Capítulo 29 - Thomas

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Meu telefone toca ao fundo da minha mente e eu sei que devo atender.
- Alô?
- Tom, eu preciso de você... - Sento na cama com um salto, sua voz está chorosa.
- Eu estou aqui, o que houve? - Eu falei de forma calma, mas estou muito preocupado, ela demora um pouco para responder, está fungando. - Se acalma Bi, me diz o que aconteceu e eu vou tentar te ajudar.
- Eu tive um pesadelo, eu acho que acabei gritando, quando acordei meu pai estava batendo na porta furioso por eu ter trancado. Depois que eu abri ele brigou comigo - Me sinto cultado, eu disse pra ela trancar a porta. Mas será que ele não viu que ela não estava bem? Será que ele à ama de verdade? - Me tira daqui por favor, quero ficar com você... - Eu já estava sentado, mas agora estou no closet procurando uma calça, porém esqueço de responde-la.
- Tom? O que está fazendo? - Ela pergunta receosa.
- Neste exato momento estou vestindo uma calça, vou chegar aí em 20 minutos, pode aguentar isso pequena? - Ela não parece se importar com o apelido, apesar de que estamos sozinhos...paro de divagar sobre isso e presto atenção na sua resposta.
- Não dá pra ser mais rápido? - Ela de lamenta ao fundo.
- Bi, fica calma, ok? Faz o que eu te ensinei até eu chegar e me conta o número das respirações quando eu chegar, pode fazer isso?
- Sim...
- Tudo bem, eu vou ter que desligar, vai ficar tudo bem, é só respirar fundo.
- Vem logo.
Antes de sair passo no quarto da Ali, só para confirmar que ela está dormindo, mas me surpreendo ao ver que ela não está no quarto, porém ao olhar na direção da escada vejo a luz acesa.
"Não acredito que ela está assistindo TV de madrugada!!"
- Alice Thompson! O que está fazendo acordada até de madrugada?! - Paro em frente a TV, ela se assusta.
- Você deixou eu assistir esse filme, lembra? - Ela fala receosa.
- Era pra assistir uma vez não várias. - Sua expressão muda para preocupada.
- Essa ainda é a primeira vez....sabe que ainda é 11:30, né?
- Eu dormi pouco assim? - Ela confirma, porém seus olhos logo se desviam para as minhas roupas.
- Aonde você vai?
- Bianca está com problemas, vou ajudar. Assista esse filme no seu quarto, ok? E desculpe ter brigado com você, boa noite. - Dou um beijo em sua testa e saio voando sem dar à ela a chance de falar algo mais.
oOo
Paro em frente a casa dela e mando uma mensagem avisando que já estou aqui, 5 minutos depois ela fecha a porta com cuidado e vem correndo até mim. Ela está chorando compulsivamente, tento acalma-la, mas ela não para.
- Entra no carro, Bi. Vou te tirar daqui. - Abro a porta e ela pula pra dentro dele. Dou a volta e entro, saindo de forma silenciosa.
Paro algumas ruas depois da dela e me viro para vê-la. Ela está abraçando os joelhos com os olhos fechados.
- Vem cá. - Passo meus braços ao seu redor - Em que número está? - Ela continua respirando fundo.
- Eu não sei, fico perdendo a conta à cada 5 segundos. - Seu rosto está enterrado em meu peito, por isso a resposta sai abafada. Ela treme, eu não sei se é de frio ou de medo, mas a conforto do mesmo jeito. Sem me mexer demais pego o meu casaco no banco de trás e a cubro com ele.
- Está tudo bem, não precisa ter medo... - Beijo sua testa e repito a mesma coisa várias vezes até ela ficar um pouco mais calma.
- O que quer fazer agora? - Ela parece com sono.
- Eu não sei...só...fica quietinho... - Sua testa está no meu ombro. Logo o o carro. - Onde vamos? - Ela está alarmada, isso me faz ficar receoso.
- Vou te levar pra casa...
- Não, não por favor! Eu não quero ter que voltar... - Ela me interompe desesperada, agarrando minha camisa e voltando a chorar.
- Ei! Calma, eu não vou te levar pra sua casa, vou te levar pra minha. Acha mesmo que depois do que aconteceu, vou realmente deixar você voltar pra lá? - Ela se acalma.
- Verdade? - Sinto vontade de protegê-la, ela está tão indefesa, tão frágil...
- A mais pura verdade. Volta a dormir. - Termino dando um beijo na sua testa, ela volta a por a cabeça no meu peito, espero até sua respiração ficar uniforme pra começar a dirigir.
oOo
Chegamos à alguns minutos, ela dorme tranquilamente na minha cama, mas eu preciso de uma água com açúcar.
Desço e encontro Alice tomando água.
- A Bianca está bem? Vi você chegando com ela... - Pego a garrafa da sua mão e despejo no colo, junto com o açúcar que já coloquei.
- Não era pra você estar dormindo?
- Fiquei preocupada.
- Ela teve alguns problemas em casa e tive que trazê-la pra cá.
- Ela não está machucada, está?
- Não, - "Não fisicamente" completo mentalmente. - Amanhã é dia de escola, pega um táxi, porque eu não vou conseguir te levar. Ok? - Ela acente, parece tensa. - Não comenta com ninguém sobre essa noite, nem eu e nem ela vamos para escola, pode ficar um tempo fora depois da escola?
- Posso, mas Tom, eu entendo, você é namorado dela e quer ajudá-la, mas você nunca fez isso por ninguém e vocês só namora a umas duas semanas. Porque está fazendo isso?
Respiro fundo antes de adimitir isso em voz alta.
- Eu amo ela, não é como foi com a Nathalie ou as outras é....mais, bem mais.... - Ela morde o lábio antes de dar a volta no balcão e me abraçar forte.
- Tudo bem, só não se machuque de novo. E não machuque ela, gosto de ver vocês dois felizes. - Ela dá um beijo no meu nariz e sobe sem olhar pra trás.
Dou um pequeno suspiro cansado, acho que vou dormir no sofá hoje. Vou até o meu quarto para pegar algumas cobertas, porém assim que abro a porta vejo Bianca, com a respiração descompassado, sua mão está amassando o pano da cama fazendo os nós dos seus dedos ficarem brancos.
Seus olhos de abrem de repente e passeiam pelo quarto, acho q ela não me viu, pois ela começa a chorar. Só então saio do meu estado de choque.
- Ei, tudo bem. - Chego perto devagar, ela me olha e estica os braços, querendo um abraço.
Ao invés de simplesmente abraça-la, trago ela para o meu colo, ela é leve. Ela agarra minha camisa com força, escondendo seu rosto ali, posso sentir suas lágrimas molhando a minha camisa, mas não ligo.
Massageio suas costas que dão leves espasmos quando ela soluça.
Quando acho que ela finalmente dormiu, resolvo colocá-la na cama novamente.
Vou até o closet e pego algumas cobertas, quando volto para o quarto, encontro ela acordada, com um olhar perturbado mascarado pela calma.
- Oi... - Sento ao seu lado e olho em seus olhos.
- Fica comigo, pelo menos até eu dormir, por favor.... - Sua voz é falha, quebrada, não gosto de vê-la assim.
- Fico, eu vou apagar as luzes lá em baixo e já volto, ok? - Ela confirma com um movimento com a cabeça.
Desço até o segundo andar e apago as luzes, verifico a porta.
Apago a luz do corredor, essa que eu acendi quando desci, para que ela não ficasse no escuro, a porta do quarto estava aberta.
Antes de ir me deitar ao seu lado ligo a luz para verificar se ela ainda está na cama.
Seus braços estão ao redor das suas pernas, sento ao seu lado na cama com meus braços a protegendo de tudo e todos com a mão direita acendo a luz do abajur e apago a luz do quarto. Ela fica tensa por um minuto, mas logo se aconchega em meu peito, me ajeito melhor na cama, fazendo ela ficar com a cabeça escondida na curva do meu pescoço. Sua mão esquerda esta sob o meu peito em quando eu a seguro com a minha mão direita, sua cabeça esta apoiada em parte pelo meu braço esquerdo, em parte pelo meu peito. Ela está respirando fundo.
- Está tudo bem agora, ninguém vai te machucar. Eu não vou deixar. - Falo logo dando um beijo em sua testa.
Ela relaxa o corpo, depois de 5 minutos sua respiração se torna uniforme e tenho certeza que ela já se entregou ao sono.
- Eu prometo. - Falo com outro beijo em sua testa. Me deixo levar para os domínios de Morfeu pra me juntar à ela.

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