Muitas pessoas julgariam minha infância e adolescência uma fase triste, na qual serviria de exemplo ruim para crianças comuns em famílias convencionais. Entretanto, nunca vi desta forma. Considero aquela época a melhor da minha vida.
Eu era a única criança que ia para a escola com uma babá exclusiva e dois seguranças para a minha proteção. Todos os alunos queriam ser meus amigos para poder brincar com minhas bonecas, que não eram encontradas no Brasil, e meus jogos trazidos direto do Japão. Claro que eu emprestava, quero dizer, fazia trocas. Eu pedia para minha babá contar dez minutos, e então dava meus brinquedos, quando o tempo acabava eles tinham que fazer algo em troca para mim. Como fazer meus deveres, ou apontar meus lápis de cor. Meu pai sempre me dizia para não dar nada de graça, pois tudo que eu vejo, escuto, e sinto é comprado com o suor dos outros (no caso seus empregados).
Aos doze anos comecei meu treinamento. Sim, um treinamento para mais tarde assumir os negócios da família. Ganhei um tutor, (a primeira pessoa que me fez sentir desejo) pois meu pai disse que não se envolveria diretamente, já que era um homem muito ocupado.
Somente aos dezesseis anos fui informada sobre o real propósito de horas e horas de lutas, tiro ao alvo, e simulações de fulga em perseguições policias. Meu querido pai desejava que eu assumisse suas preciosas boates. Então você se pergunta o porquê de tudo isso para gerenciar um lugar noturno? Não é um local qualquer, mulheres são levadas para lá e viram escravas sexuais. No começo era difícil olhar para o estado deplorável em que elas viviam, porém, sempre mantia em mente os mandamentos do Sr. Pacheco "minha filha, para o sucesso dos superiores, é necessário o sacrifício dos ignorantes".
Claro que tive que fazer uma faculdade, escolheram direito para mim, afinal, só aprendendo a justiça saberei como fugir dela. No entanto, não exerço a profissão, faço o que fui treinada para fazer. Gerencio todas as boates e faço de tudo para manter a polícia longe, o que não é difícil.
Ano passado descobri o que há anos pergunto ao meu pai, mas ele faz questão de repreender minha curiosidade. Sempre quis saber. O que aconteceu com minha mãe?
*Flashback onCerto dia, eu estava colocando um biquíni para ir fazer bronzeamento quando passei em frente aos aposentos do Sr Pacheco, e ele conversava com Paloma, a governanta que me criou.
- Pare de tentar me dizer o que devo fazer com Adriana, você apenas fez seu trabalho, paguei você para cuidar dela quando criança.
- Escuta aqui, Eduardo - disse ela, apontando o dedo para ele. Espera! Ninguém chama meu pai pelo seu nome - Não interessa o quanto você esconda. Eu sei que você matou Heloisa, porque não aguentava mais ser mantida presa nessa casa. Ela pretendia fugir com Adriana.
Ele fez o que? Matou minha mãe? Como ele teve coragem?
- Cala a boca! Te proíbo de comentar isso mais uma vez! Tenho que lembra-la que sua filhinha fará sua estreia hoje na mais nova boate Lights Right.
Ele colocou a filha da Paloma como prostituta? Não sabia disso. Tenho que conversar com ele!
- Então você matou minha mãe? - falei entrando no cômodo.A governanta me olhou com lágrimas nos olhos e saiu sem dar uma palavra
- Calma princesa, não foi bem isso.
- Eu escutei pai!
- Meu amor, sua mãe não prestava, não poderia deixa-la viva para arruinar a vida da minha pérola, você.
- Pai eu te amo. É que eu...- deu um nó na minha garganta - Queria saber pelo menos como ela é. Se parece comigo. Se aprova o que faço...
- Você não precisa de mais ninguém. Têm a mim. Vamos!!! Vá para seu bronzeamento que a noite tem a inauguração da boate.
Ele beijou minha testa e saiu, fiz o mesmo. Não fiquei abalada, ele têm razão, ela não deve ter sido uma mulher digna para merecer meu pai. Quanto a Paloma, com certeza deve ter sido desobediente e eu sei como meu pai odeia matar as pessoas. Ele diz que torturar alimenta a alma. Nada pior que ver a filha sendo usada e abusada.
*Flashback off
Depois disso não ouve nenhuma outra ocasião importante. Exceto a minha história com meu médico.... essa sim balançou minha vida, e me fez perder o controle.... Matheus me aguarde!
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Defesa Quase Perfeita
Romance"- Sou advogada, não tô sendo paga para manter sua segurança, muito menos para servir de babá- disse, batendo meu pé impacientemente. - Babá? Não sou criança. Quem está agindo com birra é você.... mas se você quiser me dar banho... - retrucou Math...