Uma nova vida

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Eu estava com quatro meses agora. A minha consulta pra fazer outra ultrassonografia estava marcada. Luan estava comigo o tempo todo. Mesmo quando tinha shows me ligava, ou mandava mensagens nos intervalos pra falar comigo.

Agora ele estava me esperando pra irmos pra consulta, e ver se conseguíamos ver o sexo do bebê.

_Meu filho já está começando a aparecer.

_Ou filha – eu disse.

Ele riu, e eu entrei no carro com ele. Fui cantando pelo caminho dando uma de Júlia, e ele continuava a sorrir. Desde o dia em que voltamos, tudo tem estado certo. Apenas a presença de Israel diminuiu, mas não desapareceu. Ele ainda era um amigo.

Chegamos ao consultório, e outra vez me deitei esperando o borrãozinho aparecer na tela. Mas dessa vez, o borrãozinho seria maior.

_Tá vendo isso aqui, papai? – o médico falou pra Luan – É um menino.

_Eu sabia – ele falou, e o sorriso dele ganhou o rosto todo.

_Ah não – eu falei – Eu quero menina. Troca.

O doutor me olhou confuso, mas comecei a rir, e Luan apertou meu nariz entre os dedos. O doutor acabou rindo também.

_Já sabem o nome que vão colocar? – o médico perguntou.

_Eu pensei em Breno – Luan disse, e me olhou.

_Poxa – brinquei – Eu queria Josimar.

_Tá de brincadeira, né?

Eu comecei a gargalhar. De repente, vi a seriedade daquilo. Eu ia ter um filho. Um menino meu e de Luan. Foi quando as lágrimas decidiram sair e acompanhar o meu sorriso.

_Acho que é hora da gente sair de casa, nega – Luan diz, e eu o olho.

Estamos no meu quarto. A Tv está ligada, e nossos pés roçam um no outro enquanto estou deitada no peito descoberto dele.

_Isso é um pedido de casamento?

_Eu já te pedi em casamento muitas vezes. Agora eu estou quase te intimando mesmo.

Eu ri.

_Não quero me casar correndo, e nem me casar com uma barriga enorme de grávida.

_Podemos pelo menos morar juntos. Depois que o bebê nascer a gente casa com tudo que tem direito.

Eu faço carinho em sua tatuagem com a ponta dos dedos.

_Tudo bem. Temos que falar com os nossos pais.

_Isso sim vai ser divertido.

Eu estava esperando outra reação. Estava esperando um sorriso de alívio como se dissesse "finalmente me livrei de você", ou uma cara emburrada do tipo "sério que estão pensando nisso?"

Mas o que veio foram lágrimas. Muitas delas. Minha mãe estava se desfazendo.

_Minha filha vai sair de casa. – ela ficava repetindo.

_Mãe, eu vou ser praticamente a sua vizinha. Não exagera.

_Minha meniiiiiiinaaa – ela chorava mais.

Luan não sabia nem o que fazer ao meu lado. Meu pai chegou ao lado dela e acariciou seus ombros.

_Beatriz – ele disse – Está assustando eles.

Ela me soltou, e começou a fungar, tentando limpar as lágrimas.

_Vamos esperar mais um tempo, mãe. Só queríamos que soubesse dos nossos planos.

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