Que burrice você fez...

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Passaram-se dois meses da nossa viagem à Bahia. Soube que Lucas se mudou com a família dele para Curitiba. Nunca fiquei tão aliviada. Jamais pensei que ele pudesse de fato fazer algo ruim comigo, ou com qualquer pessoas, e lá estava eu, errada novamente.

Eu estava na casa de Júlia. Luan faria um show hoje, mas eu não fui. Queria passar um tempo na preguiça com Ju. Estávamos assistindo o show pela TV.

_Pipoca, pipoca, pipoca. – Ju diz, e levanta indo até a cozinha.

EU rio pra ela. Olho pra minha mão, e vejo o anel que Luan me deu de noivado. Estávamos no fim do ano. Era impossível que tivesse passado tão rápido. Ainda conseguia me lembrar de como eu fugia, e agora nós estamos aqui, juntos. Eu babando por ele na TV, e ele dedicando músicas pra mim.

Olhei pra cozinha com o cenho franzido. O cheiro de óleo que vinha de lá estava forte, mas tinha algo errado. Estava enjoativo.

_Que cheiro é esse? – perguntei.

_Resolvi colocar bacon na pipoca – ela gritou de volta.

Foi como uma válvula para o meu cérebro.

Corri para o banheiro, e pus tudo pra fora. Não esperava por aquilo, mas foi terrível. Quando terminei de colocar todos os meus órgãos descarga abaixo, levanto a cabeça e vejo Júlia parada na porta do banheiro.

_O que foi isso? – ela pergunta.

_Sei lá. Acho que comi algo estragado.

_Tá bom, gracinha. – ela diz, e vem me ajudar, me levando pra sala logo depois – Você e o Luan tem transado sem camisinha?

Aquela pergunta perfurou meus ouvidos.

_Eu tomo remédio, Ju.

_Toma certinho, todo dia? – ela pergunta.

_Ah, quase. Esqueço só de vez em quando. – eu dou de ombros.

_Isso é o suficiente, Manu. – ela diz.

_Mas não dá, Ju. Pelo amor de Deus. – sinto uma ponta de desespero na minha voz, e nenhuma de nós duas fala o que está pensando, porque parece que dizer em voz alta é atrair.

_Vamos na farmácia agora. – ela diz, e eu estou atônita demais.

Só a sigo.



Quando chegamos da farmácia olhamos os quinze testes de gravidez que compramos. Compramos literalmente quinze. Haviam alguns diferente, então compramos vários de vários. A pior parte foi ter que beber água pra fazer xixi o suficiente pra testar naquilo tudo.

Dos quinze testes, um deu negativo.

_Aqui – gritei – Viu? Negativo.

_Ah é – Ju revira os olhos – E esses catorze aqui, hein?

Fecho a cara. Tudo podia acontecer. Menos isso. Tantas coisas passam pela minha cabeça. Que tipo de mãe eu vou ser? Será que vou conseguir dar conta de criar um bebê? Será que vai parecer mais comigo ou com Luan?

E o que fica matutando na minha cabeça é: Luan vai me matar.

_Precisa contar pra ele – Ju diz.

_Não – eu suplico – Ainda não, por favor. É fim de ano, ele está louco com a agenda. Vamos esperar mais um pouco.

_Mas Manu.

_Por favor...

Ela me olha, ainda em desagrado, mas aceita. E eu preciso arrumar um jeito de dizer isso as pessoas sem fazer tanto estrago.

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