Eu quase caí de tanto que Júlia pulava. Ela gritava no meu ouvido, o que não adiantava muito já que o barulho em volta também era ensurdecedor. Ali, naquele lugar, havia um milhão de Júlias, gritando loucamente pelo cara se apresentando no palco.
_Amiga - ela grita outra vez - Ele é lindo. LUAN GOSTOSO.
_Júlia, pelo amor de Deus, se controla.
_Não dá. Eu amo esse homem. AAAHH. Eu não te contei, mas nós vamos visitar o camarim.
_Ahn?
_Eu quis tudo que eu tinha direito. Vamos lá, ver aquele lindo.
Quando ela disse isso, eu comecei a ficar nervosa. O show passou mais rápido do que eu esperava, e nós duas fomos juntas para a fila pra entrar no camarim. A Júlia parecia que ia enfartar a qualquer momento.
Chegamos na porta do camarim, já tinha uma pequena fila. Eu e Júlia éramos as últimas da fila, e toda a vez que a porta se abria e se fechava eu ia ficando cada vez mais inquieta.
Ok, Manuela. Vamos parar com a palhaçada.
Ele deve ser totalmente insuportável, mimado, e que tem tudo o que quer. Tem todas que quiser. Um safado, como todos os homens.
Emergi dos meus pensamentos quando Júlia me abraçou, afobada, dizendo que havia chegado a sua vez.
Revirei os olhos.
_Grande coisa!
_Grande coisa? É claro que é uma grande coisa. Tomara que morda sua língua. - ela sai apressada em direção ao camarim.
_Digo e repito. Grande coisa - eu digo alto demais.
_Grande coisa o que?
Eu arregalo os olhos, quando vejo a porta do camarim se abrir. Júlia planta um sorriso no rosto.
_Diz, Dona Manuela. - ela fala, sarcástica - O que é uma grande coisa.
_Nada, uai.
_Nada - Luan, O LUAN, repete, me observando - tudo bem, quem é a próxima?
_Euzinha - Júlia diz, e dispara pra dentro, e a porta se fecha outra vez.
Eu solto a respiração, que nem tinha percebido que estava segurando.
Comecei a ficar inquieta. Meus pés começaram a se mexer até que eu estava andando de um lado para o outro. Mil coisas se passavam pela minha cabeça.
A principal era: Porque eu estou tão nervosa?
Tá, ele era bonito?
Era.
Era lindo?
Era.
Tinha o sorriso mais lindo do mundo?
Tinha, tinha sim.
Mas e daí?
De repente a porta do camarim se abre outra vez, e Júlia sai de lá com um sorriso tão grande, que parecia que tinha ganhado na mega-sena.
Luan para na porta, e me olha de novo, e percebo um meio sorriso em seu rosto.
_Agora, só falta você, certo?
_É - digo, mas minha voz quase sumiu.
Eu entro no camarim, e ele fecha a porta atrás dele. Eu olho em volta, meio sem saber o que fazer. Fiquei tão nervosa, e agora, simplesmente não sabia que atitude tomar.
Ele limpa a garganta.
_Então... - ele começa - Quer... Tirar alguma foto? Perguntar alguma coisa?
Eu fico quieta.
_Ah, nega, não fica acanhada. Eu sei que você sabe falar. eu já te ouvi lá fora.
_Eu não sou suas negas - eu solto, mais rude do que eu pensei que estaria.
_Ahn? - ele diz, quase assustado.
_Não sou suas negas. - eu repito devagar, tentando soar menos mau educada, mas é inevitável.
_Tudo bem,então. - ele diz, e o meio sorriso se abre, me fazendo olhar pra qualquer lugar que não seja pra boca dele - Você veio aqui exatamente porque?
_Pra acompanhar uma amiga.
_Então você não é minha fã?
_Gosto das suas músicas sim. Nada demais - dou de ombros, tentando soar casual.
_Claro, e posso saber seu nome?
_Manuela.
_Só Manuela?
Reviro os olhos.
_Manuela Rodrigues.
_E o que faz da vida, Manuela?
_Estudo. - respondo, mas ele me olha, como se esperasse o resto da resposta - Moda. faço moda. Estou no último período da faculdade.
_Que legal. - ele diz, e seu sotaque quase me faz rir.
_Então, Manuela Rodrigues, a nega que não é minha fã. O tempo acabou.
_Tudo bem. Então eu... ahn.. Vou sair.
_Vamos tirar uma foto!
_Não precisa.
_A foto não é pra você. - ele diz, e sorri - É pra mim.
Então antes que eu possa responder, ele passa um dos braços pelo meu ombro, e puxa o próprio celular do bolso e o flash alcança minha vista. Tenho certeza que saí com cara de assustada.
Quando saí do camarim, e encontrei Júlia do lado de fora, eu ainda sentia meus ombros formigando pelo toque dele.
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Mais que Amigos
FanficTodos dizem que é preciso perder pra dar valor. Será mesmo? Não é melhor valorizar enquanto tem? Às vezes você perde o que queria, mas conquista o que nunca imaginou.