Desconfianças

381 18 0
                                    

  O que eu tenho a dizer sobre o jantar? Meu pai adorou o Luan. "Ótimo menino" ele disse "o mais decente que já trouxe aqui". Não tive coragem de desmentir. 

E o que eu tenho a dizer sobre o beijo? 

Infelizmente eu nunca vou esquecer dele. Só de lembrar vem um frio na barriga e um sorriso idiota no rosto, mas depois eu começo a me desesperar. Será que eu tenho algum problema? depois do que eu passei com o Lucas a última coisa que eu queria era saber de homem. Eu queria ficar sozinha e em paz. Mas aí ele aparecia e começava a mexer comigo desse jeito. 

Mas se tinha uma coisa que eu tinha aprendido era a ser forte. Então eu iria até aquele edifício fazer meu trabalho como se nada tivesse acontecido. E que Deus me ajude. 




Quando cheguei no trabalho, as coisas pareciam normais. Vi com Charlote que a porta do figurino estava trancada exatamente como deixamos no dia anterior. E graças aos céus estava tudo lá quando entramos. Passei todo o início da tarde com Lote arrumando as roupas que não tínhamos arrumado no dia anterior, e acima de tudo, evitando ir nos lugares onde Luan estava. Mas quando saí da sala pra ir inocentemente ao banheiro, eis que me aparece uma assombração. Dagmar vinha com um copo de suco que ela deixou cair em mim. Minha blusa branca deixou de ser branca e passou a ser laranja em segundos. Eu estava ensopada, e aquele sorriso nojento dela começou a aparecer. 

_Desculpe, querida - ela disse, tentando conter o riso pra não entregar a bruxa que era. 

_Não foi nada - eu respondi, tão irônica quando ela. 

Marchei atrás da minha bolsa e fui até o banheiro. Mas que inferno! Não ia dar pra ficar com essa blusa. 

Comecei a desabotoá-la quando ouço a porta se fechar atrás de mim. Mas eu já tinha fechado, não tinha?  Quando olho pra trás, vejo Luan parado, me encarando. Ou melhor, encarando meus seios. 
Eu estava sem a blusa, e não adiantaria muita coisa colocá-la de volta, toda molhada. Abraço a mim mesma e olho feio pra ele. 

_Aqui é o banheiro feminino sabia? O que está fazendo aqui? 

_Vim ver se precisava de ajuda. 

_Não preciso, obrigada. Agora sai.

_Ah, não. Claro que precisa de ajuda. Olha só pra você. - ele me olha de cima a baixo - Eu posso te ajudar com muita coisa. 

_Faz o favor de sair pra eu me vestir! 

_Eu espero você se vestir. 

_Luan! 

_Não vou sair até que esteja devidamente vestida. - ela me olha e aquele sorriso cafajeste surge - Mas não precisa se vestir agora, você é quem sabe. 

Reviro os olhos. Só meu casaquinho não ia cobrir tudo. Que droga, eu vou ficar presa nesse banheiro pra sempre e só Deus sabe o que eu posso fazer com esse homem aqui. 

_O que foi? - ele pergunta - Considerando as opções? 

_Não - suspiro - Preciso de algo mais... Coberto. - mostro o casaco pra ele. 

_Ah. - ele diz. 

E aí começa a tirar a camisa social branca dele. Era de magas três quartos, bonita, mas ele ficava melhor sem ela. Ai Jesus Cristinho. Ele começou a tirar a camisa pela cabeça, e eu sabia que ia ter um ataque do coração ali mesmo. Cardiologista? POR FAVOR? 

_Toma - ele diz - Veste isso. 

_Mas e você? - olho pra ele, sem conseguir evitar. 

_Eu tenho mais roupa minha guardada aqui pra um imprevisto, sei lá. 

Mais que AmigosOnde histórias criam vida. Descubra agora