Brigas

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Dormir sozinha não era tão bom, eu percebi. Mesmo se fosse pra acordar toda babada, durante a noite, o sono era bem tranquilo quando eu estava com Luan. Mas eu mesma quis voltar pro meu quarto, e não vou voltar atrás agora. Se não tivesse saído, estaríamos lá, nós dois, embolados naqueles lençóis... E de manhã ele cansaria de mim, e arrumaria uma de suas milhares de fãs pra me substituir. Não é difícil ver onde isso vai parar.

Durante a semana toda, Luan não se engraça mais pra mim. O feriado que começou cheio de provocações se torna silencioso. Ele ainda me dá tudo que preciso, se acha que preciso, mas seu rosto está sério, e sua língua bem menos afiada. E agora eu estou chateada.

Decidimos que iríamos embora no domingo à tarde, e no sábado as coisas começam a acontecer.

Estávamos na piscina e Dudu e Júlia estavam juntos, ela se agarrava às costas dele, e os dois brincavam na água, enquanto eu e Luan estávamos sentado na beira, meio distantes um do outro, e ele mantinha o silêncio. Decidi mergulhar um pouco. Nadei de um lado pro outro esperando uma gracinha dele, mas não houve nada. Só percebi quando ele levantou e entrou na casa, e meu coração apertou. O que era aquilo? Ele não queria mais falar comigo?

Mas à noite foi que a verdadeira festa começou. Luan abriu uma garrafa de vinho e começou a beber.

_Que isso? Pinguço agora? - digo, pedindo à tudo que é mais sagrado pra que ele me responda.

_E isso te interessa? - ele pergunta.

Tá, não era isso que eu estava esperando.

_Interessa. Vamos embora amanhã, e não é bom que acorde de ressaca.

_Se eu continuar bebendo não fico de ressaca. - ele ri.

_Ah é, e aí todo mundo morre. - eu falo alto - Se quer se matar, se mata sozinho.

_É só você voltar a pé querida.

_Depois de você ter me arrastado pra cá? Você tinha era que me levar no colo.

_Engraçado você dizer isso, porque reclamou todos os dias que te levei no colo quando machucou esse pé.

_Ah, cala essa boca.

_Acabaram os argumentos?

Mostro o dedo do meio pra ele e saio de perto.

É inacreditável que ele esteja agindo assim. Subo pro meu quarto e bato a porta. Tenho que fazer as malas. Quero sair daqui o quanto antes.

No dia seguinte, logo cedo, colocamos a maioria das coisas na mala. E Luan começou a beber bem cedo.

_Voê só pode estar de brincadeira. - digo.

Júlia e Dudu saem de perto, e eu fico sozinha com ele.

Ele está me olhando quase com raiva, mas também há desejo.

_Porque isso agora hein?

_Você pergunta como se não soubesse - ele diz.

_E não sei. Qual é o seu problema?

_Você. Você é meu maldito problema. Acha que sair do quarto e ficar me provocando depois é certo?

_O que?

_Deixa de ser sonsa. - ele dispara - E estou cansado de jogos.

_Você não vai dirigir nesse estado.

_Quero ver quem vai me impedir.

_Se não for eu, vai ser a polícia, deixa de ser burro. E para de falar besteira.

Ele bufa e some dentro da casa.

Depois de beber tanto, ele dorme, e todo mundo ajuda a colocá-lo dentro do carro. Eu que preciso dirigir, porque Dudu está com o próprio carro, e Júlia vai com ele. Isso só pode ser brincadeira.

Estamos na metade do caminho quando Luan acorda, e meu celular apita.

_Pode ver quem é, pra mim?

Ele não responde, só pega o celular, e abre a mensagem.

_Seu ex - ele diz asperamente.

_O que? O que ele quer?

_Encontrar com você.

_Aff.

_Muito interessante.

_O que é interessante?

_Saber porque você resiste tanto.

_Chega! Não vou ficar brigando com você por causa do babaca do meu ex.


Tínhamos voltado aos nosso afazeres. Eu tinha voltado ao trabalho e Luan não estava muito afim de me procurar até quarta. Muito legal. Sabe poque é muito legal?

Porque Lucas decidiu dar sinal de vida justo naquele dia.

Então quando Luan está chegando na sala, junto com ele chega Dagmar, com um buquê de rosas vermelhas.

_Aqui, querida - ela diz - Seu namorado mandou pra você.

Pego o buque, e olho o cartão, e Luan fecha a cara.

_Hum- digo - Ele não é meu namorado.

Digo antes de jogar o buque na lata de lixo e o cartão amassado.

Luan chega perto de mim.

_Quer jantar hoje à noite?

Penso e olho pra ele. Dizer que não tenho sentido falta desse estrupício seria mentira.

_Quero sim.

_Tá. Te pego depois, então.

_Tudo bem.

Hora de começar a ficar nervosa


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