de casa)!
Mais ainda tinha algumas questões que davam voltas em minha mente. O que Thomas tem haver com isso? Quem é esse patrocinador? Porque investir principalmente no show de talentos?
Não tive tempo de expressar essas perguntas porque Thomas falou primeiro.
- Ainda não entendi o que eu tenho haver com isso. Porque me chamou pra vir até aqui se a notícia é pra ela?
- Thomas, nós dividimos o dinheiro do investimento e estava tudo certo, íamos comprar todo o equipamento de som, mas quando mencionamos isso aos pais eles descordaram nesse quesito. Então no meio da conversa, um dos pais teve a ideia de ao invés de comprarmos o equipamento de som, usarmos os alunos de uma forma criativa.
Nesse momento entendi exatamente o que ela queria dizer e acabei expressando isso em voz alta.
- Entendi, como no ano passado. Mas o que Thomas tem haver com isso?
- Espera eu ainda não entendi! - Thomas diz buscando desesperadamente uma resposta.
Antes que a diretora Clarisse possa responder da sua forma calma e sem pressa, que muitas vezes me deixa nervosa, pois ela fala muito devagar.
- No show de talentos nos usamos alguns alunos pra tocar os instrumentos que os candidatos precisam, enfim eu monto uma banda antes do show de talentos, mas só com os alunos que não vão participar. Mas ainda não entendi o que ele esta fazendo aqui?
Eu não estava falando isso de um jeito ruim, eu adorei olhar naqueles olhos verdes e por alguns instantes me perder neles, mas não consigo imaginar o porque dele estar aqui.
Acho que estou precisando de uma consulta no psicólogo.
- Bianca, o Connor estava no 3° ano, ele se formou, não pode mais tocar guitarra.
- Espera! A senhora quer que eu toque no show de talentos? - Mais uma dose de choque, misturado com surpresa, mas consegui ouvir a resposta da diretora Clarisse que pra completar foi um sim. - Eu não posso tocar.
Thomas falou mais como uma afirmação do que como um desafio, com uma voz contida e calma, porém a diretora Clarisse não ouviu ou não entendeu.
- Como assim não pode? - Ela falou em um tom autoritário, mas ele não pareceu se importar (isso me deixou intrigada).
- Faz anos que eu não toco guitarra.
- Seu pai me disse que você toca muito bem. E ele me disse que era para mandar colocar seu nome na lista dos alunos que vão participar, mesmo contra a sua vontade.
- Ele é meu padrasto e se eu não vou poder mudar isso... - Ele dá de ombros sem se importar - Mas não garanto que vai sair um bom som.
- Isso é melhor que nada - Ela também parece não se importar, isso porque eles não sabem o quanto esses eventos são importantes pra mim. - Bianca acha que consegue organizar esses dois eventos?
- Claro -  A palavra sai sem querer mas é a pura verdade - Só tem uma coisa, vão ser os mesmos jurados?
Os jurados do show de talentos é sempre os alunos, alguns professores e claro a diretora.
- Não, esse é um ponto importante, o nosso patrocinador pediu para ser um dos jurado, então eu vou ter que tirar um dos professores, mas não se preocupe eu arrumo isso.
Eu aceno com a cabeça, mas a ainda tinha uma dúvida persistente, "Quem é esse patrocinador?". Mas resolvi deixar isso pra depois.
A diretora nos libera, mas fala que depois vai querer uma reunião comigo, para decidirmos a decoração e a data dos eventos.
Thomas sai primeiro, sem olhar para trás, e mais uma vez a onda de culpa me invade.
Ele está indo em direção ao estacionamento e me lembro da Alice falando que ele iria aceitar minhas desculpas nos próximos dias, então porque não tentar agora? Mas esse não é o meu único pensamento,"Se eu não fizer nada agora vou perdê-lo pra sempre"  e esse último pensamento me faz ir atrás dele ao mesmo tempo que me assusta um pouco.
- Thomas espera! - Ele para de costas e se vira surpreso. - Eu te devo desculpas, pelo que te falei semana passada, então me desculpa, eu não devia ter falado aquilo pra você.
Ele fica me olhando com uma expressão que não consigo decifrar.
- Olha, eu já pedi desculpas o que quer que eu faça?
- Ah, desculpa é que eu estou surpreso. - Ele fala um pouco nervoso
- Tinha tanta certeza assim que eu não iria me desculpar?
- Não é isso. É que não são muitas as pessoas que me pedem desculpas, mas...claro...ahn...está desculpada.
- Então, está tudo certo entre a gente?
- Acho que sim. Minha reação foi um pouco exagerada, não é a primeira vez que acontece e não vai ser a última, mas esquece isso. - Depois que ele terminou de falar fiquei me perguntando quem já falou isso pra ele.
Tentei jogar esses pensamentos para o fundo da minha mente, dei a ele um sorriso de lado e fui para ao lado oposto do corredor em direção à porta da saída, mas antes de chegar lá escuto ele chamar meu nome.
- Você está de carro? Quer carona? - Ele parecia um pouco hesitante.
- Eu não sei dirigir, mas esta tudo bem... - Eu não termino de falar porque um trovão acaba de ribombar no céu.
- Ainda está tudo bem? - Thomas perguntou com um sorriso torto no rosto.
Fiz uma cara de séria e tentei não rir, ele levantou as mãos em rendição ainda com um sorriso no rosto.
- Tá legal, eu aceito sua carona.
- Então vamos! - Nos começamos à andar na direção do estacionamento mais precisamente para um Prisma(eu acho, não sou muito boa com marca de carro), cor preta - Só tem uma coisa minha irmã esta no carro e suspeito que não podemos falar sobre o show de talentos, estou certo?
- Certíssimo, nem um piu sobre isso.
- Sim, senhora. - Ele fala batendo continência e rindo e eu o acompanho.
- Você é muito engraçadinho, um piadista nato, devia ir para o circo. - Eu falo rindo e ele ri mais ainda, acho que vamos ser ótimos amigos, talvez mais que isso até... eu preciso de um psicólogo urgente.
Assim que entramos no carro Alice abre a boca pra falar mas à fecha assim que me vê.
- Oi Alice
- Oi, eu não pensei que fosse ouvir meu conselho tão rápido, mas estou feliz por ter ouvido. - Ela fala sorrindo, depois se inclina pra frente e da um beijo na bochecha de Thomas. - Oi Tom.
- Oi Ali, eu não vou nem perguntar do que vocês estavam falando. E pelo visto não vou precisar fazer apresentações.
Quando ele começou a dirigir me ocorreu que ele não sabia onde era a minha casa, porém, ele estava indo na direção certa.
- Como sabe onde é a minha casa? - Falo olhando pra ele, que está dirigindo com uma só mão e olhando fixamente para a estrada e parece estar perdido em pensamentos.
- Vai ter que chama-lo de novo. - Alice fala com uma risadinha na voz, olho pra ela em busca de uma resposta, ela capta a mensagem em meus olhos e começa à explicar - As vezes ele sai de órbita, foge da realidade, dê o nome que quiser, mas é como se ele estivesse preso nos próprios pensamentos, esta acontecendo com mais frequência ultimamente...
- Isso não é verdade, só porque estou pensando não significa que não percebo as coisas acontecendo, principalmente vocês falando de mim como se eu não estivesse aqui.
Ele falou tudo isso de uma só vez e me deu um susto que eu quase pulei do banco. Depois disso eu olhei de um para o outro me dando conta de que eles não eram parecidos na aparência, mas eram sincronizados até na forma de pensar.
Nesse meio tempo Alice começou a falar antes que eu pudesse me expressar.
- Você não estava aqui, estava fora de órbita de novo.
- Sabe a discussão de vocês é muito esquisita, - Eu falo colocando parte do que estou pensando pra fora - mas deixando isso de lado, pode me explicar como sabe onde é a minha casa?
Thomas começa a falar ainda olhando para a estrada.
- Eu não sei onde é exatamente, mas no dia do restaurante que não morava muito longe de lá então é pra lá que estou indo. - Ele explica isso como se fosse óbvio. Em quanto isso Alice parece estar distraída, olhando pela janela.
- Pensei que não se lembrasse disso. Vira à esquerda.
Ele virou e precisei segurar minha mochila pra ela não cair no chão do carro.
- É a casa amarela desbotada.
Ele para em frente, antes de descer do carro dou um beijo de despedida em Alice, desço do carro e agradeço a carona, ele deu um sorriso de lado, nesse instante percebi que estava com saudade daquele sorriso. Mas porque saudade se somos só amigos e eu tenho namorado, tenho que parar de pensar nessas coisas.
Ele dá partida no carro e vai embora, não sei porque mas me senti um vazio no peito, balanço a cabeça tentando afastar esses pensamentos.
Me preparo pra quando entrar em casa, ir para o meu quarto rápido sem falar, nem olhar pra ninguém.

Meus planos deram certo e passei o dia no meu quarto, agora estou me preparando para dormir, ligo o abajur (sim, eu tenho medo do escuro, mas não ria) e me deixa cama deixando que o cansaço me consuma e me leve para o mundo dos sonhos.

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Olá leitores,
Eu sei tenho capítulos atrasados mas eu tenho um bom motivo, essa semana foi um caos e eu fiquei sem net.
Mas entre mortos e feridos salvaram-se todos, como vocês estão? Espero que estejam bem.
Amo vcs, bjs :)
PS: Bom natal pra vocês que seja repleto de amor e alegria. Bjs :)

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