O chá de bebê

211 8 0
                                    


Eu estava em casa, sofrendo.

Não, eu não estava sentindo tanta dor, só a agonia normal de ter a sua barriga pesando mais do que o resto do seu corpo. Não conseguia me olhar no espelho sem me achar esquisita. A única coisa que me deixava feliz era pensar na criaturinha na minha barriga, mas esse pensamento me deixava tão assustada quanto feliz.

Nossa nova casa tinha uma sacada pequena, mas muito linda. Eu estava sentada lá, olhando para o nada, pensando na loucura que virou a minha vida.

_Ei – Luan apareceu, encostando-se às portas de correr – O que está pensando, hein?

Suspirei.

_Estou pensando em como vou fazer pra não matar o meu bebê.

_Que isso, mulher?

Eu ri.

_Estou com medo de fazer besteira. – ele se sentou ao meu lado – Estou com medo de não saber fazer isso. Por favor, Luan, desde que nos conhecemos eu já torci o pé, fui atropelada, apanhei, caí da escada... Eu não sei cuidar nem de mim.

Ele riu, e beijou a minha mão.

_Isso é coisa de mãe de primeira viagem.

_Ah, claro – eu revirei os olhos – Porque você já foi pai cinco vezes.

Ele riu mais ainda.

_Estou dizendo que é normal ficar com medo. Eu também tenho, mas também tenho certeza que vai dar tudo certo. Vou tirar um mês de férias pra ficar com nosso Breno, e vamos fazer isso juntos.

Eu o beijei.

_Obrigada. Por estar comigo.

Ele me beijou de volta.

Ju sentou no meu sofá, alegre como sempre. Eu estava com os pés pra cima, tentando avidamente fazer com que não ficassem tão inchados, mas não estava dando certo.

_Manu, você ainda não decidiu como vai ser o chá de bebê.

_Não vai ter chá de bebê.

_O que? Por que?

_Por que não – olhei pra ela – Eu não preciso que mais ninguém gaste dinheiro com isso, e não vou deixar você fazer nenhum plano maquiavélico comigo, senhorita.

Ela cruzou os braços.

_Mas nem era tão maquiavélico assim.

Eu ri.

_Já disse que não.

_Vou falar com o Luan.

_Boa sorte.

_Humpf.

Ela ficou fazendo barulhos irritantes, mas tentei ignorá-la. Estava com as mãos sobre o rosto, quando ouvi o som da porta de abrindo.

_Cadê a minha grávida linda?

_Não sei – respondi – Aqui só tem uma grávida feia.

Luan ri e se aproxima de mim. Ele me dá um beijo carinhoso.

_Ok. Vou embora. – Júlia diz – Boa noite pra vocês.

Ela sai.

_Vamos lá pra cima. – Luan falou – Pra e te amar um pouco.

_Ai não – eu falei – Não quero, luan. Eu tô horrível.

_Meu Deus, de onde tirou isso?

_Do espelho.

Mais que AmigosOnde histórias criam vida. Descubra agora