Técnica relaxante

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  Quando voltamos ao trabalho na segunda, o edifício está cheio de gente. Parece que Luan ainda não escolheu o novo ou a nova assessora, já que eu não estava com ele. 

Então, iríamos fazer aquilo juntos.

Primeiro encontrei Charlote, e voltei ao meu trabalho já que tinha ficado tanto tempo de licença. Fiz tudo que ela pediu, e mais também. Eu tinha que mostrar serviço. 

Quando as entrevistas começaram, eu estava na sala com Luan. Um por um os candidatos entraram, falando de suas referencias, mas houve uma que me agradou. 

_E essa Cris? – eu pergunto, quando estamos na sala dele. 

_Parece boa. – ele deu de ombros, examinando. 

Ela tinha cabelos loiros, cacheados, olhos verdes, e era alta. Parecia séria, o que era bom, mas eu não sei. Senti boas vibrações vindas dela. Mas eu não queria dizer isso a Luan. Ele não ia contratar alguém porque eu achei que ela tinha uma "vibe legal". 

Mas fiquei o tempo todo voltando a ela, pra ver se ele entendia que eu gostaria que ela fosse contratada. Acho que ele percebeu, porque foi justamente ela que ele escolheu. 

Saímos da sala, e ele mesmo deu a noticia. Ela parecia animada, mas tentou parecer calma. Eu sorri. Esperava verdadeiramente ser amiga dela.



Nossa formatura está chegando. Junto com ela, a nossa monografia. Como se já não bastasse ter que estudar loucamente pra isso, ainda temos que nos preocupar com a festa, e tudo o mais. Tanto eu quanto Julia estamos enlouquecendo.

E pra melhorar ainda mais a situação, Luan e Dudu parecem acabar com as nossas vidas. Às vezes eles não fazem nada, e admito, mas estamos meio sem paciência. 

Julia está na minha casa, e nos estamos em frente ao computador tentando escrever tudo que precisamos, e colocar as imagens certas, e explicar tudo com os mínimos detalhes, mas o mundo é muito cruel.

_Ta errado – ela diz. 

_Quer fazer? – eu rebato. 

_Vou fazer melhor que essa porcaria.

_Então toma essa merda. 

_Senta ai, porra. – ela grita, e nós voltamos a fazer o trabalho, emburradas. 

Nisso que da ser amigas demais. 




Luan

Já faz semanas que essa minha nega quase me esfola vivo, e eu nem sei porque. Outro dia ela brigou comigo, porque eu fazia muito barulho enquanto bebia água. Ai depois pediu desculpas do nada, e sumiu no meu banheiro. 

_Dudu? – eu liguei pro meu amigo, ele atendeu quase de imediato.

_Ah – ele suspira – Pensei que fosse a Ju.

_Pau mandando. 

_Olha quem fala. 

_Deixa eu te falar. A Manu ta muito esquisita. 

_Como assim? 

_Estressada com tudo. 

_A Ju também. 

_Isso é TPM? 

_Não, essa maldita veio na semana passada. 

_Então o que pode ser? 

_Sei lá. Porque não marcamos um jantar, nós quatro? Mulher gosta dessas coisas. 

_Hum. Pode ser. 

Desligamos logo depois, e eu fui convidar a minha nega homicida pra jantar.


Manuela

Fui me arrumar com Julia pra ir nesse jantar em cima da hora que os meninos combinaram. Bom que já tínhamos adiantado bastante coisa, mas eu ainda estava nervosa. Quando os meninos chegaram lá em casa, com seus respectivos carros, nós entramos, e fomos ao restaurante. 

Chegamos, e os dois puxaram a cadeira pra pudéssemos nos sentar.

_Quer que eu peça pra você? – Dudu perguntou. 

_Acha que eu não sou capaz de fazer um pedido? 

_Só estou tentando ser romântico. 

_Hum. 

Ficamos olhando o Menu, enquanto Dudu e Luan trocavam olhares. 

_Pode pedir o que quiser – Luan me diz. 

_Não sou uma aproveitadora Luan, não vou sair pedindo tudo do mais caro só porque você é rico. 

Ele me encara, mas não diz nada. 

Fazemos nossos pedidos, e eles chegam um tempo depois. 

Então Luan começa com aquele barulho irritante enquanto bebe o vinho. 

_Já disse que devia parar com isso. 

_Ta, já chega. – ele diz,e joga o guardanapo na mesa – O que há com vocês duas? Porque todo esse mau humor? 

Eu e Julia nos entreolhamos. Eu podia apostar que minha cara era igual a dela naquele momento. Tadinhos desses meninos. Nem tinham nada a ver com as nossas neuras. 

_Nossa formatura ta chegando... – eu começo. 

_Estamos desesperadas – Ju termina. 

Agora é a vez deles se entreolharem e sorrirem. 

_Então o problema todo é esse? 

_E – nós duas dizemos ao mesmo tempo, e damos de ombros. 

_Então acho que e hora de ir pra casa. – Dudu diz, e Luan faz como ele, pedindo a conta, e nos tirando dali. 

Cada um vai pra sua casa, e quando chegamos até a casa de Luan já e tarde. As luzes estão apagadas, e ele me leva silenciosamente até o quarto dele. 

_O que estamos fazendo aqui? - pergunto, enquanto ele tranca a porta. 

_Vou aliviar seu estresse. – ele sorri. 

Vem andando até mim, e isso é bem provocante. 

_Eu acho bom mesmo. 

Enfio os dedos em seus cabelos, e só paro de beija-lo quando não me lembro mais de problema nenhum.


De manha, eu desço as escadas da casa de Luan, me odiando, porque perdi a hora, e desesperada por não encontra-lo no quarto. Provavelmente estão todos na sala. E vão ver minha cara lavada. Mas eu preciso ir embora. 

Enquanto desço, ouço as vozes e minha coragem recua, mas eu não. Tarde demais. Luan me viu, e eu continuo seguindo em frente.

_Melhor? – ele pergunta quando coloca a cara na sala. 

Morro de vergonha e olho feio pra ele. 

_Ah, agora eu entendi que barulho todo era aquele ontem à noite. – Dona Marizete diz, sorrindo, e tudo que eu quero é morrer, e abrir um buraco no chão pra me enterrar. 

_Desculpe – eu sussurro, e as risadas aumentam. 

Eu vou matar esse meu namorado.

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