Como assim, terminamos?

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Luan estava cada vez mais chateado. E eu não me orgulhava tanto de dizer que eu estava ajudando bastante nisso. De alguma forma queria leva-lo ao limite. Não conseguia parar de pensar que ele tinha um ciúme exagerado.

O doutor Vitor era com certeza o DOUTOR. Mas isso não me importava muito. Ele era bonito, mas eu já estava apaixonada pelo idiota do Luan. O que não fazia certas coisas me deixarem encabulada. Toda vez que meu pé ou minha perna doíam muito eu tinha que me apoiar nele, e às vezes essa proximidade era constrangedora.

Luan foi fazer um show justamente no dia em que eu tinha uma sessão. Nenhum de nós cancelou os compromissos. Ele me ligou imediatamente quando o show acabou. O doutro Vitor já tinha ido embora, mas eu estava com vontade de perturba-lo.

_Amor – Ele disse – Esta tudo bem? A sessão já acabou?

_Na verdade, estendemos um pouquinho.

_O que? Por quê?

_AH, pra eu melhorar logo. Ain – eu soltei um gemido, e contive a risada – Assim dói.

Ouço Luan bufar e bufar outra vez e fico com medo de ter passado do limite, mas se tem alguém mais teimoso do que ele, esse alguém sou eu.

_Eu estou indo ai.

_AH, Ta bom.

Eu desligo o telefone, e continuo assistindo a Tv, vendo a repercussão do show dele. E muita audácia pedir pra eu aceitar aquele ciúme todo.

Ele chegou à minha casa muito rápido. Eu consegui ir abrir a porta.

_Oi – eu disse e entrei.

Ele saiu entrando em casa, como se estivesse procurando por ele.

_Ele já foi?

_Lógico, depois que você disse que ia vir.

_Será que da pra você parar com isso?

_Parar com o que?

_De ficar me provocando. Fica dizendo que eu sou ciumento, mas você é quem fica me colocando coisas na cabeça.

Arqueei as sobrancelhas.

_Figurativamente. Bem eu espero que seja só figurativamente.

_Ai, Luan, e por acaso antes eu te dava algum motivo?

_Não – ele vociferou.

_E você já tinha ciúmes. Você não confia em mim.

_Sabe que isso não e verdade.

_Claro que é. Você me colocaria numa bolha se pudesse.

_Se eu não me engano, você não reclamou disso quando eu bati no Lucas por você.

_Grande coisa. Agora eu to com essa perna ruim, e a culpa é sua. – eu grito.

Ele para e me encara, abre a boca pra dizer alguma coisa, mas desiste.

_Ta. – ele diz, e sua voz esta fria como gelo.

Me arrependo totalmente de dizer o que eu disse, mas não acho que estou errada em pedir que ele confie em mim.

_Luan...

_Não. Eu vou sair de perto de você antes que quebre mais alguma coisa. – ele diz saindo da minha casa.

Eu não o sigo.



Minhas sessões continuam. No meio da semana, o doutor Vitor chegou a minha casa.

_E como esta? – ele diz, e entra.

Ele sorri pra mim, e não há como não sorrir de volta. Ele é tão bonito e simpático.

_Estou bem.

Eu me sento no sofá, e ele se agacha na minha frente, e faz os movimentos na minha perna. Parece que ele a relaxa antes de eu começar a me mover. Nós nos levantamos e começamos os movimentos e dessa vez forçamos um pouco mais. Numa dessas eu quase caio, e ele me segura. Suas mãos me seguram pela cintura, e ele para muito perto de mim. Olho nos olhos dele, e sinto minhas bochechas arderem.

Varias coisas passam pela minha cabeça, como por exemplo o fato de não saber mais se estou com Luan. Não nos falamos desde aquele dia em que brigamos, e eu não sei como interpretar isso. Como estou de licença, não o tenho visto no trabalho. Isso me assustou. Me partiu o coração, mas acho que ele só esta com raiva, e vai voltar. E vai pedir desculpas. Se ele pedir, talvez eu também peça por ter acusado ele daquele jeito.

Mas ter o Vitor ali me deixou muito desconfortável. Talvez por ter ficado balançada. Eu me soltei dele, rapidamente, e minha campainha tocou. Andei devagar até a porta, e pensei que encontraria Luan, e não sabia se esperava uma briga ou uma reconciliação, mas não era ele. Era Dudu.

_Manu?

_Ah, oi.

_Posso falar com você.

_ Claro, estou terminando minha sessão...

_Já terminamos. – Vitor diz, se aproximando da porta, com o material dele – Te vejo na próxima.

_Tudo bem. – eu digo, e vejo quando ele respira fundo e se afasta.

Dudu observa, mas espero que ele não tenha pensado nada de errado.

_Pode entrar. – eu digo e ele entra.

_Eu vou ser bem direto com você. – ele diz quando se senta no meu sofá – Não estou aqui porque Luan pediu, estou aqui por que eu não aguento ver meu amigo do jeito que ele ta.

_O que quer dizer?

_Ele disse que vocês terminaram.

_O que?

_Ué?

_Eu... Eu achei que tinha sido só uma discussão. Porque ele não veio resolver comigo?

_Ele disse que você achava que a culpa do acidente era dele.

Eu baixei a cabeça.

_Eu disse isso,mas não deveria. Eu só estava chateada.

_Ele gosta muito de você.

_Eu sei – eu suspirei – Eu também. Mas ele é muito ciumento.

_Não pode culpa-lo por isso. Com todo o respeito, mas você é linda.

_Obrigada. Mas porque ele pode morrer de ciúmes de mim, se eu não posso fazer nada a respeito das assanhadas que dão em cima dele?

_Manu, eu não estou dizendo que você é obrigada a isso, mas não é preciso de muito pra perceber o que sentem um pelo outro. Sendo assim, acho que superar certas coisas é menos doloroso do que ficar separados.

Eu cruzo os braços, me sentindo uma garota birrenta.

Era disso que eu tinha medo. Ter que superar as coisas era algo que eu não queria ter que fazer. Eu queria tranquilidade.

_Eu não sei Dudu. De verdade, não acho que esse ciúme dele seja saudável, mas obrigado por ter vindo conversar comigo.

_E obrigado por ouvir. Agora tenho que ir.

_Tudo bem.

Eu o levo a porta no meu passo curto e lento, e nos despedimos.

Eu tinha que decidir. Eu voltava com Luan, ou deixava que esse termino continuasse, mesmo que meu coração estivesse todo machucado.

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