Capítulo 10 - Thomas

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Qual foi a minha reação? Eu fiquei paralisado.
Eu não fiquei surpreso com o fato dela falar em namorar ou até mesmo com a possibilidade dela já estar namorando às escondidas.
Fiquei surpreso por ela estar me perguntando se poderia namorar, como se eu à tivesse proibido.
- Tom fala alguma coisa! - ela falou com um tom de pânico se esgueirando por sua voz, como se ela tentasse esconde-lo, mas não conseguisse.
Só depois que ela falou, que eu percebi que não tinha falado por bastante tempo. Como não tinha ideia do que falar, então descidi ganhar tempo. Me levantei do chão, sem olhar em seus olhos, me sentei ao seu lado, ela ainda estava deitada, mas percebi que ela se encolheu um pouco, como se esperasse uma bronca.
- Não acredito que está me perguntando isso. - falo com um tom de surpresa, mas Alice não percebeu isso, pois logo falou com contrariedade na voz.
- Tom, qual é? Não é tão ruim assim, quando você namorou a primeira vez era mais novo que eu!
- Ali, não falei isso num sentido ruim. - falei com um tom calmo - É só que... estou surpreso de você estar perguntando isso pra mim.
- E você acha que eu iria perguntar pra quem? - percebo que ela não falou com o intuito de ofender o me deixar mal, mas como se quisesse saber de verdade."Ela deve pensar que quero fugir da promessa que fiz de sempre escuta-la"
- Ali eu te amo, gosto quando me procura pra conversar, mas eu nunca achei que fosse me perguntar algo assim.
- Porque? Eu sempre te procuro pra tudo. - ela fala com uma mágoa quase imperceptível na voz.
- Eu sei e gosto disso, pelo menos assim não faz besteira. - falei colocando um pouco de humor na frase, ela deu um sorriso discreto, mas aquela mágoa ainda estava em seus olhos - Mas o que eu quis dizer é que eu achei que quando fosse namorar só iria me falar quando já estivesse acontecendo, entende?
Ela faz uma careta e depois acena confirmando que entendeu, mas logo ficou com um ar apreensivo novamente.
- Você não respondeu minha pergunta. - ela fala mordendo o lábio inferior, o que significa que está com medo da minha possível resposta.
- Essa é uma boa pergunta, mas me conte toda a situação. Chega pra lá! - falo empurrando ela mais para o lado no sofá, para podermos deitar juntos. Como ela é menor deitou de lado com a cabeça em meu peito, enquanto passei o braço ao seu redor.
Aí você pensa:"Thomas isso não é coisa de namorado ou de alguém com segundas intenções?"  Não, sempre vi Alice como uma irmã mais nova, nunca com segundas intenções. Quando Alice tinha crises durante a noite ela vinha ao meu quarto e dizia que ela se sentia mais protegida quando estávamos nessa posição.
- O nome dele é Jonathas, ele veio aqui fazer o trabalho comigo lembra? - ela continua assim que aceno com a cabeça - Ele que me chamou pra fazermos o trabalho juntos, no começo achei que só quisesse ser meu amigo, não vi segundas intenções nele. Na sexta ele me perguntou o que eu diria se ele me pedisse em namoro.
Ela não continuou, eu realmente estava curioso pra saber o que ela disse à ele, mas sabia que também estava constrangida porque sabia que eu iria perguntar, então perguntei mesmo assim. Confuso né?
- O que você respondeu? - perguntei tentando parecer inocente, ela sabia que eu só estava curioso, mas respondeu mesmo assim.  
- Nada, eu fui literalmente salva pelo gongo, o sinal bateu e eu disse que estava atrasada, fui pra sala e não nos falamos mais. Você acha que ele estava falando sério?
Pensei um pouco no assunto, pelo tom de voz dela, dava pra perceber que ela queria uma resposta positiva. Eu entendia Alice, ela nunca ligou muito pra essas coisas de festa, garotos, pegação e bebidas, mas eu já sabia que um dia ela iria querer ser desejada. Porém eu também sabia que muitos garotos só iriam querer se aproveitar dela, sendo assim a única opção que me restava era alerta-la.
- Eu não sei, depende da forma como ele te falou isso. Mas fique atenta, você é bonita e alguns garotos só vão querer se aproveitar de você, então, em todo caso, não conte todos os seus segredos, suas inseguranças e incertezas, está bem?
Ela suspirou, mas acabou concordando. Embora ela não tenha ficado feliz com a minha resposta, sabia que eu estava certo.
-  Posso fazer uma pergunta? Mas se for responder tem que ser sincero! - ela fala um pouco hesitante, aceno com a cabeça, mas ela continua hesitante. - Promete?
- Prometo.
- Você disse que alguns garotos só vão querer se aproveitar de mim, o que me faz pensar se você já se aproveitou de alguma garota. - ela falou tudo isso muito rápido e em uma voz baixa, tá legal agora eu estou surpreso!, "De onde essa menina tira essas coisas"
Por um instante fico sem palavras, penso em mentir ou contar somente meia verdade, "mas como vou poder exigir a verdade dela se não sou sincero?", acabo optando por ser sincero.
- Eu já namorei sério, você sabe disso, mas também tive casos nada sérios, porém sempre deixando minhas intenções claras com a garota. Essa resposta satisfez a sua curiosidade?
- Não, não por completo. Você já... você sabe... - ela não terminou a frase mas eu sabia o que ela quis dizer e fiquei surpreso dela ter perguntado sobre sexo.
- Não e eu realmente espero que se em algum momento você pensar em fazer, que não faça apenas pelo momento. - "eu falei isso mesmo?"
- Eu achei que você já... você sabe, quando você estava namorando a Nathália. Vocês pareciam felizes juntos, mas pra falar a verdade eu nunca gostei dela.
- A Nathália é passado, mas respondendo à sua primeira pergunta, é claro que deixo você namorar, não vou proibir, mas não confie tanto nesse Jonathas, talvez você goste dele, mas ninguém vai te amar e te entender como eu. - não pude ver seu rosto mas sábado que ela estava pensando profundamente no assunto - Agora eu tenho que fazer um relatório pro Valter, vai pensar no que eu disse?
Ela deu um aceno confirmando, eu me levantei e fui para o meu quarto. O resto do meu domingo foi assim, monótono, fiz o relatório de Valter e mandei para o e-mail dele. Um pouco antes de ir dormir recebi uma mensagem do Zack (um garoto que conheci na escola, somos colegas), perguntando se eu gostaria de ir à uma festa que iria ter na cara do Max, respondi que não iria e fui para cama pensando em como a minha primeira semana de aula foi agitada.

Não sei quanto tempo passei afogado em pensamentos, mas fui tirado deles por gritos no quarto ao lado. Os meus movimentos seguintes são automáticos: levantar da cama, abrir a porta do quarto da Alice correndo.
Alice está chorando com a cabeça enterrada no travesseiro, sou tomado por um instinto protetor, sento ao seu lado na cama e tento acorda-la de leve mas ela continua chorando, então começo a sacudi-la de leve
- Ali acorda, Ali! - ela acorda de supetão e começa a se debater tentando se soltar, mas não consegue.
- Ali tudo bem, sou eu, Tom. - ela para e me olha por um instante, pra logo depois jogar os braços ao redor do meu pescoço - Está tudo bem foi só um sonho, eu estou aqui!
Depois de alguns minutos tentando acalma-la sem sucesso, deito ela na cama (sem deixar de perceber a mão trêmula) e faço um carinho até ela fechar os olhos, quando penso que ela já dormiu e estou indo em direção à porta ela fala baixo, como um sussurro.
- Tom, fica. - ela fala em um tom suplicante, mas baixo como se estivesse com medo da resposta.
Dou meia volta e enquanto volto a sua cama, lhe lanço um sorriso sincero, me deito ao seu lado com a cabeça dela em meu peito, sem questiona-la pelo sonho, sem dizer nada. Ela se aconchega um pouco mais em mim e cinco minutos depois já está dormindo. Fico à observando por um tempo e sem perceber sou levado ao mundo dos sonhos.

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