O casamento de Júlia

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Não vimos o filme até o fim. Breno estava muito irritado. Assim que colocamos os pés fora da sala, Luan solta.

_O que ele tem?

_Não sei. Acho que ele estranhou o lugar.

_Já faz tempo que não conseguimos fazer nada pra terminar.

Ele diz e sai na frente, pra pagar o estacionamento, e Dudu vai com ele. Eu e Júlia vamos direto para o carro. Ela não diz nada, e eu agradeço. Não quero falar nada. Primeiro a história de não querer o casamento. E agora isso.

Será que está arrependido disso? Sei que pode parecer bobeira minha, depois de tudo que passamos, mas ás vezes é difícil ouvir certas coisas.

Passo toda a viagem calada, e Luan me olha, vez ou outra.

_Tudo bem?

_Tudo.

_Está calada.

_Só cansada.

Breno parou de chorar, e finalmente dormiu. Quando chegamos em casa, eu dou um banho bem rápido nele, e ele mal acorda. Depois eu mesma tomo um banho, e vou dormir. Luan chega atrás de mim, e se deita, e seu braço passa pela minha cintura, e eu sei o que ele quer.

_Vamos namorar?

_E correr o risco de não terminar?

_O que?

Eu me sento. Minhas mãos caem sobre meu colo.

_Está arrependido Luan?

_De que?

_De estar comigo. Hoje você disse com tanta ênfase que não queria se casar.

_Eu expliquei...

_E depois que Breno não nos deixava terminar nada.

_Manu...

_Eu não quero brigar com você por besteiras outra vez – eu digo – Mas essas coisas me magoam, entende.

Ele suspira.

_Desculpa. Mas sobre o casamento, amor, eu quero que seja direito. Quero ir pra uma Luan de Mel maravilhosa com você. Quero me dedicar a isso, entende?

_Sim.

_Desculpe sobre o que eu disse. O choro dele me deixou meio irritado.

_A todos. – sorri.

Ele me beijou. E a noite começou ali.

Júlia decidiu fazer uma cerimônia de casamento pra ela. Ela queria uma coisa simples. Os dois não nos esperaram pra casar no civil.

Estávamos todos lá no cartório. Fiquei me perguntando se os outros casamentos teriam tantas testemunhas, mas dane-se. Breno estava de terninho, impecável, e Júlia estava com um vestido solto branco. Não era bufante. Acho que ela guardaria isso para o religioso. Dudu estava de terno.

Todos estávamos reunidos ao redor deles, quando o Juíz de paz pediu pra que eles assinassem os papéis. Ela hesitou. Depois seus olhos se encheram de lágrimas, e ela assinou todos eles.

Tiramos milhares de fotos. No caminho de volta, no carro, eu e Luan começamos a zoar com eles.

_Por um minuto eu achei que a Júlia ia sair correndo, e te deixar lá.

_Eu matava ela – Dudu disse – Depois de me fazer vestir essa roupa.

Rimos dos dois. Casados. Minha nossa.

Adivinhem só uma outra coisinha?!

Eles compraram a casa ao lado da nossa no condomínio. Mesmo sem muitas coisas, Júlia decidiu fazer a festa lá.

_Não acredito que vou ter que te aturar do lado da minha casa – digo.

_Como se eu já não vivesse enfiada na sua casa, e você na minha.

Eu ri.

Olhei para o lado. Israel estava lá. Eu mantive distância. Não queria arrumar confusão. E pela primeira vez, eu estava bem com Luan, e nenhum dos dois estava de alguma forma tentando mudar isso.

Quando nos sentamos a mesa pra comer, Júlia fez uma carranca.

_Sério que eu vou ter que comer mato no dia do meu casamento? – ela pergunta.

_Hoje eu te dou permissão de comer outra coisa. – Dudu diz – Mas só hoje hein.

Ela o agarra pelo pescoço, e dá um beijo em seu rosto.

_Se mantém distante desse Israel – Luan sussurra no meu ouvido.

_Pelo menos ele quer casar comigo.

_Se for por isso a gente vai no cartório agora. Você quer? – ele faz menção de se levantar – Gente...

Eu agarro seu braço, e o puxo de volta.

_Não... Por favor. Eu espero.

Ele ri. Ai que vergonha.

Júlia vem pra perto de mim alguns minutos depois.

_Ai – ela puxa a alça do vestido – Não vejo a hora desse povo ir embora.

_Ué, porque?

_Quero curtir logo minha lua de mel.

Cuspo o salgadinho que estou comendo, e quase largo o pratinho.

_Mas que sem vergonha.

_Ué, eu sou uma mulher casada.

_Claro. Porque antes você nem era safada.

Acompanho o olhar de Júlia, e ela está olhando Dudu. Ele não para de piscar pra ela.

_Ai que nojo de vocês.

_Invejosa.

_Invejosa, eu? Claro que não. Quer saber, acho que quero dormir aqui hoje.

_Ah, mas não vai mesmo. Essa casa vai ser pequena pra mim e seu Eduardo.

_Ai que horror. Vou embora. LUAN.

Ele chega ao meu lado com Breno no colo.

_Fala.

_Vamos embora, que o casal quer consumar o casamento.

_Eca.

_Eca mesmo.

_Vamos.

Eu pego Breno, e ele vai se despedir de Dudu, e eu também me despeço dos dois. Talvez com a melhor amiga da noiva indo embora, o resto se manque, e vá também.

Quando entramos no carro, Luan me beija, inesperadamente.

_A gente bem que podia consumar umas coisinhas em casa também né?

Eu sorrio.

_Acho que vou voltar com minha promessa de castidade.

_Claro. Castidade pra caramba, tem até filho.

Bato em seu braço.

Estamos bem. E eu quero mesmo consumar umas coisas, como ele diz.

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