Capítulo 31 - Bianca

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- Boa tarde bela adormecida! - Ele fala sorrindo, enquanto ainda mexe em algo que está na panela.
Ao olhar no relógio constato que é meio-dia. Seus olhos tem olheiras, seus cabelos está em uma bela confusão organizada.
- Não grita, por favor! - Ele fica confuso com meu pedido, aponto pra cabeça e faço um gesto de explosão.
Ele vai até a geladeira e pega um comprimido pra dor de cabeça na caixinha de remédios, em cima da geladeira.
Ele me entrega o comprimido e o copo com água. Tomo em um gole. Ele sorri com isso e se volta para a panela.
Vou até suas costas o abraçando, com a testa em seu ombro. Ele faz um leve carinho com o polegar em minha mão.
- O que está fazendo? Tem um cheiro bom... - Pergunto baixinho.
- Macarrão como molho de pimentão e salsichas. Gosta?
- Não sou a maior fã de pimentão, mas se você está fazendo deve estar gostoso... - Eu não falei realmente para ele e ele não respondeu, mas o leve acariciar em minha mão se intensificou.
Escuto barulho de botões e ele se vira pra mim com as mãos em minha cintura. Apoio a cabeça em seu peito, gosto da sensação, ele é quente e tenho a sensação de estar em casa....
- Como você está? - Ele não se refere a algo específico.
- Eu não sei...do que estamos falando? - Olho em seus olhos verdes. Lindos.
- Do que você quiser....seus pais, seus irmãos....você....
- Nós? - Eu o interrompo com algo em mente.
- Pode ser, mas o que você quer falar sobre nós?
- Gosto dos seus olhos.... - Falo em um impulso. Ele me olha meio em dúvida.
- Prefiro os seus, às vezes dão medo, mas na maior parte do tempo tenho sensação de casa...
- Sente falta da sua mãe? - Ele afirma com a cabeça. Mordo o lábio. - Eu seria muito egoísta se quisesse ter minha mãe aqui? Quer dizer eu sei que talvez ela não me ame, que talvez ela tenha ido pra buscar a felicidade. Mas ainda queria ter ela aqui, mesmo que ela agisse de maneira estranha e fria, eu só queria saber o que é ter uma mãe de verdade....
- Eu não acho errado você querer ter ela aqui, até eu queria que minha mãe estivesse aqui. Ela saberia como lidar com Alice em alguns momentos em que fico completamente sem saber o que fazer, como quando ela fica doente.
- Mas se ela estivesse aqui, estaria sofrendo...porque estaria comigo, sua mãe estaria orgulhosa, olha só pra você....
- Annie acredite quando digo que ela não estaria bem, se eu tivesse a chance de fazer as coisas de forma diferente no passado ela estaria aqui, mas acho que foi melhor assim. - Ele não falou de forma rude, mas de forma contida.
Seu um suspiro e se virou pra panela. Ele não esta me contando alguma coisa.
- Ei... - Pego em seus ombros e o faço virar pra mim - Descupa... - Mordo o lábio, não quero ficar brigada com ele ainda mais agora que já usei demais da sua ajuda... - Não devia ter perg....
- Não, tudo bem. É só que eu não gosto muito de falar da minha mãe, mas não devia ter descontado em você. Desculpa. - Ele mal termina de falar e o telefone toca. Seu rosto se contorce em uma careta muito fofa, sorrio com isso. Ele me manda um olhar de repreensão, mas está sorrindo então sei que esta brincando.
Ele saiu pra atender o telefone a alguns minutos, eu resolvo provar do seu molho de pimentão.
Quando ele volta não está com cara de bons amigos, isso me surpreende um pouco porque nunca o vi assim. Ele se senta em um dos bancos da bancada. Eu vou até ele receando o que vai falar.
- O que houve? - Ele suspira de forma cansada.
- Valter voltou a falar em nos mudar-mos de novo.... - Recuo um pouco.
- Quando? - Minha voz falha e eu me sinto prestes a perder o chão.
- Ei! Eu não vou, ok? Por ele íamos hoje, mas felizmente tem muitas coisas que me prendem aqui, como você, o novo médico da Alice, a escola. Eu não vou embora, ok? - Procuro em seus olhos indícios da verdade .
- Promete?
- Prometo. - Ele me abraça beijando minha testa. Se ele for vou ficar sozinha, sem os abraços, aquele sorriso que me faz ter a sensação de casa. Não importa o que acontecer ele não pode ir embora. - Agora senta, que eu vou fazer você esquecer aquela comida mexicana com o meu tempero extraordinário.
Sorrio com sua fala. É, ele definitivamente não pode ir embora.
oOo

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