Capítulo 38 - Thomas

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Assim que ligo o carro em direção à casa de Bianca me permito sentir um pouco de esperança.
Ainda não acredito que Valter a convenceu a terminar comigo. Mas ainda não acredito em como ela acreditou...
Paro em frente a casa dela. Respiro fundo. Penso em algumas palavras que precisam ser ditas e saio do carro.
Minhas mãos soam de nervosismo, deve ser por isso que não me lembro das palavras que escolhi pra essa conversa.
Antes de bater na porta ouço sons de correria na casa e algo caindo, provavelmente um vaso.
Quem abre é quem acredito que seja o pai da Bi, Sr. Chase.
Ele usa uma calça e camisa social, deve ter chegado do trabalho....
- Olá Sr. Chase, eu gostaria de falar com a sua filha, eu posso? - Minha voz sai de forma calma, mas por dentro tenho medo que ele feche a porta na minha cara.
- E quem é você? - Ele faz uma cara brava. Parece estressado. Só então percebo que não disse meu nome.
- Oh! Me desculpe, meu nome é Thomas Thompson. E eu e sua filha somos.... - Na verdade eu não sei como me apresentar pra ele.
Bi dizia a ele que eu era um amigo, eu apoiei, mas nunca realmente gostei, porém nunca a pedi realmente em namoro.
- Tom? - Escuto a voz que mais me acalma no mundo e olho na direção da escada que fica bem em frente a porta.
Ela está com um short curto e um moletom meu que ela sempre gostou e quando passamos a morar juntos passou a ser dela. Ela dizia que ajudava a dormir quando eu não estava.
- Oi.... - Abro um meio sorriso involuntário e ela meio que corresponde, mas quando o Sr. Chase dá um leve pigarro ela fecha o sorriso e eu também. Acho que ela ficou feliz por me ver. Isso é bom, certo?
- Pai eu cuido dele. Ok? - Ela termina de descer a escada e para ao lado do pai o olhando.
- Nem pensar! Você está de castigo, mocinha! - Ele faz uma cara de bravo.
- Você disse que eu não poderia sair de casa e eu não vou sair, só vou levá-lo de volta até o carro dele que está na calçada da nossa casa. Então tecnicamente não vou estar saindo de casa. - Depois desse argumento, ele deixa ela me acompanhar, mas diz que vai ficar de olho.
Quando ela sai de dentro de casa e fecha a porta eu faço menção de falar algo, mas ela faz um sinal com a mão que me faz parar.
Ela vai andando em direção ao meu carro e eu me questiono se ela vai realmente fazer o que disse para o pai.
- O que está fazendo aqui? - Em meio as minha dúvidas, não noto que ela parou e se virou pra mim
- Eu precisava te fazer uma pergunta.... - Seus lindo olhos me encaram em dúvida e vejo um pouco de hesitação neles. - Porque?
Ela engole em seco e desvia os olhos para a grama, passa a língua nos lábios (belos lábios) e me olha.
- Eu não sei do que está falando. - Sua voz sai firme e qualquer pessoa que não a conhecesse diria que ela está falando a verdade, mas eu sei que ela está escondendo algo.
- Sabe sim. Eu quero saber porque terminou comigo e eu quero a verdade. Toda ela! - Ela fica nervosa e olha para os lados, procurando uma saída.
Agora eu tenho certeza que tem algo mais, a suspeita de Valter ter falado com ela era só isso mesmo, porém agora eu tenho certeza.
- Bianca, por favor! Seja lá o que aconteceu, nós podemos resolver, só não acabe com a melhor coisa que já me aconteceu! - Seus olhos ficam marejados e ela sussurra algo pra si mesma que eu não consigo escutar - Bi, não faz isso...por favor....
- Não posso. Não posso fazer isso com você, é tão errado..... - Ela está de olhos fechados falando consigo mesma. Suas mãos estão uma de casa lado da cabeça e ela de vira de costas.
Abraço suas costas, colocando meu rosto em seu pescoço, senti tanta falta desse cheiro de limão....
- Eu posso fazer funcionar Bi, se você me disser onde eu errei, eu vou poder melhorar, eu juro. - Eu sei que não estou sendo sincero, mas quem sabe assim ela me fala mais rápido.
Ela está chorando e isso me corta o coração. Ela se vira e me abraça forte ainda chorando.
- Desculpa....eu não queria, mas eu achei que era o melhor pra você.....
- Não acha que sou eu quem tem que decidir? - Me afasto levemente e limpo suas lágrimas.
- Eu sei, mas você é um pouco lento pra isso. - Ela dá um sorriso fraco e eu concordo com a cabeça - Você nunca parou pra pensar que eu não sou a melhor companhia pra algo mais chic, eu odeio lugares muito caros e eu não sei me comportar da forma que alguém do seu lado deveria ser.
Respiro fundo para me acalmar, assim que percebo que não foi só o que Valter disse e sim, algo que a faz se sentir insegura.
- Bi, antes de você aparecer na minha vida, eu namorei duas vezes e nessas duas vezes foram garotas que como diz o Valter são do meu "meio social". E as consequências foram desastrosas. A primeira só queria o meu dinheiro e a segunda terminou comigo por esse mesmo motivo, mas na verdade estava se fazendo de vítima.
"Eu amo você e não importa se você ainda não se sente pronta pra dizer o mesmo, eu só quero que saiba que independente de qualquer coisa eu sempre vou te amar. E se você quer saber eu também odeio jantares muito chics.
Tem lágrimas em seu rosto e ela me beija, sem se importar com qualquer coisa.
- Desculpa....nunca mais quero me separar de você....nunca mais. - Ela me abraça e fala ao meu ouvido.
- Tudo bem, meu amor.
Depois de algum tempo sentindo o cheiro de limão que eu tanto gosto, sentamos na grama e conversamos por algum tempo sobre coisas aleatórias.
- Sabe, acabei de decidir uma coisa....- Ela fala de repente. - Está mais do que na hora de eu apresentar você ao meu pai.
- Bi, eu acabei de conhecer seu pai.... - Ela ri baixo e fala.
- Não bobinho, como meu namorado! Vem vamos. - Ela pega minha mão e me arrasta pra dentro da casa.
Assim que passo pela porta escuto o Sr. Chase falando.
- Bianca era para você levar ele até o carro e então ele iria embora. - Ele fala como se estivesse explicando algo para uma criança.
- Eu sei pai, mas eu mudei de ideia. - Perante o olhar de interrogação do mais velho ela começa a explicar. - Não achei justo falar a você, quando me pedisse uma explicação, que Tom é apenas um amigo. - Ouvir isso doeu mesmo que eu já soubesse que ela diria isso.
- Por isso resolvi apresenta-lo a vocês - Agora ela fala se dirigindo a todos que estão na sala, as crianças, Joana e o Sr. Chase. - Pai, esse é o Tom meu namorado e Tom, esse é o meu pai.

OoO

Depois que fui apresentado ao meu sogro, ele me olhou meio desconfiado, mas me convidou para o jantar.
Peço alguns minutos para poder ligar para Alice.
- Ali, tudo bem por aí? - Ela confirma e pergunta se consegui reatar com Bianca. Consigo sentir o olhar do Sr. Chase queimando em minhas costas. - Sim, mas eu vou ficar por aqui. Me convidaram pra jantar.
Depois que ela consegue se acalmar, pergunta se pode chamar Lucas para assistir um filme. Eu deixo com a condição de que se eles se beijarem ela vai me contar
Quando volto a me sentar na mesa, o Sr. Chase tem algumas/muitas perguntas.
- Qual o seu nome garoto? - Seu olhar não deixou de ser desconfiado.
- Thomas Thompson, senhor.
- Quantos anos você tem?
- Tenho 16 anos, senhor.
- Não aparenta essa idade. O que o seu pai faz?
- Eu não conheci meu pai.
- O que sua mãe faz? - Até esse momento minhas respostas estavam no automático, eu não pensava muito.
Mas quando ele perguntou da minha mãe, eu travei.
- A mãe dele morreu a muito tempo, pai. - Depois que Bianca conta a ele, sua expressão muda para surpresa.
- Oh! Eu sinto muito Thomas. Mas se não essa fatalidade aconteceu com sua mãe e você não conhece seu pai. Com quem você vive? - Sua voz se torna mais branda.
- Antes da minha mãe morrer, ela se casou. Então eu tenho um padrasto.
Nesse momento Joana entra na sala de jantar com uma travessa nas mãos.
- Perdão Thomas, mas eu não pude deixar de achar seu sobrenome bem conhecido. - Engulo em seco.
- Pode ser que a senhora já tenha visto em algum jornal ou revista. Meu padrasto é Valter Thompson.
Eles parecem surpresos por um instante e não posso deixar de notar um brilho diferente no olhar de Joana.
Depois disso, Bianca me serviu. Era lasanha e estava deliciosa. O jantar correu normalmente, com mais algumas perguntas da parte do senhor Chase, mas me saí bem.
Quando ao final veio a única pergunta que faltava, porém a que eu sabia a resposta desde que pedi a Bianca uma chance.
- Quais são as suas verdadeiras intenções com minha filha?
- Quero acordar todos os dias com a certeza de que vou fazer-la mais feliz do que fiz no dia anterior. Quero o melhor pra ela, mesmo que me machuque.
Ele me olha por alguns segundos, para logo em seguida se levantar vindo até mim, eu me levanto acompanhando seus movimentos.
Ele estende a mão em minha direção e eu a aperto.
- Cuide bem dela. - Pelo seu tom de voz sinto o quanto é difícil pra ele deixar a filha nas mãos de outro.
Mas não impotorta o que aconteça, eu sempre vou estar aqui por ela e para ela, mesmo que essa aproximação me quebre ou me destrua.
Nunca vou deixar de ama-la....

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