O trato

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Me sentei com Luan antes de qualquer um de nós dois começar a fazer qualquer coisa durante o dia. Não tínhamos como adiar aquela conversa. E pela primeira vez, não era pra culpar um de nós dois de algo, e sim pra culpar os dois por sermos péssimos pais.

_Luan, senta aqui comigo.

_Fala.

_Sabe que isso não pode se repetir né?

_O que?

_Como o que? Já esqueceu? Esquecemos nosso filho... Por causa de bebida.

_Eu sei.

_Isso não pode acontecer de novo.

_Vamos nos controlar.

_Não, amo. Isso é sério. A gente tem que procurar, sei lá, o alcoólicos anônimos...

_Deixa de ser exagerada.

_Eu só não quero nunca mais passar por isso.

_Tá bem.

Ele estende a mão.

_Isso é uma promessa, um trato, um juramento, seja lá o que for. Nunca mais vamos fazer essa besteira de novo.

_Fechado.

Luan saiu para trabalhar, e no meio da tarde me mandou uma mensagem.

Luan: Amor, a Júlia e o Dudu vão jantar coma gente hoje. Só pra avisar. Beijos. Eu te amo. Te amo demais. Você sabe né? Claro que sabe. Te amo.

Tá. Era impressão minha, ou tinha muito "eu te amo" numa mensagem só? Seu Luan estava aprontando alguma.

Eu preparei o jantar, e liguei pra alguns lugares pedindo pra que viesse uma senhora pra me ajudar com a casa. Deixei Breno num colchãozinho, deitado e cheio de brinquedos ao redor, pra que ficasse à minha vista, e ele estava se comportando muito bem.

Depois fui tomar um banho com meu amorzinho, e nos arrumamos. Eu preferi dar mamadeira pra ele, porque não sabia como estava meu corpo depois da quantidade de álcool do dia anterior.

Ele aceitou sem reclamar.

Descemos e vamos pra sala, assistir desenhos até todo mundo chegar. Quando a porta se abre, Luan vem apressadamente me dar um beijo, e em Breno.

_Oi amor – ele diz, e se senta ao meu lado.

_Vai tomar um banho – eu digo.

_Ok. Já volto.

Ele desce depois de alguns minutos, e eu já coloquei a mesa, quando a campainha toca. Ele corre e abre a porta, e nós nos sentamos, depois que Júlia me abraça.

Luan coloca a mão por trás da minha cadeira, e fica fazendo carinho no meu ombro enquanto a gente conversa. E eu percebo que Dudu faz algo semelhante.

_Tá, chega. Isso é muito carinho pra cima de mim. O que aconteceu?

_Como assim?

_Para com essa cara de tacho e diz logo o que foi.

Ele respira profundamente.

_Tenho uma viagem pra fazer e vai durar um mês.

Eu paraliso. Porque tanto tempo?

_Hahahaha – Júlia ri – Vai ficar um mês sem o marido.

_Tá rindo de que, palhaça? – Luan vira pra ela – Dudu também vai.

_Aaahhhhh, mas não vai - ela diz.

_Tenho que ir amor.

_Por que tem que ir?

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