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O número me parecia familiar, comecei a observa-lo, era como uma tatuagem, ou um código de reconhecimento, Mortes, essa palavra veio em minha mente, esse número conta os dias que restam até o dia da morte, interessante.

-Ei, coloque as mãos para o alto! - disse uma voz feminina atrás de mim.

Me virei, e vi Lia, segurando uma espingarda, até que ela me reconheceu, e largou a arma deixando que ela caísse no chão.

-Seth! O que aconteceu? Onde estão as pessoas? O que é isso? - perguntou ela mostrando seus números na mão.

-1017, que sorte! - disse

-Como assim? Do que você sabe? O que você está escondendo Seth?

-Calma Lia, eu vou te contar tudo o que eu sei! - disse abraçando a. Percebi que ela estava tremendo, seu coração estava acelerado, e estava chorando.

Algumas horas haviam se passado, eu e Lia estávamos na sala, e eu estava contando tudo o que sabia, até mesmo sobre meus poderes, não sei porque contei a ela, mais quero confiar em alguém, e ela parece ser a pessoa perfeita para isso.

-Então, eu tenho 1017 dias de vida, quase 4 anos! - disse ela

-Sim.

-Mais e os poderes, será que eu tenho?
-Duvido muito! - digo, ela arregalou os olhos como se tivesse uma idéia.

-Você já parou para pensar que talvez vc seja especial, que nada tenha sido por acaso - neguei com a cabeça - Seth, pensa, você tem essas dores de cabeça desde que você nasceu, e é apartir delas que você tem visões, talvez... Você tenha sido escolhido, ou selecionado logo quando nasceu.

- Lia pare de bobagem, eu não tenho nada a ver com isso! - négo de imediato, mesmo acreditando em tal hipótese - Acho que você está na linha errada, pense, porque nós em 7 bilhões de pessoa fomos os escolhidos? Se nós somos os 2% restante estão somos especiais!

- Tem razão. - diz ela pensativa.

Ficamos alguns minutos em silêncio, até que ele se quebra com o som de uma buzina vindo de muito longe, saímos correndo para fora da casa, vamos para o meio da rua, e quando finalmente havistamos o caminhão causador da buzina, vejo o homem que está dentro dele pegando fogo.

- Ele está pegando fogo? - pergunta Lia para mim.

- Sim, é o poder dele, vamos embora. - digo puxando seu braço.

Mas o caminhão acelera com a descida, e quando olho novamente para ele, vejo o muito mais perto, tento puxar Lia, mas ela corre com dificuldade, quando o caminhão está bem próximo de nós, paramos no asfalto e observamos ele passar, mas algo acontece fazendo o virar brutalmente em nossa direção, corremos para o jardim da casa ao lado, e o caminhão bate de encontro com a casa, fazendo ele finalmente parar.

- Que loucura! - digo para Lia, espero que ela responda, mas não ouço o doce som de sua voz, quando viro para trás, vejo o corpo dela no chão, cortado em dois pedaços, cheio de sangue, seu quadril foi separado pela roda do caminhão.

Grito!! Um som ensurdecedor de raiva e medo, eu não acredito que ela esteja morta, vou até seu corpo no chão, sua tatuagem ainda esta intacta, mas algo esta errado, muito errado, eu sinto seu pulso, do nada seus olhos se abrem e olham para mim, dou um salto para trás com o susto que levei, ela olha assustada.

- Seth o que aconteceu? - pergunta ela, como se não soubesse como seu corpo está no momento.

Não respondo, apenas observo o milagre que se passa por trás de seus olhos, não sei o que está acontecendo, mais seu tronco está se costurando com a outra parte de seu corpo, esse deve ser o poder dela, regeneração. Depois de 5 minutos, seu corpo está perfeito como era antes, sem cicatrizes ou cortes. Lia se levanta passa a mão barriga, e olha para mim surpresa.

- Isso realmente aconteceu???

- É um milagre, é o seu poder! - digo a ela, com um sorriso no rosto.

- Isso é incrível, é como se eu fosse imortal ! - diz ela rindo.

Uma explosão vinda do caminhão destruído acaba com nossa conversa, vou até o caminhão, e tiro o corpo do rapaz de dentro dele, diferente de como pensei que estaria, a pele está fria, e não torrada como imaginava, pego seu braço, arregaço a manga de sua blusa, e vejo seu número: 251

De repente, o número começa a diminuir como uma roleta, de um por um, até chegar no 0 e a tatuagem desaparecer como se nunca estivesse existido.

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