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A sala da detenção estava absurdamente abafada. O verão com certeza chegaria mais cedo esse ano.

Além de mim, Rebeca e a inspetora havia mais três pessoas na sala. Três calouros que tinham feito bagunça no laboratório de ciências. Típico.

Eu estava comendo. A inspetora tinha permitido que nós pegássemos algo para comer.

O ventilador no teto, Rebeca ao meu lado e o relógio na parede só faziam aumentar minha tensão. É sério, eu precisava ir à praia, ou sair, para qualquer lugar.

Olhei para o lado e Rebeca ainda estava lendo seu mangá. Resolvi deixar minha comida de lado e perturbá-la um pouco, como Summer faria com garotas como ela.

— Então, por que a Sra. Miller te mandou pra cá?

Ela continuou me ignorando. Sério, essa menina insuportável conseguia mesmo me tirar do sério.

— Sabe — eu continuei —, eu vou te encher até você me responder!

Ela suspirou. Parecia incomodada. Fiquei feliz com isso.

— Não está vendo a placa de “silêncio na detenção”? — ela apontou para a mesa da inspetora, que estava a ponto de dormir.

— Qual é — eu revirei os olhos. — Ela está quase dormindo.

— Sabe, você não é o único que não se interessa por desenvolvimento sustentável — ela falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Além do mais, preciso terminar Vampire Knight, Sra. Miller me pegou lendo no meio da aula — ela deu de ombros.

Eu ri, um pouco mais alto do que deveria, quase acordando a mulher que roncava.

— Mas o seu caso foi bem pior! — Ela estreitou os olhos, fingindo reprovação. — Dormir na aula? Que feio Bennett!

Eu ri. Não tinha como me defender mesmo.

— Então, por que você sempre é tão fechada desse jeito? — perguntei, antes que o silêncio tomasse conta do local.

— Alguém já disse que você é chato? — ela finalmente deixou seu livrinho de lado.

— Que eu me lembre... Não — pisquei.

— Então eu vou ser a primeira. Você é muito chato! E insistente.

Nesse instante a inspetora acordou e eu tratei de me ajeitar na cadeira. Dei a conversa por encerrada, pelo menos nesse momento.

Ficamos até às três ali, e finalmente estávamos liberados.

Rebeca levantou-se e eu fui atrás dela.

— Então, por que você me acha chato? — Perguntei, enquanto saíamos da sala.

Ela bufou, virando-se para mim e parecendo com raiva.

— Que droga! — Ela agitou as mãos. — Por que, de uma hora para outra, você resolveu pegar no meu pé?

Bom, nem eu mesmo sabia o porquê. Talvez porque ela era a única pessoa que não estava nem aí para mim, não queria me agradar e, bom, o modo como ela me evitava só me dava mais forças para querer falar com ela. Sei lá... Eu queria provar para mim mesmo que ninguém resistia a mim.

— Você não me respondeu. — coloquei um sorriso maroto nos lábios.

— Fala sério Bennett! — O modo como ela disse meu nome me incomodou, como no dia anterior na aula de educação física. — Você é absolutamente clichê!

— Hã? Do que você está falando?

— Bonitão, astro do time de futebol, superficial... Tudo tão batido! — ela revirou os olhos.

Como Ser Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora