Capítulo 25

13.2K 1K 7
                                    

Fazia apenas dez minutos que saímos da casa protegida. Estou ciente que a qualquer momento a polícia pode nos deter, apesar de ser uma mulher realista eu preciso mais do que nunca contar com a sorte.

- Matheus! Seu silencio me incomoda muito. Você nem perguntou para onde estamos indo.

- Acho que já está na hora da doutora se decidir, uma hora falo demais, agora meu silencio te incomoda - ele respondeu sorrindo de canto.

- Você nunca me irritou realmente, eu sempre procurava motivos para te manter longe - declarei.

- Então já que não corro risco de ser expulso do carro, para onde estamos indo?

- Para casa da Adriana - pronunciei o nome da vadia com nojo.

- Você só pode está de brincadeira! Lá têm uma segurança incrivelmente competente, vão nos pegar. Adriana nos pegará mais rápido do que esperava.

- Você é muito bobo! Primeiramente, aquela mulher é vadia, não burra, ela sabe que irei atrás de Taylor e não colocaria a casa dela como cenário. Em segundo lugar, ela não faz ideia do quão ciente dos fatos estamos, sendo assim, no momento, ela quer nos manter longe do possivel paradeiro do Tay, pois há um plano a ser seguido. Por último, ela deve pensar que não somos idiotas ao ponto de ir à casa dela, Adriana espera que nos infiltremos na equipe dela ou peguemos algum dos seus capangas para extrair informação.

- Alice, é mais seguro pegar alguem ou pagar alguém para se infiltrar. Ir até lá sem dúvida é muito idiota.

- A definição de muito idiota é parecida com a definição de muito inteligente. Acredite, eu sei o que estou fazendo. Faremos um embrulho e levaremos à mansão Pacheco, seremos os entregadores da mercadoria - falei e ele gargalhou.

- Você é incrivel, só espero que dê certo - ele disse retirando dois sanduiche da sacola que Lia me deu.

Comemos, e Matt se ofereceu para dirigir, mas recusei. Provavelmente pensa que eu não sei onde é a casa Pacheco. Claro que sei, pesquisei toda vida dela.

- Sério, não entendo porque você está muito calado. Sua função a partir de agora é me distrair - falei quebrando o silêncio novamente.

Meu cliente começou a apertar minha coxa com a mão esquerda enquanto a direita estava na minha intimidade.

- MA-MA-MATHEUS, VOU BATER O CARRO, PARE!

- É meu jeito de te distrair, não adianta dizer que não gosta, porque sua respiração descompensada te entrega - ele susurrou e em seguida mordeu minha orelha.

- Não vou dizer que não gosto, mas esse não é o momento, preciso achar Tay - disse juntanto todas as minhas forças.

- Apenas queria entender que ligação você possui com esse homem, Taylor.

- Apenas queria entender que ligação você possui com Adriana.

- Tudo bem, conto à você o que quer saber, mas questionei primeiro, sendo assim, responda primeiro.

- Você parece uma criança! Tudo bem - fiz uma pausa, pois era dificil lembrar do passado - Quando estava prestes a terminar o ensino médio, meu pai foi preso, acusado de trafico de drogas. Ele trabalhava em uma livraria no aeroporto, e acharam vários quilos de cocaina no armário dos funcionários. Ele foi preso sem ao menos ter direito de se despedir da familia. Minha vida virou um inferno, a única coisa que mamãe me pedia era para não parar de estudar, pois havia uma grande possibilidade de conseguir uma bolsa para o exterior e sair do sufoco, assim aconteceu. Óbvio que não queria deixar minha mãe, mas não havia escolha, só assim eu teria um futuro - lágrimas  insistiam em cair pela minha face.

- Você não precisa falar, eu entendo.

- Entrei na universidade - ele limpou meu rosto e eu prossegui, ignorando sua sugestão - E Taylor era da minha sala, em uma aula descobri que seu pai era um advogado renomado e vi nele uma chance. No fundo eu tinha certeza que meu pai era inocente, ele sempre reclamava de um colega de trabalho que fazia parte de lutas clandestinas. Este homem seria o tipo de pessoa que participaria de algo ilegal, não um trabalhador igual meu pai. Criei coragem, e falei com Taylor no refeitório, expus minha situação e prontamente ele se dispôs a ajudar, marcando um jantar com seu pai no final de semana. Desde desse dia não desgrudamos mais, estudavamos juntos, comiamos juntos. Quando o sábado chegou, coloquei meu melhor vestido e encontrei Tay no seu carro.

- Então o pai dele livrou seu pai?

- Calma - sorri fraco - Nós chegamos, e o pai dele era a arrogância em pessoa. Humilhou à mim por ser filha de um criminoso e ao Taylor por tentar ajudar uma coitada que nem eu. Meu amigo se revoltou, gritou com o pai, disse que ele perdeu um filho. Simplesmente saiu à favor de uma mulher que acabara de conhecer, e quando mais tarde questionei tal atitude ele falou "fiz o que era certo. Vou te ajudar, eu prometi". Conseguimos ajuda de um amigo do pai dele, que inclusive é daqui do Brasil.

- Então seu pai foi inocentado?

- Não adiantou. A última vez que vi meu pai, foi algemado. Antes do julgamento ele teve um enfarto e morreu.

- Sinto muito - ele disse fazendo carinho no meu cabelo.

- Pelo menos consegui vencer e arranjei um irmão. Mais que amigo, Taylor é parte de mim.

- Ali, ele não tem nada a ver com a confusão em que estamos. Vamos salva-lo, tenha certeza disso.

Não sei exatamente o porquê, mas senti um alivio sem limites. Matheus mexe mais comigo do que eu gostaria.

-  Sua vez! - falei com diversão na voz.

- Adriana foi a primeira mulher que amei, e pensei construir uma família - confesso que essa afirmação me deixou incomodada, mas tentei não demonstrar - Conhecia o sobrenome Pacheco, pois vivia na capa das revistas na sala de espera do meu consultório, no entanto, nunca vi a filha do velho rico dono de casas noturnas. Um belo dia atendi uma moça ruiva que sentia muitas dores, fiz os exames e diagnostiquei um cisto no ovário. Fizemos o tratamento, e em uma das consultas de controle ela me beijou, claro que a repreendi, pois estava em ambiente de trabalho. Mas o tesão por ela falava mais alto, então marcamos para sair, nos conhecemos melhor.

- Ela realmente é uma mulher muito bonita - falei secamente.

- Pena que é doida - Matheus respondeu brincalhão - Enfim, conheci seu pai e Iago a viu algumas vezes, mas estava com medo de assumir algo sério. Ela cansou da enrolação e me colocou na parede.

- E vocês transaram - interrompi.

- Também, mas não neste momento. Discutimos e ela saiu dirigindo feito louca, liguei para a casa dos Pacheco preocupado com ela e a governanta pediu para aguardar, mas provavelmente esqueceu que eu estava na linha. Ouvi todos a conversa deles. Falavam de tudo que faziam com as mulheres que trabalhavam na boate, achavam aquilo normal e até engraçado.

- Você não fez nada?

- Fui à policia, mas não tinha provas e o próprio delegado tirou por menos e decidi seguir minha vida sem Adriana. Sei que fui fraco. Acredite, eu realmente tentei denunciar, e eles não me deram atenção.

Olhei no painel do carro, era quase 17;30. Avistei um hotel beira de estrada e encostamos. Sei muito bem o que Matheus fez, me contou tudo muito superficialmente. Hoje não, porque a exaustão não deixa, mas quero saber a fundo o que houve para cultivar tanto ódio nessa tal Adriana.

Defesa Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora