Capítulo 31

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Alice me deu a chave do carro e sentou-se no banco do carona, seu olhar era tão frio e concentrado, que parecia a advogada de alguns meses atrás.

- Você tá legal? - perguntei.

- Sim - ela respondeu retirando um celular do porta luvas.

- Acho perigoso você usar celular - disse David.

- Não se preocupe, sei o que estou fazendo - retrucou séria.

- Como você descobriu sobre o paradeiro de Taylor? - questionei.

- Estou observando os passos dos Pacheco há aproximadamente um ano. Minha sobrinha é garçonete de uma das boates, e me contou todos os esquemas na esperança que eu pudesse fazer algo. Eu consegui algumas provas, mas antes que eu pudesse tomar providências tentaram me matar em uma perseguição. Meu carro desceu o barranco e explodiu, pulei antes, no entanto, minha esposa não teve a mesma sorte, o dossiê que levei meses para conseguir já era. Fiquei afastado um bom tempo, tentado colocar a cabeça no lugar, o que era muito complicado, pois a única pessoa que conseguia fazer isso morreu e morreu por minha culpa - olhei pelo retrovisor e a expressão do homem era de extrema tristeza - Quando retornei à delegacia o assunto do momento era a violência sexual que Adriana Pacheco havia sofrido. Não era meu caso, mas através de amigos obtive todas as informações necessárias para fazer uma investigação paralela.

- Essa mulher é ridícula, ela precisa pagar pelo o que está fazendo - Lia falou com irritação na voz.

- Não devemos confiar em ninguém, os Pacheco tem primos que são juízes e delegados, foi através de um deles que descobri o paradeiro de Taylor. Coloquei uma escuta na sala do delegado Júlio, e assim pude ouvir toda a conversa com o senhor Pacheco sobre o advogado Taylor e o que Adriana pretendia fazer com ele.

- Onde ele está? - questionou Iago e Alice continuava calada, acho que está sendo difícil para ela digerir a possibilidade de chegarmos tarde demais.

- Adriana queria leva-lo para outro estado, porém, seu pai achou melhor evitar viagens e sugeriu o deposito de uma indústria de cosméticos, um pouco afastada do centro do Rio de Janeiro.

- Como você nos encontrou ? - Ali perguntou sem retirar os olhos da estrada.

- Essa foi a parte mais difícil, acredite - ele deu uma pausa, mas logo prosseguiu - Fui avisado que o carro de Adriana foi encontrado com a frente toda amassada em uma árvore. Ela fez um B.O alegando tentativa de sequestro, mas era intrigante o fato de uma garota rica da cidade estar viajando no meio do nada.  Confesso que nesse momento quebrei minha hipótese de achar que você tinha alguma ligação com Adriana e comecei a acreditar que aquilo em frente à biblioteca foi um teatro para salvar seu cliente, e a senhorita Pacheco estava perseguindo vocês. Retornei para casa e passei um bom tempo pesquisando aquela região, algumas semanas depois fui de casa em casa na cidade próxima ao seu esconderijo e nada encontrei, quando estava voltando parei no mercado de beira de estrada e vi algumas pessoas com roupa de praia e questionei o local de onde vieram ou para onde estavam indo. Eles me disseram que a praia era próximo da casa de uma senhora rica, no entanto, eu não conseguiria aproveitar a praia naquele local, pois era cercada por seguranças e só estava disponível para banho descendo alguns metros, ainda recomendaram para eu tomar cuidado com as pedras. Obviamente desconfiei.

- Nossa! - Exclamei.

- Espero que Taylor ainda esteja lá - falou Alice e puxou o celular novamente.

Paramos em um bar para Alice ir ao banheiro, pois não se sentia muito bem, e isso estava começando a me preocupar, pois ela alegou sentir enjôo. Iago e o delegado foram ao banheiro também, enquanto Lia aproveitou  para esticar as pernas.

Defesa Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora